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EXCLUSIVO: Rui Costa confirma que “o Giro está fora de questão”

A recuperar de uma lesão no joelho, Rui Costa confirmou que não vai estar presente no Giro d’Italia 2025. O ciclista português da EF Education-Easy Post já retomou os treinos, mas ainda não está apto para regressar à competição. Apesar da sua ausência da corrida italiana e de um futuro ainda por definir, a Portuguese Cycling Magazine conversou com Rui Costa. Esta entrevista reflete assim a enorme motivação de quem ultrapassou todos os obstáculos ao longo da sua carreira.

Lesão afasta Rui Costa do Giro d’Italia

Despercebido aos olhos de muitos, Rui Costa não finalizou a 5º etapa do Tirreno-Adriatico, após contrair uma lesão no joelho, que o impossibilitou de pedalar durante cerca de cinco semanas. Dois meses depois, encontra-se focado na sua recuperação, sem “sensação de qualquer tipo de incómodo no joelho” e já a “treinar sem limitações”.

No seu calendário, a seguir ao Tirreno-Adriatico, seguir-se-iam as Clássicas das Ardenas, que serviriam de preparação para a primeira Grande Volta. “O objetivo era o Giro”, afirmou Rui Costa.  A corrida italiana era particularmente importante, não só por marcar a primeira Grande Volta do ano, mas também por ser a única das três em que o português ainda não venceu uma etapa, depois dos triunfos na Vuelta a España (2023) e no Tour de France (2011 e 2013). Porém, o próprio reconhece que o Giro 2025 “está fora de questão”.

Vitória de Rui Costa na 15º etapa da Vuelta a España
Imagem: Getty Images
Uma das três conquistas de Rui Costa no Tour de France
Imagem:Cycling Weekly

Assim, o ciclista da EF Education-EasyPost, que já tinha “os objetivos traçados, principalmente nesta fase da temporada”, precisa agora de uma nova preparação. Para Rui Costa, o foco são as “quatro a cinco semanas, mínima condição para poder voltar a competir”. Só depois dessa fase, juntamente com a equipa, vão definir os novos objetivos.

Clássicas vs. Grandes Voltas: as diferenças na preparação

O ciclista de 38 anos referiu que “tudo muda” entre a preparação de uma clássica e de uma Grande Volta. Para as clássicas – provas de apenas um dia, “com mais duração (…), com intensidades mais curtas, mas mais explosivas”, e que “normalmente são antes, vamos assim dizer, da primeira corrida de três semanas” – a preparação requer, desde o início da temporada, “esforços mais curtos e treinos mais longos”.

Quando se fala de Grandes Voltas, “neste caso, o Giro d’Italia, o Tour de France ou a Vuelta a España”, a preparação passa por estar em altitude – “fazer montanha, durabilidade de esforços mais longos, sobretudo fazer mais tempo e subida, porque todos os esforços acabam por deixarem de ser curtos a serem muito mais longos”, explicou Rui Costa. A outra diferença é a periodicidade dos treinos, sendo necessário treinar “vários dias seguidos”. 

Quase duas décadas de carreira, ainda com vontade de aprender

Rui Costa iniciou a sua carreira profissional aos 21 anos, pela equipa do Sport Lisboa e Benfica. 17 anos depois, é um dos nomes mais experientes do WorldTour.

Rui Costa no início da sua carreira
Imagem: RTP
Rui Costa atualmente na EF Education-EasyPost
Imagem: Getty Images

Com um vasto percurso, reconheceu que o ciclismo tem vindo a sofrer múltiplas alterações, principalmente, por influência das novas tecnologias. Mas, para si, nunca foi um problema, uma vez que “se adapta facilmente” e diz ser “sempre o primeiro a aprender e a querer saber mais”.

Atualmente, ao ser o ciclista mais veterano da EF Education – EasyPost, assume um papel de referência para os mais novos, a quem esforça-se por passar os seus ensinamentos. Contudo, ressalvou, entre risos, que esses jovens agora parece que já nascem ensinados”.

 “O ciclismo, atualmente, a nível nacional, está a passar por grandes momentos”

Apesar da paragem forçada, Rui Costa continua a acompanhar com entusiasmo o sucesso dos restantes ciclistas portugueses. De momento, Portugal conta com dez vitórias de nível UCI, de diversos corredores, o que pode vir a ser recorde no final do ano. Fruto deste sucesso, o atleta de Póvoa de Varzim afirmou que o ciclismo, a nível nacional, está a passar por “grandes momentos, com vários talentos a sair”.

Este é o caso de João Almeida, que “tem conseguido grandes resultados”, António Morgado, que descreveu como “aquela máquina que pode surpreender a qualquer momento”, Iuri Leitão, que está numa equipa de menor nível, mas “é importante para lhe dar a confiança certa” e, por fim, Ivo Oliveira, ao qual reconheceu a importância das duas vitórias no Giro d’Abruzzo para lhe devolver “uma confiança que já começava a perder”.

17 temporadas e o futuro em aberto

Rui Costa, que se encontra na segunda temporada com a EF Education – EasyPost, ainda não tem contrato para 2026. A recuperar da lesão e sem previsões definidas de regressar à competição, o português de 38 anos preferiu não fazer grandes projeções, mas admitiu que gostaria de continuar no ciclismo. Sempre otimista, referiu ser uma pessoa que gosta muito de “viver o agora” e que só “o futuro dirá” o que está para vir.

Com um palmarés único no ciclismo português, Rui Costa tornou-se uma referência do desporto nacional, após ter somado diversos recordes para o país. Aos 38 anos, carrega a camisola de campeão nacional e mantém a ambição que sempre o distinguiu.

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