Os nomes a ter debaixo de olho
Não podemos deixar de começar a apresentação daqueles que consideramos serem os crossers que irão assumir o protagonismo durante a temporada 2023/2024 sem referir o nome dos três que impulsionaram a modalidade nos últimos anos, que lhe deram palco e mediatismo no panorama velocipédico internacional e que todos os invernos fazem questão de incluir o ciclocrosse (a modalidade da sua génese) no seu quotidiano desportivo. Falamos, claro está, dos Big 3: Mathieu Van der Poel (Alpecin-Deceuninck), Wout Van Aert (Jumbo-Visma) e Tom Pidcock (INEOS Grenadiers). Devido às características multifacetadas destes três astros do ciclismo, que os leva a estar envolvidos em várias vertentes do desporto durante uma temporada, desde o BTT ao ciclocrosse, passando pela estrada, não os iremos ver a competir desde outubro até fevereiro. Não são ciclocrossistas a tempo inteiro, por isso partem para a temporada de ciclocrosse na procura de alcançar o número de pontos suficiente, quer no ranking UCI de ciclocrosse, quer na geral da Taça do Mundo, que lhes garanta a melhor posição possível na grelha de partida dos Campeonatos do Mundo, o seu grande objetivo. Normalmente, é no final do mês de novembro que surgem as primeiras aparições dos Big 3 no circuito internacional, e é com estrondo que “anunciam” a sua chegada. Entre eles, dividem quase todas as conquistas das provas em que participam, condimentadas com duelos titânicos pela glória e pelo orgulho.
Mas o ciclocrosse é mais do que os Big 3. Não podemos deixar de mencionar os nomes daqueles que praticam a modalidade a tempo inteiro, e que discutem entre si as maiores competições de regularidade, como a Taça do Mundo ou o Superprestige. Um dos nomes em maior evidência na passada temporada foi o de Laurens Sweeck (Crelan – Corendon). O belga fechou o ano no topo do ranking UCI de ciclocrosse, fruto de uma regularidade assinalável que lhe valeu, pela primeira vez, a conquista da geral da Taça do Mundo, quase uma dezena de vitórias (oito) e mais de 20 pódios (23). Eli Iserbyt (Pauwels Sauzen – Bingoal) é outro dos nomes a ter atenção. Condicionado em parte da época por uma lesão contraída nos Campeonatos da Europa de Namur, o campeão europeu de 2020/2021 ainda foi capaz de se sagrar vencedor à geral do Troféu X2O, ser o segundo classificado à geral no Superprestigie e conquistar o terceiro lugar na Taça do Mundo e nos Campeonatos do Mundo, somente atrás do duo Van der Poel/Van Aert. No seio da Pauwels Sauzen – Bingoal podemos encontrar outro nome forte, Michael Vanthourenhout, que entra em 2023/2024 a envergar a camisola de campeão europeu, detém o título de campeão belga e colocou o seu nome no pódio das maiores competições de regularidade da campanha 2022/2023 (Taça do Mundo, 2º; Superprestige e Troféu X2O, 3º). Lars Van der Haar (Baloise Trek Lions), apesar do seu estilo discreto e pouco vitorioso (apenas quatro vitórias em 2022/2023), é um dos ciclocrossistas mais regulares do circuito internacional, como provam a conquista do Superprestige, a prata na geral do Troféu X2O e no Campeonato da Europa, o quarto lugar na Taça do Mundo e o título nacional neerlandês, que o colocam na segunda posição do ranking UCI. Nomes que podem estar em evidência esta temporada com o estatuto de revelações são os de Thibau Nys (Baloise Trek Lions), o vencedor da primeira corrida da época em solo belga, o Exact Cross Beringen e que convive a tempo inteiro, pelo primeiro ano, com o escalão Elite; Gerben Kuypers (Circus-Reuz-Technord) ou mesmo David Haverdings (Sub-23 de 2º ano, Baloise Trek Lions). Nos escalões de formação, destacamos os nomes de Léo Bisiaux (Sub-23 de 1º ano; AG2R Citroën Continental Team), Yordi Corsus (Sub-23 de 1º ano; Pauwels Sauzen – Bingoal), AJ August (Sub-23 de 1º ano; EUA), Senna Remijn (Júnior de 2º ano; Países Baixos), Keije Solen (Júnior de 2º ano; Países Baixos), Paul Seixas (Júnior de 2º ano; França) ou Floris Haverdings (Júnior de 2º ano; Países Baixos).
