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Entrevista com Afonso Eulálio: “Acabou por ser um ano perfeito”

Entrevista com Afonso Eulálio: “Acabou por ser um ano perfeito”

Afonso Eulálio antevê os Campeonatos do Mundo e faz um balanço da sua temporada.

Afonso Eulálio é um dos melhores jovens ciclistas portugueses e vai estrear-se pela seleção nacional de elites no Campeonato do Mundo de Zurique. O ainda ciclista da ABTF Betão – Feirense destacou-se particularmente durante a Volta a Portugal, onde vestiu de amarelo durante seis dias e terminou em décimo na classificação geral.

PCM: Como antevês a corrida? Que objetivos tens e o que achas que a seleção pode fazer?

AE: Não levo um objetivo individual delineado. A corrida vai ser muito dura, muito longa, nunca fiz uma corrida tão longa. Sei que vou estar bem, mas não sei como vai ser com o passar dos quilómetros. Em relação à equipa, temos dois corredores com muita experiência, o Rui e o Nelson, temos o João, que está sempre num nível enorme. Depois temos os gémeos, que estão a atravessar um momento bom. Mas é como digo, a corrida é muito longa, tudo pode acontecer.

PCM: Quando foi a primeira vez que o selecionador falou contigo com a possibilidade real de estares nos Mundiais? Planeaste a época de acordo com esta presença ou a oportunidade surgiu mais tarde na época?

AE: Já surgiu muito em cima dos Mundiais, a preparação não foi perfeita, mas sei que vou estar bem. Não sei como vai ser com o passar dos quilómetros, porque é uma corrida muito longa e nunca fiz nada assim, mas a preparação também acaba sempre por ser feita e sei que vou estar a um bom nível.

PCM: Vai ser a tua primeira vez a representar a seleção nacional como elite. Já houve algum tipo de introdução pelos colegas mais experientes? Como é o ambiente?

AE: Ainda não estivemos juntos, ainda não conheço ninguém.

PCM: Que balanço fazes desta época?

AE: É um balanço positivo. Todos os anos tenho vindo a melhorar e este ano não foi exceção. Acabou por ser um ano perfeito. Consegui ganhar numa das corridas que adoro, o Troféu Joaquim Agostinho, na etapa mítica da chegada ao Montejunto. Fiz segundo no dia do circuito e segundo à geral. Na Volta, acabei por andar de amarelo. Nas corridas internacionais, nas Asturias e em Ordizia, estive a um bom nível e fechei top-10 em ambas. Acaba sempre por ser um ano bom, estive sempre a um bom nível. Quando não fazia resultados para mim, estava sempre a um bom nível para ajudar a equipa. Foi um ano excelente.

PCM: Quais são as expetativas para o próximo ano? Vais correr no nível mais alto, no melhor calendário.

AE: As expetativas são boas. Espero continuar a minha evolução, continuar o meu trabalho, depois tudo o que vier é por acréscimo. Vai ser tudo uma novidade para mim, nunca imaginei chegar ali, espero que sejam dois anos bons.

PCM: Já falaste com alguém, seja um dos teus futuros colegas de equipa ou um ciclista português que já tenha estado no World Tour, sobre as diferenças para o nível continental?

AE: Ainda não falei com ninguém.

PCM: Com o maior número de ciclistas portugueses no World Tour de sempre e os resultados fantásticos do ciclismo nos Jogos Olímpicos, como vês o estado do ciclismo nacional? Este momento de ouro dá-te alguma motivação ou pressão?

AE: Não vejo qualquer motivo para sentir pressão, só motivação. Sobre o ciclismo nacional, no nosso panorama temos um nível muito alto. A diferença de correr cá e lá fora é que lá o pelotão é muito mais equilibrado e toda a gente é forte. Cá apenas temos alguns ciclistas muito fortes, mas o nível alto em Portugal é mesmo muito alto. Todos os ciclistas que chegam na frente e disputam corridas são mesmo muito fortes.

PCM: Quais são os teus planos para esta transição entre épocas? Há algum aspeto em que te vás focar especificamente para entrar bem no próximo ano?

AE: Vou continuar o meu trabalho, vai ser muito diferente. Espero melhorar o meu contrarrelógio, que é algo que tenho muito fraco quando tenho de fazer alguma prestação a esse nível. De resto, é continuar a evoluir nas montanhas, que é onde me sinto bem e onde consigo fazer a diferença.

PCM: Qual é o teu maior objetivo de carreira?

AE: É continuar o trabalho, continuar a evoluir. Nunca penso muito no futuro, espero continuar a melhorar e tudo o que vier é por acréscimo.

Agradecemos ao Afonso Eulálio e à Federação Portuguesa de Ciclismo por nos terem concedido esta entrevista, e desejamos-lhe boa sorte nos Campeonatos do Mundo!

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