Categories Estrada Internacional

2022, ano de decisões para as WorldTeams

A polémica distribuição de pontuações

De facto, o sistema de atribuição de pontos delineado pela UCI carece de algum equilíbrio entre corridas por etapas e clássicas, já que o peso atribuído às corridas de um dia, particularmente da categoria ProSeries, .1 e .2, é algo exagerado. Com exceção das equipas que têm plantel para discutir vitórias em provas por etapas e clássicas WT, e que são um lote restrito, ainda mais com a concentração de talento que se tem vindo a verificar, todas as outras terão de ir à procura de pontos valiosos nas clássicas ProSeries e .1, onde, normalmente, a concorrência é menor, mas a distribuição de pontos é maior. E nem mesmo um top-10 em etapas de grandes voltas ou corridas de uma semana do WT são grande salvação, tendo em conta que apenas os cinco primeiros lugares são pontuáveis (e o quinto classificado arrecada uns míseros cinco pontos).
E mais uma vez, vamos usar a Lotto Soudal como exemplo. A equipa belga é, surpreendentemente, a quinta equipa com mais vitórias na temporada, com 11 (mais uma vitória na classificação geral do Saudi Tour). No entanto, dois terços destes triunfos aconteceram em provas por etapas WT (uma etapa no Tirreno-Adriático) ProSeries (duas etapas na Volta à Turquia) e .1 (duas etapas no Tour des Alpes Maritimes et du Var e duas etapas no Saudi Tour), nas quais os pontos atribuídos são residuais. Por outro lado, vemos que a Arkéa-Samsic, apesar de ter o mesmo número de vitórias em clássicas Pro Series + .1 (quatro) que a Lotto Soudal, tem uma enormidade de top-10 nestas mesmas corridas, e isto são pontos preciosos que se refletem na diferença de ranking destas duas equipas. Um bom exemplo que mostra a disparidade deste sistema de pontuação é que as duas vitórias em etapas de Caleb Ewan na Turquia valeram tantos pontos quanto a vitória de Elmar Reinders na Arno Wallaard Memorial (uma clássica .2).

Obviamente, já se começam a levantar algumas vozes contestatárias, especialmente nas equipas dos “aflitos”. Matt White, diretor desportivo da Team BikeExchange, em declarações ao Cycling Weekly, referiu que “este sistema de pontos necessita de uma revisão. Não faz qualquer sentido que uma corrida 1.1 tenha tanto valor. Algumas destas corridas contam com três equipas WorldTour. Como é que isso vale mais do que uma etapa do Tour de France? Se um dos nossos rapazes terminar em quarto lugar hoje (etapa da Volta ao País Basco), uma prova do WorldTour, não recebem nenhum ponto, mas se fossem à Volta a Limburg, uma prova 1.1, e conseguissem um 10º lugar, obtinham 20 pontos.