No lado feminino, o destaque vai, como não poderia deixar de ser, para a dupla que tantas batalhas travou na temporada transata: Fem Van Empel (Jumbo-Visma) e Puck Pieterse (Fenix-Deceuninck). À semelhança dos Big 3 masculino, Van Empel é uma ciclista all-rounder, que divide a sua época entre várias disciplinas, e por isso mesmo já anunciou que este ano o seu calendário de ciclocrosse será mais curto que o habitual. No entanto, esse não será motivo para tirar o pé do acelerador, e irá garantidamente lutar pelos lugares cimeiros em qualquer prova em que participe, e a vitória no Exact Cross Beringen na passada semana é exemplo disso mesmo. Van Empel conta por pódios todas as corridas terminadas na temporada passada: 24 corridas, 23 pódios (dos quais 16 no lugar mais alto), e uma queda impediu-a de terminar a corrida na Taça do Mundo de Val di Sole; foi Campeã do Mundo, da Europa, venceu a geral da Taça do Mundo (incluindo sete provas conquistadas) e do Troféu X2O, sendo, sem surpresa, a líder do ranking da UCI. Por seu lado, o registo da sua grande “rival”, Pieterse, não é muito diferente: em 19 provas durante a temporada, subiu ao pódio em todas elas, nove das quais no primeiro lugar; foi prata na prova dos Campeonatos do Mundo de Hoogerheide, venceu o Campeonato da Europa de Sub-23, foi campeã nacional neerlandesa Elite, 2ª classificada na geral da Taça do Mundo, e é a atual 2º classificada do ranking UCI. Foram as duas grandes dominadoras da temporada passada, e prometem incendiar também a época que agora começa.
A confirmação de uma Big 3 também o feminino na temporada 2023/2024 é quase uma certeza, com a evolução natural que se espera que Shirin Van Anrooij (Baloise Trek Lions) venha a ter. Ela que foi a única a dividir com Van Empel e Pieterse vitórias em provas da Taça do Mundo, everga a camisola de campeão do mundo Sub-23, e persegue a dupla no ranking UCI de ciclocrosse, na terceira posição. Outros nomes a ter em consideração no feminino são os de Ceylin Del Carmen Alvarado (Alpecin – Deceuninck), a vencedora da última edição do Superprestige; Denise Betsema (Pauwels Sauzen – Bingoal), que se espera que venha a recuperar de uma época mais apagada, mas que ainda assim registou aproximadamente metade das corridas que fez no pódio (incluindo dois triunfos); Blanka Vas (Team SD Worx), que abriu a temporada 2023/2024 da melhor forma, com um triunfo no GP Oisterwijk (C2), frente a nomes como Betsema; a velha raposa Lucinda Brand (Baloise Trek Lions); ou mesmo Zoe Backstedt (Canyon//SRAM Racing), que, apesar da tenra idade (Sub-23 de 2º ano), promete revelar todo o seu talento e intrometer-se na luta por vitórias.
Entre as mais jovens, há a destacar os nomes da talentosa Lauren Molengraaf (Sub-23 de 1º ano; Circus-Reuz-Technord), a “Canibal” do escalão júnior da época transata, ou as irmãs Holmgren, Isabella e Eva (Sub-23 de 1º ano; Canadá), que entre outros resultados de relevo, conquistaram o ouro e a prata, respetivamente, nos Campeonatos do Mundo no escalão júnior.
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