O Campeonato do Mundo
Eu já estava com o Rui há muitos anos e estava lá. Por acaso era a única pessoa da família que lá estava, os pais estavam a ver cá em Portugal. Foi uma emoção que até hoje é impossível de esquecer […]. Sabíamos que o Rui estava bem, que era (e é) um atleta fantástico, que estava no auge da sua carreira, que tinha tido resultados maravilhosos nesse ano, mas daí a ser campeão do mundo, nem nos nossos melhores sonhos isso teria acontecido
Carla Costa
Este é o resumo de tudo aquilo que Carla viveu, em conjunto com o restante contingente da Federação Portuguesa de Ciclismo, no Campeonato do Mundo de Florença, corria o ano de 2013.
Eu estava nas boxes de apoio, junto com a Federação Portuguesa de Ciclismo, a ver num ecrã pequenino com o staff, tal como outras famílias lá estavam, e éramos a minoria. Eu lembro-me que Portugal era das únicas federações naquele campeonato do mundo que não tinha autocarro. Todos tinham autocarro, todos tinham mordomias, nós não tínhamos nada […]. Serve de lição de vida que não é a dimensão da equipa que define o resultado de qualquer atleta. Porque nós éramos a seleção mais pequena daquele mundial.
Carla Costa
Os meios eram escassos. À seleção nacional foi atribuída uma pequena box, partilhada com outra seleção, e um carro de apoio, também ele partilhado. Não havia autocarro, antes uma pequena carrinha onde Rui Costa, Tiago Machado e André Cardoso se equiparam. Mas nem as parcas condições inibiram a ambição com que os três ciclistas abordaram aquela prova. E Carla Costa continua o impressionante relato:
A corrida foi-se desenrolando, volta após volta, com colegas do Rui a desistir, que vinham ter connosco e que acompanharam juntamente connosco a corrida […]. Eu só gritava e não conseguia falar, quando vi que era possível o Rui fazer medalha, para nós, seleção portuguesa, numa box miniatura, era um feito inédito […]. Como era um feito inédito, todas as seleções cujos atletas já tinham desistido terem vindo ter connosco para acompanhar. [Quando o Rui ganhou], foi fantástico e uma emoção que jamais vou esquecer. Estávamos na box e tínhamos uma caminhada longínqua até ao pódio, corremos por todos os lados para conseguir ver o Rui a receber a medalha. Era tão longe da box ao pódio, que quando lá cheguei já estava a tocar o hino nacional. Não consegui cumprimentar o meu marido, na altura ainda namorado, antes de subir ao pódio e quando o vi, ele já estava no palco, eu só chorava, ele viu-me e começou a chorar também […]. Foi um dia fantástico, único e espero que os portugueses nunca se esqueçam, porque o Rui merece.
Carla Costa
Um dia fantástico, não só para aqueles que acompanharam e sentiram as emoções no terreno, como também para todos os portugueses que ligaram as streams para conseguirem acompanhar a prova, em tempo real, a partir de casa, uma vez que não houve transmissão da prova nos canais televisivos nacionais. Para Carla Costa, a importância deste dia não se prende somente com a experiência vivida ao vivo, mas também com as suas consequências no geral:
O próprio Presidente da Federação Portuguesa de Ciclismo disse que no ano após o Rui ter sido campeão do mundo, o crescimento do ciclismo foi exponencial. Obviamente que os pais com crianças pequenas não querem colocar os filhos em modalidades que não têm futuro de crescimento, mas quando viram que era possível pôr um atleta nos melhores do mundo, começam a apoiar os filhos nesse sentido. No ano seguinte, tínhamos autocarro, apoio, mecânicos, massagistas, uma logística incrível que continua até hoje. Passou a haver uma imensidão de benefícios para o ciclismo nacional […]. O Rui foi a chave da viragem.
Carla Costa
Muito mudou no ciclismo português após a conquista do Campeonato do Mundo por Rui Costa em 2013, assim como viria a mudar após o 4º lugar de João Almeida no Giro d’Italia de 2020. A mostra de que é possível a um atleta nacional alcançar o topo numa determinada modalidade constitui sempre o principal incentivo à sua prática. A vitória do Rui conduziu à abertura imediata de todo um leque de novas condições atribuíveis aos corredores da modalidade pela Federação Portuguesa de Ciclismo, anteriormente inexistentes.

Foto: Arquivo pessoal
O Rui e a Carla são um casal fantástico que admiro muito e também tenho um carinho muito grande, eu costumo lhes dizer são duas estrelinhas, conceguem sempre ultrapassar as várias fazes da vida até as menos boas e a isto chamo Amor e afeto.
A força um do outro é sempre para uma mas s valia na melhor de cada etapa e conquista.
A força de acreditar sente-se neste casal que admiro imenso.
Grande abraço
Olga
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