Jonas Vingegaard prepara-se para correr a Volta ao Algarve! Então, em conferência de imprensa, o campeão do Tour de France em 2022 e 2023 fez a antevisão de uma prova que representa uma incógnita para si, mas que está “muito motivado” para correr.
A incógnita provém de uma mudança de calendário. É que as épocas de Vingegaard, bem como do seu rival Tadej Pogacar, são mega-projetos que têm o Tour como finalidade e que, pelo meio, vão elevando o ciclismo para níveis nunca antes vistos. Como Pogacar arrasou a concorrência em 2024, o voltista dinamarquês sentiu os ventos da mudança e agora, quer aproveitá-los para ganhar vantagem.
Foi neste sentido que trocou o velho camiño por uma nova volta: “O Gran Camiño é uma boa corrida, gostei muito de a correr, só não gostei do tempo nos últimos dois anos… Claro que também pode fazer mau tempo aqui, como hoje [terça-feira, 18]. Mas estou feliz por estar à partida“, explicou Vingegaard aos jornalistas que marcaram presença no hotel da Visma-Lease a Bike.
“Sinto que dei um passo em frente”
“Tem sido um bom período, para ser honesto. Fiz bons treinos nas últimas 4/5 semanas. A forma está a chegar e estou entusiasmado para correr outra vez. Passou algum tempo desde a minha última corrida, mas agora estou entusiasmado“, começou por dizer Jonas Vingegaard na conferência de imprensa. De seguida, ele não pode deixar de confessar os seus mais verdadeiros sentimentos: “Tenho saudades de correr. Adoro correr e adoro este trabalho!”
De seguida, ele deixou esta frase: “Precisava da off season mais cedo no útlimo ano, por causa de tudo o que aconteceu.” Apesar de surgir no parágrafo anterior, os jornalistas aproveitaram-na para recuar à temporada de 2024. Após uma queda muito grave na Volta ao País Basco, a preparação de Vingegaard para o Tour de France ficou condicionada. Mesmo assim, ele desafiou as probabilidades só por participar na corrida e no fim, não obstante o domínio absoluto de Tadej Pogacar, levou um honroso 2º lugar.
O projeto da UAE Team Emirates-XRG com o craque esloveno permitiu-lhe chegar a números históricos de potência, particularmente na ascensão ao Plateau de Beille (etapa 15), enquanto Vingegaard, mesmo em processo de recuperação, também registou máximos de carreira. Agora, há expectativa para perceber se ele consegue bater a fasquia do rival: “É difícil saber, mas sinto que dei um passo em frente. Sinto-me forte neste momento. Claro que nunca sabes aquilo que os outros fizeram, só me posso focar em mim mesmo. E foquei-me, durante todo o inverno, em tentar ser o melhor possível.”
Ainda no ano passado, após um período desafiante a nível pessoal, Jonas Vingegaard e a esposa Trine Marie Hansen foram pais de um menino. “Acho que ter o primeiro filho muda mais [a vida de uma pessoa] do que ter um segundo. Mas claro, também muda quando tens dois filhos. Adoro cada dia com eles!” Assim, só o amor familiar consegue fazê-lo esquecer a outra paixão: “Quando estou em casa, nem olho para as corridas“, confessou Vingegaard para surpresa da audiência.
Neste inverno, Jonas Vingegaard não fez nenhum campo de altitude, o que representou outra mudança face a anos anteriores. Segundo ele, “o segundo filho não está relacionado” com esta decisão tomada com a Visma-Lease a Bike. “Apenas pensei em experimentar algo novo. Então decidimos não fazer o campo de altitude, estar mais fresco na primeira parte da época e ter esperança que isso beneficie a segunda parte”, contou.
“Espero tornar a corrida difícil”
A Visma-Lease a Bike é uma das melhores equipas do mundo, e o seu alinhamento para esta Volta ao Algarve cumpriu com os padrões de excelência. Com nomes como Wout Van Aert, Sepp Kuss, Wilco Kelderman ou Tiesj Benoot ao seu lado, Jonas Vingegaard prontamente admite que “temos uma equipa muito forte, não sou o único que pode fazer alguma coisa. Portanto vamos tentar ganhar.”
Para além das ambições de Vingegaard à vitória na classificação geral, Van Aert tem chegadas ao seu jeito em Tavira (etapa 3) e Faro (etapa 4).”Tento sempre dar algo aos meus companheiros de equipa quando consigo. E se houver uma oportunidade para ajudar o Wout, estarei feliz por fazê-lo“, admitiu o ciclista dinamarquês. “Mas, obviamente, vou para a geral e também tenho de pensar nisso“, complementou.
Questionado sobre se o contrarrelógio até ao Alto do Malhão (etapa 5) pesou na decisão de correr a ‘Algarvia’, Vingegaard respondeu que “é um bónus, mas já tinhamos decidido [correr esta prova] antes de conhecer o percurso”. No ano passado, a Visma-Lease a Bike melhorou o seu material de contrarrelógio, inclusive os famosos capacetes. Este ano, apenas “pequenas coisas” foram alteradas: “Veremos essas mudanças no domingo. Eu tenho esperança que sejam boas”, afirmou o ciclista.
Por último, a par de Jonas Vingegaard, tanto Primoz Roglic como João Almeida perfilam-se como os maiores candidatos à conquista da 51ª Volta ao Algarve. “Está um pelotão muito forte aqui. Obviamente tenho de estar num nível muito alto. Espero derrotá-los na classificação geral“, afirmou sem rodeios. Sobre o ciclista português, Vingegaard acatou os seus elogios e concluiu: “Espero tornar a corrida difícil para ele.”
Foto de capa: Charly López/Visma-Lease a Bike
