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Fórmula 1 e Ciclismo, as semelhanças entre ambos

Ciclismo em circuitos de Automobilismo

Talvez uma das coincidências mais óbvias que existem, não raras vezes as provas de ciclismo visitam circuitos automobilísticos. 

Nos últimos talvez o caso mais habitual seja o circuito de Marina Bay, em Abu Dhabi. O circuito onde Vitaly Petrov ainda assombra Fernando Alonso é regularmente visitado por ocasião do UAE Tour (e antigamente pelo Abu Dhabi Tour), foi exatamente aqui que o português Rui Costa se coroou campeão do Abu Dhabi Tour de 2017, poucos meses depois de Nico Rosberg também ter ali conquistado o seu título mundial de Fórmula 1.

Rui Costa venceu o Abu Dhabi Tour de 2017 com a última etapa a terminar no circuito de Yas Marina

Outro circuito muito visitado recentemente foi o Autódromo Enzo e Dino Ferrari, em Imola. Fruto da pandemia de Covid-19 a Emilia-Romagna foi o palco alternativo para a disputa do campeonato do mundo de ciclismo de 2020 e, na mesma pista que ficou marcada pelo fim-de-semana trágico de 1994 com as mortes Ratzenberger e Senna, Julian Alaphilippe conquistou o seu primeiro título mundial e Anna van der Breggen o seu segundo. Curiosamente foi também a pandemia que voltou a trazer a F1 a Imola, com o Grande Prémio da Emília-Romagna de 2020 a disputar-se cerca de um mês depois do mundial de ciclismo, com vitória para Lewis Hamilton. Em termos de ciclismo tivemos também etapas do Giro d’Italia a terminar neste local recentemente, em 2015 com a vitória de Ilnur Zakarin e em 2018 com a vitória de Sam Bennett.

Alaphilippe campeão do mundo em Imola, em 2020

Já as medalhas olímpicas também foram atribuídas numa pista onde normalmente são os carros que aceleram. No verão de 2021 no Japão não foi Suzuka, mas sim Fuji que foi a casa do ciclismo de estrada olímpico. Os títulos de Carapaz e Kiesenhofer na prova em linha e Roglic e Van Vleuten no contrarrelógio tiveram a linha de meta instalada precisamente no Fuji Speedway, casa do Grande Prémio do Japão por 4 vezes e um circuito particularmente marcante na carreira de James Hunt, uma vez que foi lá que conquistou o seu título de campeão do mundo de 1976 e um ano mais tarde conquistaria a última vitória da sua carreira.

Annemmiek Van Vleuten foi uma das campeãs olímpicas coroadas no circuito de Fuji, nas Olimpiadas de Toquio

Mas não faltam outras ocasiões em que o ciclismo visitou autódromos. No caso português a Volta ao Algarve teve durante algumas edições passagens no Autódromo Internacional de Portimão, mas nunca como final de etapa, e o Circuito do Estoril foi nas décadas de 70 e 80 ponto de finais e inícios de etapa da Volta a Portugal. Mas já vimos passagens do Tour em Spa-Francorchamps, do Paris-Nice em Magny Cours e o primeiro campeonato do mundo aberto a profissionais foi disputado no temível Nurburgring-Nordschleife, com oito voltas nas florestas de Eifel a coroarem o primeiro dos três títulos de Alfredo Binda. O mesmo circuito voltou a eleger o campeão mundial de ciclismo em 1966, nesse ano Rudi Altig ganhou em casa.