Diabetes e ciclismo de alto rendimento: é possível conviver com os dois
Sendo uma condição intimamente ligada com o metabolismo do nosso organismo, e na forma como este transforma os alimentos em energia, tão necessária em desportos de endurance, como o ciclismo, o pensamento comum poderia passar por assumir que ciclistas com diabetes pudessem ter a sua atividade de alguma forma condicionada. No entanto, Logan prontamente desmistificou esta ideia:
Nós, pessoas com diabetes, continuamos a preocupar-nos com os mesmos fatores que toda os outros ciclistas se preocupam, nomeadamente com a nutrição durante a prova, certificando-nos de que estamos a comer 90 a 100 gramas de hidratos de carbono por hora, certificando-nos de que estamos bem abastecidos antes da corrida começar, ou que a nossa recuperação é ótima depois da corrida. Mas vivemos a nossa vida todos os dias com diabetes. E isso é algo que está sempre no nosso pensamento. Por isso, embora seja algo de que temos de estar sempre conscientes, não tem impacto no nosso desempenho. Na Team Novo Nordisk, a nossa filosofia é que a diabetes já não é uma desculpa para nada. Por isso, controlamos as variáveis que somos capazes de controlar. Depois, tudo o resto é obra do destino.
Fonte: Instagram Logan Lakota Phippen
Na vida de um ciclista profissional, as corridas são apenas a parte visível ao grande público de uma profissão que requer sacrifício, controlo e exigência; onde tudo está calculado ao mais ínfimo detalhe tanto a nível de treino, como de estilo de vida, nomeadamente o descanso e a nutrição. Mas não é por ter diabetes que Logan tem de adotar um estilo de vida ainda mais restrito do que os outros atletas:
É tudo igual. Trabalho com uma nutricionista, que também colabora com muitos outros ciclistas profissionais, e focamo-nos apenas na nutrição. Estou a receber um programa de nutrição semelhante ao de outros corredores, dependendo apenas das cargas de treino e das corridas. Mas é o mesmo. Basicamente, a maior diferença é apenas a monitorização dos níveis de glicose durante as corridas. Mas, mais uma vez, tal como na corrida, nos treinos estamos apenas preocupados em fazer o nosso trabalho, e não com a possibilidade de atingirmos níveis de glicemia demasiado elevados, ou demasiado baixos.
E em situação de corrida, será que a diabetes impacta a estratégia da equipa, e o comportamento de cada ciclista no pelotão? Será que as viagens ao carro de apoio são mais frequentes para os ciclistas da Team Novo Nordisk do que para o restante pelotão? Logan explica-nos, com algum humor, as possíveis diferenças:
Eu diria que podemos ter mais comida nos bolsos antes da partida. E provavelmente é apenas um hábito que adquirimos nos treinos. Esta época tenho-me treinado para pensar que não necessito de encher demasiado os bolsos, porque se precisar de mais alguma coisa, tenho sempre o saco na zona de abastecimento ou vou buscar ao carro, se precisar. E, nesse aspeto, não me parece que tenhamos de voltar mais vezes ao carro do que outros. Talvez o façamos para verificar os nossos níveis de glicose, se for necessário, mas nunca é algo que me passe pela cabeça. Na maior parte das vezes, eu nem quero recuar ao carro, porque depois tenho de me reposicionar novamente num pelotão enfileirado [risos]