Glassdrive / Q8 / Anicolor (Rúben Pereira)
A Glassdrive / Q8 /Anicolor entra na nova temporada com o rótulo de equipa mais dominadora do panorama velocipédico nacional. No ano findado, a equipa de Águeda conquistou nada mais, nada menos do que 30 vitórias, distribuídas pelas mais importantes provas do calendário nacional, com a conquista da Volta a Portugal a ser a cereja no topo de um bolo com várias camadas. Apesar do registo impressionante, Rúben Pereira não se permite dormir à sombra da época vitoriosa, porque, segundo o próprio, algumas dessas conquistas foram fruto do “acaso”:
Se me dissessem agora que ia ganhar 30 corridas, eu assinava na hora. Não posso fazer comparações. Posso ganhar só 10 e ganhá-las bem, do que ganhar 30 e não conquistar o meu principal objetivo. Não faço muitas contas a isso. Quando nós partimos para a época passada, tínhamos um número muito elevado de 18 vitórias e eu dizia que nós nunca podíamos fazer esse tipo de comparação porque não há anos iguais e as circunstâncias de corrida não são iguais. E a verdade é que nós temos 30 vitórias, mas algumas não estavam previstas e não faziam parte dos nossos planos. Foram coelhos tirados da cartola, como eu costumo dizer, em situações de corrida que se proporcionaram nesse aspeto. E nós, como é óbvio, não vamos travar para os outros passar. Mas houve dias em que nós fomos felizes que não estava programado. Eu posso dizer que houve dias em que fomos correr com três, quatro ciclistas para cumprir calendário e a vitória sorriu-nos na mesma. E isso foi notório.
Contudo, a ambição da equipa flúor continua em alta, e os objetivos mantêm-se intactos, em linha com as temporadas transatas, mas sem subestimar as restantes equipas que completam o pelotão nacional, que, segundo Rúben Pereira, se reforçaram convenientemente:
Como é óbvio, queremos fazer uma excelente época, apontar para os pontos principais do nosso calendário, mas nunca posso descorar os adversários, e essa é a realidade. O pelotão foi bem reforçado, as equipas reforçaram-se e nós não corremos sozinhos. E temos de ter sempre um pouco de atenção, porque não temos nada garantido.

Foto: Eduardo Campos (UVP – Federação Portuguesa de Ciclismo)
E nesta temática, também a Glassdrive / Q8 / Anicolor viu o seu plantel sofrer alterações, algumas de peso, para a presente temporada. O nome mais sonante a figurar na folha das saídas é mesmo o de António Carvalho, terceiro classificado da pretérita edição da Volta a Portugal, e um dos pesos pesados da equipa, que rumou à ABTF Betão – Feirense. O mesmo caminho seguiu Afonso Eulálio, atual campeão nacional da categoria Sub-23. Também pela porta de saída passaram os espanhóis Javier Moreno e Hector Saez, que passaram a representar a nova equipa de clube Fonte Nova – Felgueiras.
Para colmatar estas saídas, a turma aguedense reforçou-se no estrangeiro, com nomes com tarimba nas maiores provas internacionais, nomeadamente o experiente Artem Nych (ex-Gazprom – RusVelo) e Sergio García (ex-EOLO – Kometa Cycling Team). Também passam a envergar as cores da Glassdrive /Q8 / Anicolor os jovens Duarte Domingues (ex júnior da Escola de Ciclismo Bruno Neves) e Julian Madrigal, que regressa a Portugal, e logo pela porta de uma equipa continental, depois de uma passagem de alguns anos por Espanha.
Com a equipa a dar cartas a nível nacional, abordamos com Rúben Pereira a perspetiva de vermos as camisolas flúor a pedalar por estradas nacionais:
Logisticamente, correr no estrangeiro é um pouco… Porque quando não há corridas em Portugal, não há qualquer dúvida. Mas quando existe o calendário em Portugal, eu não sou muito apologista de deixar de correr em Portugal e ir correr para o estrangeiro, porque passámos anos difíceis do nosso calendário e criticávamos os organizadores de não haver corridas, e agora também é um pouco injusto eu dizer que não participo em corridas nacionais porque vou participar lá fora. E essa é a parte da gestão que estamos a tentar fazer. Mas iremos correr a Volta a Castilla y Leon, iremos correr a Ordizia [Prueba Villafranca – Ordiziako Klasika], e também estamos a planear a Volta às Astúrias. Com um plantel de 10 ciclistas e com o calendário nacional que nós temos, não dá assim tanto para alargar internacionalmente, porque sobrecarregamos os ciclistas de dias de corrida, e como é óbvio, não iremos fazer uma corrida internacional com 5 ou 6 ciclistas, isso não é possível.
Certo é que o contador das vitórias da Glassdrive /Q8 / Anicolor já saiu do zero, por “culpa” de Maurício Moreira, que deu o primeiro triunfo da época à equipa na Clássica da Primavera.