2012: O início da história
Nessa tarde, feriado nacional em Portugal, Rui Costa conquistou uma das vitórias mais marcantes do ciclismo nacional quando bateu Fränk Schleck no Verbier, a contar para a segunda etapa da Volta à Suíça. Schleck era um antigo vencedor da Volta à Suíça e terceiro do Tour de France do ano anterior, e parecia o mais forte nesse dia quando atacou a 6km da meta. Conquistou uma margem que chegou à casa dos 25 segundos de vantagem e vários ciclistas tentaram fechar o espaço como Danielson ou Gadret, mas a 2 quilómetros do fim, apenas um ciclista a da Movistar conseguiu fechar o espaço e para surpresa de todos não era Valverde, mas sim Rui Costa. Alcançou Schleck e já nos metros finais era notório que o português estava mais forte, venceu a etapa e acabou mesmo por chegar à liderança da prova.
Seguiram-se 4 dias tranquilos de amarelo, quase totalmente dominados pelo novo fenómeno do ciclismo, Peter Sagan que conquistou 3 etapas. Ao 6º dia chegou um dia decisivo para o desfecho final da corrida, o dia do contrarrelógio. Nos 34km em Gossau, Rui Costa conseguiu não só defender-se como superiorizar-se a todos os adversários na corrida contra o relógio, exceptuando Robert Gesink. Assim conseguiu alargar a sua vantagem frente a alguns especialistas de vulto como Leipheimer. Apenas 2 dias separavam Rui Costa da vitória final, mas eram as duas etapas mais duras da prova, a tarefa do português estava longe de estar concluída. Na etapa 8 Rui Costa furou antes da subida final e embora tenha conseguido reentrar no pelotão passou bastantes dificuldades para seguir os ataques de Schleck, Leipheimer e Mikel Nieve. E aí Valverde abdicou totalmente da sua corrida e apoiou o ciclista português ao máximo, tendo conseguido em dupla minimizar as perdas. Costa, aguentou na liderança mas apenas por 15 segundos.
Chegamos à última etapa, que não só era decisiva, como era a etapa rainha. O perfil era verdadeiramente colossal, algo que raramente vemos hoje em dia. Uma etapa de montanha com 215km e com duas categorias especiais nos últimos 80 km e chegada numa segunda categoria. E Schleck não fez por menos e atacou a 40km do fim, junto a Mikel Nieve na última das categorias especiais, chegou a ter um minuto de vantagem sobre o grupo perseguidor no qual se incluía Rui Costa que se aliou a Gesink e Danielson. Alcançaram Schleck no vale entre a penúltima e última subida e no fim, Rui Costa manteve-se firme no grupo e conseguiu a sua maior vitória na carreira até à data de forma totalmente heroica. Pela primeira vez em décadas, Portugal percebeu que tinha um talento geracional.