João Almeida, na primeira pessoa

João Almeida é, sem dúvida, atualmente o maior precursor do sonho de Portugal vencer a Maglia Rosa. Desde o início da sua carreia mostrava grandes qualidade de voltista e em 2020, na sua estreia, fez renascer a chama do Giro d´Itália nos portugueses.
Na altura, a correr pela Deceuninck–Quick-Step, com apenas 22 anos, chegou à liderança do Giro, após a terceira etapa, com final no topo do Etna. Foi o segundo português a envergar a Maglia Rosa.
Os feitos do rapaz das Caldas não ficaram só por envergar a Maglia Rosa, mas sim fazê-lo por 15 dias consecutivos. Foram 15 dias de muito trabalho e dedicação do ciclista português, que fazia os possíveis para manter a Maglia Rosa. Foi apenas na “etapa rainha” do Giro, que a liderança da geral passaria para outro corredor.
João Almeida entrou para a história finalizado o Giro na 4ª posição na classificação geral, sendo o maior feito português nesta Grande Volta.
Em 2021 volta ao Giro, inicialmente em apoio ao líder da equipa Remco Evenepoel, que não terminou a prova, sendo assim viu a possibilidade de voltar a correr pela Maglia Rosa terminando em 6º lugar na geral, arrecadando mais um Top 10 para Portugal.

No ano passado, Portugal acompanhava o Giro de olhos postos no ciclista português, que envergava a Maglia branca, como líder da juventude e com aspirações ao pódio na edição de 2022. Os assuntos inacabados com o Giro, iriam permanecer assim, inacabados, depois de João Almeida ser obrigado a desistir da competição devido ao COVID-19.
Com grandes aspirações para este ano, João Almeida encara o Giro d´Itália de 2023 com uma nova confiança e com a motivação de vir, quem sabe, a envergar a Maglia Rosa.
Qual foi a sensação de envergar a Maglia Rosa durante os 15 dias?
“Tinha os olhos postos todos em mim, mas é uma sensação muito especial, vestir a camisola rosa no Giro é muito especial e acho que me tornou diferente, uma pessoa diferente.”
Perder a Maglia Rosa ao fim de tantos dias deve ter sido um marco, como lidaste com essa situação?
“Sim não fácil, fiquei muito triste, fiquei desapontado…Não necessariamente por a ter perdido, mas porque me era muito especial, sentia que a tinha de defender, depois de tanto tempo com ela, não a queria perder. Foi um dos acontecimentos mais marcantes da minha carreira, e aquele que me vai marcar para sempre, pois foi nessa altura que comecei a dar nas vistas.”
Sentes que já teres vestido a Maglia Rosa te dá uma força extra para alcançares esse marco novamente?
“Mentalmente acho que sim, faz toda a diferença. Só o facto de ter andado com aquela camisola dá-me mais motivação para voltar a tê-la, e também me dá a confiança, uma vez que se já a tive sou capaz de voltar a tê-la. É realmente bastante importante.”
Já tens uma longa história no Giro, assuntos inacabados, esperas de que esta história fique resolvida este ano?
“Sim, (risos) claramente que sim, pelo menos o objetivo do pódio gostava de realizar. Infelizmente o ano passado foi o que foi, mas este ano esperemos que corra tudo bem, e que consiga alcançar os objetivos.
Os aficionados mais atentos ao ciclismo, e a ti, notam uma diferença na tua assertividade, postura, confiança comparativamente ao ano passado, o que mudou? Sentes-te mais preparado este ano?
“Sim, sinto-me mais preparado, estou ligeiramente mais forte, o que automaticamente me dá mais confiança, e em termos de atitude ajuda bastante. Além disso, este ano não tive nenhum azar na minha preparação, não tive imprevistos, foi quase perfeito, digamos. Essa foi a principal diferença, o fator decisivo no meu estado de forma.”
Qual a sensação de seres a nova esperança dos portugueses em vencer uma grande Volta?
“É um orgulho representar Portugal e a bandeira portuguesa, faço isto por mim e esforço-me ao máximo para tentar alcançar os objetivos. Acho que não é fácil apontar essa esperança, todos sabemos que é bastante difícil para alcançar a vitória numa grande volta, mas já estar na discussão é algo muito positivo, o que me dá mais motivação para fazer mais melhor. “
