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PCM Entrevista: João Correia, agente de ciclismo

PCM Entrevista: João Correia, agente de ciclismo

O estado atual do ciclismo

“Allez Opi-Omi!”, o cartaz que provocou uma queda massiva no Tour de France 2021 e relançou o debate sobre segurança rodoviária no ciclismo
Foto: Road.cc

Quais são os maiores desafios que o ciclismo enfrenta hoje em dia?

A continuação da internacionalização do ciclismo é importante, porque o mercado principal do ciclismo sempre foi a Europa e hoje em dia, nós já precisamos de outros mercados para o ciclismo ter sucesso. E uma das coisas que continua a ser muito difícil para os poderes que estão a gerir o ciclismo é a segurança rodoviária. Vivemos num mundo cada vez com mais gente, com cada vez mais estradas difíceis para corridas de bicicleta. Acho que isso é uma coisa muito importante em termos da segurança das corridas, mas também da população em geral. Vivemos num mundo com cada vez mais carros e precisamos de métodos de transporte mais sensíveis para o ambiente. Mas em termos do desporto, eu acho que o ciclismo continua a ser um desporto meio amador e vamos ver se conseguimos crescer disso.

João Correia

Em que sentidos o ciclismo continua a ser “meio amador”?

Em sentido das pessoas verem corridas, em sentido de direitos de televisão, em sentido de como as coisas estão organizadas em termos do espetáculo que estamos a dar. Se tu comparares o ciclismo com o futebol ou outros grandes desportos, no caso de onde eu vivo o futebol americano ou o beisebol, é completamente diferente. Os contratos de televisão são completamente diferentes. O acesso do ciclismo a grandes populações fora da Volta à França, a nível mundial, não existe. O negócio do ciclismo é a Volta à França.

João Correia

Sobre as potenciais soluções, João Correia responde com humildade, remetendo essa reflexão para “pessoas mais espertas que eu”. E a reflexão tem reparado numa crescente concentração de talento em determinadas equipas, levantando a possibilidade de se colocarem tetos salariais aos gastos dessas equipas. João Correia discorda e explica porquê:

O ciclismo não tem os problemas que os outros desportos têm, com contratos de dezenas de milhões. O ciclista mais bem pago ganha 7 milhões. O ciclista normal, na média, deve ganhar 200/300 mil. Portanto, não temos esse problema no ciclismo, porque o ciclista ainda continua a ser mal pago. É difícil dizer que um ciclista que ganha 4/5 milhões é mal pago, mas comparado com outros desportistas e com os sacrifícios que eles fazem, a vida que eles levam – hoje em dia vivem em altitude quase a tempo inteiro, sozinhos – são completamente mal pagos. É muito diferente dos outros desportos.

João Correia
Tadej Pogačar é o ciclista mais bem pago do pelotão, com um salário anual de 7 milhões de euros
Foto: Kei Tsuji/Bettini Photo
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