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2022, ano de decisões para as WorldTeams

O cenário após a atualização mais recente do ranking

Estes dados podem ajudar-nos então a perceber os últimos meses fulgurantes de algumas equipas, principalmente a Arkéa-Samsic e a Intermarché-Wanty. Das equipas anteriormente mencionadas, e que estavam na corda bamba no início de 2022, foram as que maior número de posições no ranking subiram (quatro e três posições, respetivamente). A Arkéa-Samsic, com apenas três meses de temporada decorridos, já conquistou quase tantos pontos como na temporada passada, e mais mil pontos do que no ano de 2020. A excelente época da Arkéa-Samsic está refletida na sexta posição do ranking da UCI 2022, sendo apenas ultrapassada, e excluindo as big three Quick-Step Alpha Vinyl, Jumbo-Visma e INEOS Grenadiers, pela Bahrain-Victorious e Bora-hansgrohe. Já a Intermarché-Wanty, basta dizer que, esta temporada, fez “apenas” menos 464 pontos que a Arkéa-Samsic, sendo a sétima melhor equipa de 2022. Por outro lado temos a Lotto Soudal, que apesar de um bom início de época, nomeadamente nos meses de fevereiro e março, não conseguiu manter esses resultados de forma consistente a partir daí. O que a coloca, neste momento, numa situação muito periclitante, a par da Israel-Premier Tech.

Última atualização do ranking por equipas a três anos (03/05/2022)

Se analisarmos a distribuição dos pontos de cada uma destas equipas, conseguimos perceber onde está o “ouro”: nas clássicas. E a Arkéa-Samsic tem sabido correr bem com isso. Aquele que aporta maior quantidade de pontos à equipa francesa é, sem surpresa, Nairo Quintana. Tendo em conta as características do colombiano, a sua qualidade e a fugacidade com que entra sempre em cada temporada, todos os pontos amealhados por ele foram conseguidos em corridas por etapas, nomeadamente nas provas do World Tour Paris-Nice e Volta à Catalunha, mas também com as vitórias no Tour des Alpes Maritimes et du Var e Tour de la Provence. No entanto, os três melhores pontuadores seguintes, Warren Barguil, Nacer Bouhanni e Hugo Hofstetter, conseguiram 83%, 99.5% e 98% dos pontos, respetivamente, em clássicas, nomeadamente clássicas 1.Pro e .1. E este trio é responsável por cerca de 46% dos pontos da equipa em 2022.

O mesmo padrão é observado na Intermarché-Wanty. Por exemplo, o melhor pontuador da equipa, Alexander Kristoff, conseguiu 98.5% dos seus pontos com os bons resultados obtidos em clássicas, nomeadamente com as vitórias na Scheldeprijs e na Clasica de Almeria, mas também com os terceiros lugares alcançados na Eschborn-Frankfurt (WT) ou na Milão-Turim (ProSeries). Mas o exemplo paradigmático é mesmo Biniam Girmay, já que a totalidade dos 958 pontos do eritreu foram ganhos em clássicas, com destaque para a mediática vitória na Gent-Wevelgem, ou o quinto posto na E3 Saxo Bank Classic. Mas para termos uma ideia, a vitória no Trofeo Alcudia, uma prova .1, valeu a Girmay 125 pontos; e o sétimo lugar na Faun Drome Classic, mais 60.

Já a Lotto Soudal não tem conseguido estar a bom nível nas clássicas, com exceção de alguns resultados brilhantes de Arnaud De Lie. E o jovem talento belga é de facto o melhor pontuador da equipa, e aquele que se consegue equiparar com os melhores pontuadores da Arkéa-Samsic ou da Intermarché-Wanty, por exemplo. A Lotto Soudal sofre, talvez, a consequência de ter um plantel curto em termos de líderes. A pressão para conseguir resultados tem estado, maioritariamente, nos ombros do Pocket Rocket, Caleb Ewan, que viu a Covid-19 bater-lhe à porta no início do mês de fevereiro, afetando a sua preparação…e a pontuação da equipa. E as contratações de Victor Campenaerts e Philippe Gilbert revelaram-se um tiro pouco certeiro, apesar de um par de top-5 de Campenaerts em clássicas WT. Já Tim Wellens parece só ter gás para o primeiro mês da temporada, já que 83% dos pontos do belga foram obtidos até à primeira semana de março. Além de um problema de profundidade do plantel, que a equipa tentou colmatar com as recentes contratações de Reinardt Janse van Rensburg e Carlos Barbero, o planeamento das corridas e o escalonamento dos ciclistas para cada competição parece também não ser o melhor. E não teria de ser uma preocupação. No entanto, o contexto (e estes regulamentos) assim o exige.