2024 foi agridoce para Mads Pedersen. É difícil classificar uma temporada de clássicas com uma vitória na Gent-Wevelgem (uma das nossas 10 melhores corridas da temporada passada), um pódio em Roubaix e um quarto lugar em Sanremo como uma desilusão, mas a categoria de Pedersen obriga a isso. Mesmo nos seus outros grandes objetivos do ano, o ciclista da Lidl-Trek acabou por não se apresentar ao seu melhor nível: viu-se obrigado a abandonar o Tour de France ainda na primeira semana e não conseguiu estar na disputa da corrida nem nos Jogos Olímpicos nem nos Campeonatos do Mundo.
Ainda assim, o dinamarquês abriu o ano a todo o gás em França e venceu Etoile de Bessèges e Tour de la Provence, onde somou quatro vitórias em etapa, e não foi por má condição física que não obteve melhores resultados nas clássicas. “Se tens uma boa receita de panquecas, não a mudas”, disse o dinamarquês na conferência de imprensa de lançamento da temporada. “Estou certo de que temos uma boa receita no que estamos a fazer e como o estamos a fazer. Em algumas corridas, sou batido por corredores mais fortes, mas isso não significa que tenho de alterar tudo o que faço para os bater.”
As clássicas
A conversa rapidamente se encaminhou para as clássicas: sobre Sanremo, Pedersen disse que não é uma corrida que aprecia muito, mas que é um “monumento, e um monumento que [lhe] assenta bem”; já sobre Roubaix, a sua “corrida de sonho”, e o que tem de mudar para que a consiga ganhar, o dinamarquês reforçou a ideia de que o seu plano é bom e referiu que compete contra “alguns dos melhores ciclistas da história”. “Isso não torna vencer em algo fácil, mas é possível. Já o mostrei e espero voltar a mostrá-lo”.

Mathieu van der Poel, vencedor de E3 Saxo Classic, Ronde van Vlaanderen e Paris-Roubaix em 2024, não podia faltar numa conversa sobre clássicas, mas Pedersen mudou imediatamente o foco. “Há mais corredores no pelotão do que ele”, respondeu logo o campeão do mundo de 2019. “Estamos focados em nós, em ser o melhor que conseguimos. Mais perto das corridas, sim, olhamos para as outras equipas, os corredores que têm e em que forma estão. O importante é fazermos o que podemos para ser as melhores versões de nós e, depois, com a crença e a confiança em nós próprios, irmos para as clássicas a acreditar que podemos ganhar”. No final da resposta, reforçou que “há muitos corredores no pelotão que temos de bater, não é só um”.
O calendário
Como em receita certa não se mexe, o calendário de Pedersen até Roubaix é igual ao de 2024. É a partir daí que estão as novidades. O Tour de France é a corrida por excelência dos velocistas. Seja qual for o número de etapas desenhadas para eles, os homens mais rápidos do mundo estão todos os anos nas estradas francesas a disputá-las e a lutar pela camisola verde. A Lidl-Trek, para além de Pedersen, é casa de Jonathan Milan e o italiano é talvez o homem mais rápido do mundo em cima de uma bicicleta de estrada. O que é que isto significa para Pedersen? “Eu vou ao Giro este ano”.

“Não é uma decisão só minha. Somos uma equipa grande, com grandes corredores e grandes objetivos em todas as Grandes Voltas. O percurso do Tour assenta muito bem no Johnny, ele é um dos melhores sprinters do mundo, então claro que deve ir a um Tour com esta quantidade de etapas planas”. Pedersen não escondeu que não foi uma decisão fácil não ir ao Tour, mas, na sua magnanimidade, reconheceu que “é mais fácil ganhar três ou quatro etapas com ele [Milan] do que comigo”.
Para além do Giro, onde disse querer “ganhar o máximo de etapas possível, assim como a camisola dos pontos” e igualar a performance de Jonathan Milan em 2024, Pedersen estará presente na nova corrida World Tour dinamarquesa, Copenhagen Sprint, nos campeonatos nacionais, na Volta à Dinamarca e na Vuelta. O dinamarquês mostrou abertura a estar presente também em corridas de final de época como o Paris-Tours, mas terá de “ver como o corpo está” depois da Vuelta.
A equipa
A Lidl-Trek adicionou quatro corredores ao seu plantel principal para a temporada de 2025. Lennard Kämna e Tim Torn Teutenberg são adições importantes à equipa, mas o foco dirigiu-se aos compatriotas de Mads Pedersen, Søren Kragh Andersen e o jovem Albert Withen Philipsen.
Kragh Andersen, que correu pela Alpecin – Deceuninck durante as duas últimas épocas, é um amigo de infância de Pedersen. “Conhecemo-nos muito bem. Em certos pontos, a vida separa um pouco as pessoas – ele foi para o Luxemburgo e eu estava na Dinamarca, sempre corremos em diferentes equipas -, mas sempre tivemos uma boa conexão quando nos víamos no pelotão. Agora que estamos na mesma equipa, no mesmo estágio, voltamos à conexão que tínhamos no passado. É sempre bom ver pessoas que conheces e com quem tens uma boa relação”.
Por outro lado, com Withen Philipsen, de apenas 18 anos, a história só está a começar agora: “O rapaz é 10 anos mais novo que eu, só o vi durante oito dias no estágio de dezembro”. O campeão do mundo de juniores em 2023 já está a impressionar na sua estreia no World Tour e Pedersen classificou-o como um “grande talento, senão não estaria aqui”.
No entanto, para Pedersen não são só as novas contratações que fortalecem a equipa. “Temos muita mais experiência juntos. Agora que começamos a sentir algum sucesso, que podemos realmente atingir como grupo, eu acredito que sucesso leva sempre a mais sucesso. Depois da temporada que tivemos em 2024, estamos a começar 2025 com ambições iguais ou ainda maiores, super motivados. É bom ver toda a gente comprometida com o seu papel no grupo de clássicas, acredito que vamos ser uma equipa melhor em 2025”.
Foto de capa: Lidl-Trek