E onde fica o Porto no meio disto?
Talvez o ponto que gera mais questões no meio deste caso, não estivéssemos a falar de um grande clube do nosso país e que move a paixão de muitos adeptos e aficionados. Aliás essa relação da massa adepta azul branca para com a equipa W52 – FC Porto era bem visível a quem, na estrada, ia assistir às provas.
Como é mais ou menos sabido, o FC Porto não tem uma secção de ciclismo, o clube registado como detentor da licença da equipa é o Calvário Várzea Clube De Ciclismo, sendo a participação do emblema azul e branco na qualidade de patrocinador. E nesta primeira fase nada aponta para a implicância do clube neste processo judicial.
Posto isto, é impossível pedir à opinião pública uma dissociação entre a equipa de ciclismo e a imagem do clube, como dissemos atrás a imagem dos patrocinadores sai manchada deste processo. É normal quando há uma relação deste gênero, quando existem vitórias os patrocinadores gostam de se associar a elas, na hora da adversidade não podem pedir que a sua imagem fique intacta. Sabemos claro que no caso de um clube como o Porto,dos chamados três grandes, as guerras entre adeptos alimentam ainda mais a polémica e os adversários tentam vincular o que há de negativo a toda a extensão das equipas portistas, nomeadamente a equipa de futebol que, como sabemos, é o que me move grande parte da comunidade desportiva em Portugal, uma associação forçada e precipitada de ser feita, até porque, por exemplo, a equipa de ciclismo não era frequentadora dos espaços do FC Porto, nem nenhuma instalação ou pessoa diretamente ligada ao clube foram referidas como tendo sido alvo de buscas.
No entanto, os danos reputacionais da instituição FC Porto poderão acontecer, sendo estes mais ou menos valorizados consoante as preferências clubísticas de cada um. O clube nunca fez muita questão, na hora dos sucessos, de clarificar que a sua posição era apenas de patrocinador. Os títulos da equipa de ciclismo sempre foram amplamente enaltecidos pela estrutura portista, e adeptos, como sendo títulos do Porto. Posição reforçada com a presença da equipa no estádio, a presença de ciclistas em meios de comunicação do clube, os galardões do clube atribuidos a atletas e dirigentes da equipa de ciclismo, a presença do presidente Jorge Nuno Pinto da Costa em diversas provas em que a equipa participou e até mesmo a entrega de troféus da Volta a Portugal ao museu do clube. Pedir neste momento para que se veja o clube como um mero patrocinador é um pedido um pouco generoso por parte daqueles que não querem ver a imagem do clube do coração manchada.