Numa etapa que coloca crenças à mistura, também se crê que os 143km que ligam Lourdes a Hautacam sejam a última grande oportunidade para fazer diferenças na classificação geral.

Os principais adversários de Vingegaard bem que podem pedir a uma força superior para um mau dia do dinamarquês, porque parece que esta é a última alternativa que lhes resta. Lourdes é, aliás, uma localidade intimamente ligada a crenças religiosas, após supostos contactos com entidades divinas na Gruta de Massabielle, que a tornaram num dos principais locais de peregrinação a nível mundial.

Podemos certamente enumerar vários ciclistas que não parecem deste mundo, que se diferenciam dos demais. Neste leque temos que incluir Roglic. O esloveno venceu a última etapa antes do contra-relógio final em 2018, na ligação de Lourdes e Laruns, através de uma descida fabulosa do Col D’Aubisque.

Esta vai ser a primeira dificuldade do dia, com 16,4km a 7,1%. É obrigatório relembrar a grande vitória de Michael Rasmussen no topo do Col D’Aubisque em 2007, que manteve a amarela e dilatou a vantagem para o segundo lugar em três minutos. O insólito aconteceu no dia seguinte. O dinamarquês foi afastado pela equipa por ter mentido sobre o seu paradeiro durante os treinos e perdeu a grande oportunidade de vencer o Tour, num ano extremamente marcado pelos escândalos de doping.

A ascensão ao Col de Spandelles, a dificuldade seguinte, vai ser uma estreia. O pelotão vai percorrer pela primeira vez o duro trajeto de 10,3km a 8,3% de inclinação média.

A última subida desta edição termina em Hautacam. Vão ser 13,6km a uma pendente média de 7,8%. Desde 2014 que o Tour não faz esta ascensão, com o último vencedor a ser Vicenzo Nibali na edição que o italiano conquisou. O “tubarão de Messina” venceu de amarelo e alargou a vantagem para mais de sete minutos sobre a dupla francesa que completava o pódio, Pinot e Peraud.