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PCM Entrevista: Freddy Cruz, o treinador de Isaac del Toro

O futuro

Já estiveste com o Isaac depois da vitória dele? Como é que as pessoas estão a viver o feito dele no México?

Ainda não. Falamos todos os dias, mas ele ainda está na Europa. Ele vai voltar para o México dia 20 de setembro, depois vai para a nossa cidade-natal, Ensenada, a 30 de setembro, e depois estou a planear trazê-lo para Monterrey para passar 1/2 meses a treinar comigo, como fizemos no ano passado.

O calendário para receber o ‘herói nacional’ está definido e não se esperam faltas de comparência por parte daqueles que o acompanham.

Muita gente está verdadeiramente feliz por ele, porque sabem todo o trabalho árduo e os sacrifícios que ele fez. Sempre foi o sonho dele. Nunca hesitou em querer ser ciclista profissional e agora, está a acontecer.

Agora e ao contrário da antevisão do Tour de l’Avenir, toda a gente está a falar do Isaac e do México no ciclismo. Que aspetos, positivos e negativos, advêm da atenção?

O aspeto negativo, se quiserem chamar assim, é que tem sido um pouco stressante. Tivemos de responder a muitas mensagens e chamadas telefónicas. Literalmente, pessoas com quem não falava há mais de 10 anos e que nada têm a ver com ciclismo ligaram-me para me dar os parabéns. Desde a Etapa 4 que estamos a receber chamadas e depois desse dia, tornou-se ainda mais louco. Por conseguinte, sentes a responsabilidade de responder a todas, porque as pessoas estão felizes por ti. E se eu respondi a 3/4 mil mensagens, imaginem como ele está agora, e ele está a tentar responder à maioria delas! Além disso, tem entrevistas todos os dias, com agentes e equipas.

Segundo a Gazzetta dello Sport, existem atualmente 11 equipas do World Tour interessadas no Isaac. Ele tem alguma preferência?

Sim, mas não posso dizer ainda (risos). Ele venceu o Avenir da forma como venceu, por isso despertou muito interesse. Ele já tem uma equipa, mas não quero assegurar nada.

Com o Isaac prestes a entrar no World Tour, vais continuar a ser o seu treinador?

Essa é uma das principais questões pela qual estamos a lutar [nas negociações], uma vez que o Isaac é muito próximo do seu círculo. Temos uma relação muito próxima, conheço-o há muitos anos e ele confia em mim, assim como eu confio nele. Assim, tem funcionado muito bem e não queremos mudar isso. Quero continuar a trabalhar com ele. Ambos estamos a aprender um com o outro, e é por isso que estamos a lutar.

Com todos os assuntos abordados e para terminar, queríamos pedir-te um perfil do Isaac del Toro. Que tipo de ciclista ele é? Quais são as suas forças e fraquezas? Como defines a sua mentalidade? E a sua personalidade?

Com certeza que ele pode ser um verdadeiro candidato às classificações gerais. A sua maior força é a subida, mas ele pode fazer contrarrelógios decentes. Ele não os treinou muito nas últimas temporadas, o foco não esteve lá, mas acredito que ele pode ser um contrarrelogista de elevada qualidade. Além disso, ele tem uma potência muito forte em 10/15 minutos, pelo que também pode ser bom nas clássicas das Ardenas. Em termos de mentalidade, é realmente interessante trabalhar com o Isaac, porque ele tem um índice especial de concentração. Podemos perceber pela forma como ele correu no Avenir; nem todos são capazes de fazê-lo. Fisicamente, ele tem talento, mas também tem tal determinação que não tem medo de atacar de longe e sempre confiou que ia vencer o Avenir. A forma como ele me dá ouvidos quando lhe escrevo, simplesmente coloca tudo em prática de forma perfeita. Ele é um miúdo especial e o mundo está a começar a descobri-lo.

Agradecemos ao Freddy Cruz a disponibilidade para nos conceder esta entrevista, no meio dos muitos pedidos que tem recebido, e aguardamos com expetativa a estreia de Isaac del Toro no ciclismo profissional.

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