Num dia tão simbólico como o de hoje para mim e para todas as mulheres, é enaltecida a resiliência de cada uma de nós e de todas as lutas que tivemos que atravessar ao longo da História em prol do reconhecimento de direitos, de oportunidades e de igualdade.
Assim sendo, venho falar-vos do meu papel enquanto mulher no mundo do ciclismo e do facto de ser o primeiro e único elemento feminino da Portuguese Cycling Magazine.
Mulher. Uma palavra que exprime força, superação, coragem, entre muitos outros significados. Mas, afinal, o que é ser mulher no mundo do ciclismo? É marcar pela diferença numa modalidade maioritariamente masculina.
Existe ainda algum preconceito em relação ao sexo feminino em todas as áreas da sociedade, principalmente no desporto e, consequentemente, no ciclismo, uma vez que só pelo simples facto de sermos mulheres o pensamento é que, à partida, não somos tão competentes como os homens. No entanto, a valorização feminina começa a ganhar forma lentamente e as mentalidades sofreram alterações ao longo dos anos.
No meu caso, nunca senti qualquer tipo de discriminação neste ramo até ao momento, muito pelo contrário, pois a minha visão e os meus ideais têm sido sempre valorizados e respeitados. Através da minha paixão pela escrita e pelo ciclismo consegui juntar o melhor de dois mundos e esta experiência na Portuguese Cycling Magazine tem sido bastante gratificante, uma vez que fui muito bem recebida tanto pela restante equipa como pelos leitores, o que me faz sentir, portanto, em pé de igualdade. Sinto que é bastante relevante para a construção da igualdade de género o facto de haver cada vez mais mulheres presentes no ciclismo, seja como atletas, staff ou simplesmente como apoiantes.
A título de curiosidade, desde o século XIX que a mulher começou a encarar a bicicleta como um símbolo de liberdade, uma vez que era deste modo que circulavam sem qualquer tipo de restrição imposta pela sociedade. A frase “Andar de bicicleta fez mais pela emancipação da mulher do que qualquer outra coisa no mundo”, referida por Susan Anthony, escritora feminista, dá que pensar acerca deste assunto.
Depois de todas as conquistas, há ainda muitas outras lutas pela frente e um longo caminho a percorrer. Deste modo, na minha opinião, o ciclismo pode vir a ser ainda mais útil como rampa de lançamento para a emancipação feminina.