Cycling Stories: UAE Team Emirates’ young riders in Portugal – English Version
A UAE Team Emirates está em Portugal! Apesar de os ciclistas serem sub-23 e a formação se identificar como Gen Z, eles usam as mesmas bicicletas, kit, acessórios e toda a estrutura de apoio dos ‘adultos’. Eles planeiam tudo, eles têm em conta cada detalhe, eles deixam tudo na estrada e, mais importante, eles ganham. Foi isso que aconteceu no Troféu Internacional da Arrábida, é isso que tem acontecido na Volta ao Alentejo.
Quando subiram ao pódio da clássica como vencedores por equipas, os seus rostos jovens e alegres causaram uma impressão na audiência, face à força e experiência de campeões que exibiram. “Aproveitem para tirar fotografias destes ciclistas aqui, porque daqui a 2 ou 3 anos estarão entre os melhores do mundo”, afirmou o speaker. Vamos então conhecer alguns dos futuros melhores do mundo, bem como o seu diretor desportivo.
Jan Polanc, diretor
Jan Polanc esteve na primeira vitória de Tadej Pogacar no Tour de France, que foi também a única que foi inesperada. Em 2020, ele integrava o comboio de montanha do seu compatriota, e colocou ritmos altos em montanhas como o Grand Colombier e o Col de la Madeleine para ele conseguir desafiar Primoz Roglic. Tudo mudou desde aí…
Cinco anos depois, a equipa conta com João Almeida, Adam Yates e Juan Ayuso para essa tarefa. “Foi uma grande evolução. O lado bom é que a equipa aprendeu todos os anos, depois de cada época melhorámos. Agora, todos os pequenos detalhes estão juntos. É muito importante, no ciclismo moderno, analisar tudo. As outras equipas fazem isso, nós também fazemos, e somos a melhor equipa”, apontou Polanc.
Por sua vez, o ciclista esloveno trocou o guiador da bicicleta pelo volante do carro de apoio, de onde só tira a mão para a levar ao radiofone. “É uma boa experiência. É bom trabalhar com os ciclistas jovens e, ao mesmo tempo, ainda fazer parte da UAE Team Emirates”, partilhou connosco em Sesimbra.

Mesmo que a equipa presente em território português se identifique como Gen Z, não deixa de ser UAE Team Emirates, a equipa mais ganhadora do World Tour. “Temos sempre de ganhar, mas trata-se mais do progresso dos ciclistas jovens. O nosso trabalho é ajudá-los a progredir, para que consigam chegar à equipa World Tour.”
A verdade é que, na Arrábida, os jovens carregaram bem nos pedais: primeiro, aproveitaram o vento para fazer um corte no pelotão e depois, entraram numa fuga e acabaram a festejar a vitória em Setúbal com Luca Giaimi. Entretanto, já venceram também no Alentejo com Davide Stella. “O objetivo é fazer alguns bons resultados, talvez tentar ganhar uma etapa. Depois, veremos dia após dia como a corrida e os ciclistas jovens progridem”, disse Polanc horas antes do primeiro triunfo.
Adrià Pericas, atacante
Nos Mundiais de 2023, quando Mathieu Van Der Poel reconhecia o circuito de Glasgow, que acabaria por vencer, aconteceu algo inusitado: um jovem espanhol de 17 anos conseguiu seguir na sua roda durante um longo período de tempo, mesmo quando o craque holandês atacava. Esse jovem é Adrià Pericas.
Pericas começou no ciclismo “quando tinha nove anos, um pouco por causa da minha família, porque são todos ciclistas.” Desde cedo que Matxin acompanhou o seu percurso, até que “ele fez-me uma oferta para entrar na equipa e estou muito feliz com esta oportunidade.”

Com baixa estatura, postura curvada e cabeça ligeiramente inclinada, é impossível olhar para Pericas e não reconhecer logo um ciclista atacante. Ele confirma: “Adoro o ciclismo de ataque e adoro os ciclistas que atacam. Como todos, gosto da forma como o Tadej Pogacar corre e da sua personalidade.”
Tudo tem sido rápido na vida do jovem espanhol, que já teve oportunidade de contactar com o seu ídolo: “Estivemos no campo de treinos durante algum tempo e, pelo pouco que consegui falar com ele, pareceu-me uma pessoa muito boa. Estou muito feliz por estar na mesma equipa que ele.”
De modo geral, Pericas tem aproveitado a oportunidade na UAE Team Emirates Gen Z. Nesta temporada, já correu na Arábia Saudita e em Espanha, onde conseguiu um top-10 com a equipa principal, e ficou perto desse resultado no Troféu Internacional da Arrábida. “Neste momento, estou muito bem. Ganhei na Croácia e agora em Portugal quero dar o meu melhor. Temos uma equipa muito boa e vamos tentar dar o nosso melhor.”
Matthias Schwarzbacher, ‘classicomano’
E se vos dissermos que há um ciclista eslovaco, que transitou do ciclocrosse para a estrada, está sempre descontraído e tem uma excelente ponta de velocidade? Não, não é quem estamos a pensar. Mas só um teste de ADN poderia acabar com as dúvidas de que Matthias Schwarzbacher não é um familiar de Peter Sagan.
“A minha primeira corrida foi a corrida dele na Eslováquia”, recordou o jovem ciclista. Aparte disso, ele não se lembra do motivo pelo qual enveredou pelo ciclismo: “Eu fazia biatlo e depois, de alguma forma, comecei a fazer ciclismo. Comecei a fazer cada vez mais corridas, até que me concentrei apenas no ciclismo.”
Ele sabe, porém, que a combinação de esqui de corta-mato com tiro não era para ele. “Nunca disparei bem, mas às vezes, no inverno, ainda vou esquiar”, admitiu Schwarzbacher entre risos. Tiros certeiros, esses só no ciclismo, nomeadamente com a transferência da ATT Investments para a UAE Team Emirates Gen Z.

“É uma oportunidade muito grande. As coisas mudaram muito em relação ao ano passado, nas condições. Por isso, estou muito feliz aqui e com o facto de, por vezes, poder correr com os ciclistas do World Tour e aprender com eles”, destacou o ciclista eslovaco.
Mas não é só com os maiores ciclistas do mundo que Schwarzbacher aprende. Ele também aprende com aqueles que melhoram todos os dias, como Lukas Kubis, o sprinter da Unibet Tietema Rockets: “É realmente impressionante como evoluiu da equipa continental para a categoria de elite, e agora está a lutar contra o Van Aert e todos os outros do World Tour.”
Schwarzbacher também não tem andado mal. Em solo português, já foi 10.º no Troféu Internacional da Arrábida e 3.º na primeira etapa da Volta ao Alentejo. No caminho até Setúbal, foi a segurança do seu sprint que permitiu à equipa arriscar taticamente com o futuro vencedor. Mas tal como Giaimi e Pericas, ele já levantou os braços este ano.
Ao contrário deles, talvez por ter vindo de um país com menor tradição no ciclismo, as suas expectativas eram menores: “Estou muito surpreendido. Não esperava estar tão bem. Tenho uma vitória e um muito bom trabalho para a equipa World Tour. Por isso, procuro sair-me bem também nesta semana.”


