Potenciais efeitos da levotiroxina na performance
No caso do ciclismo, um desporto de endurance, o metabolismo dos nutrientes e o aproveitamento da energia, processos que podem ser influenciados pelo uso da levotiroxina, são aspetos fundamentais para o desempenho desportivo. Neste campo, um dos principais benefícios para os ciclistas poderá ser o fomento de uma perda de peso mais rápida e “fácil”. Como vimos, as hormonas da tiróide controlam o metabolismo basal do organismo, ou seja, as calorias que são gastas pelo organismo para manter a sua atividade normal, naquela que é uma das principais, senão mesmo a principal fonte de gasto de energia do nosso organismo. Neste contexto, na presença de altos níveis de levotiroxina o metabolismo basal aumenta, aumentando a quantidade de calorias gastas naturalmente, promovendo a perda de peso. Mantendo a mesma massa muscular e a mesma potência, a perda de peso vai permitir aumentar o número de watts por quilograma que os ciclistas são capazes de debitar.
As hormonas tiroideias também são capazes de intervir a nível do metabolismo de carboidratos, nomeadamente da glucose, o “combustível” usado pelos ciclistas durante a sua atividade. Interessante, no contexto do desempenho desportivo, é o facto de alguma evidência suportar o papel da T4 e T3 no estímulo da produção de glucose a partir de outros compostos do nosso organismo, nomeadamente do famoso lactato, que é produzido em resposta a esforços intensos (se quiseres saber mais sobre este tema, lê o primeiro PCM Science aqui), num processo denominado gliconeogénese. Alguma evidência sugere que os ciclistas com melhor capacidade de recuperação entre esforços têm uma capacidade aumentada de reaproveitar esse lactato para produzir novas moléculas de glucose, que serão elas mesmas utilizadas na produção adicional de energia. Neste sentido, e teoricamente, o uso da levotiroxina poderá promover este reaproveitamento, com benefício direto na capacidade do atleta.
Por outro lado, também a nível muscular altos níveis de hormonas da tiróide parecem favorecer o desenvolvimento de fibras rápidas, assim como da reparação e regeneração de fibras musculares danificadas.
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