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Campeonatos do Mundo CX: Mathieu, Wout, o Olimpo espera-vos.

Elite Masculino

E depois de tanta espera, as 14h do dia 5 de fevereiro de 2023 tinham finalmente chegado. O evento porque todos esperavam há semanas, a corrida cabeça de cartaz destes Campeonatos do Mundo de Ciclocrosse, e prova disso foi o banho de multidão que encheu Hoogerheide, com mais de 40 mil (!!) pessoas a rumar ao circuito para assistir a história ser feita. Todas as atenções, todo o peso de milhões de olhos recaiam em cima de dois nomes: Mathieu Van der Poel (Países Baixos) e Wout Van Aert (Bélgica). A tensão era enorme, e a corrida já tinha começado ainda antes do tiro de partida, já que Van Aert, fruto do 9º lugar na geral da Taça do Mundo e, consequentemente, ter partido na segunda linha da grelha, escolheu colocar-se imediatamente atrás de Van der Poel.

E a seleção da casa que começou da melhor maneira, com Lars Van der Haar a sair disparado na frente da corrida para a entrada na zona de campo, com Van der Poel na sua roda, Joris Nieuwenhuis e Van Aert, que lutou nos primeiros metros para rapidamente se colar a Van der Poel.

Mas cedo a corrida se resumiu aos dois atores principais. Ainda a meio da primeira volta, Van der Poel desferiu um ataque na zona inclinada do percurso que apenas foi respondido por Van Aert. E assim, ao fim de três minutos e meio de corrida, começava a batalha que todos queriam ver. No final da primeira volta, o restante pelotão, que nesta fase ainda era numeroso, já seguia a 16 segundos do duo.

Van Aert assumiu pela primeira vez a liderança da corrida no início da terceira volta, e assim se manteve até Van der Poel tentar novamente descolar o belga, exatamente no mesmo local da primeira tentativa, mas as forças estavam bastante equiparadas. Atrás, era o campeão europeu e belga Michael Vanthourenhout e o surpreendente Gerben Kuypers que, isolados, faziam a perseguição, mas já a cerca de 30 segundos.

Nas voltas seguintes a corrida seguiu frenética, mas ninguém conseguia verdadeiramente fazer a diferença, apesar de mais um par de tentativas de Van der Poel. Com isto, na oitava e nona voltas o ritmo baixava significativamente na cabeça da corrida, o que permitiu a aproximação de Lars van der Haar e Eli Iserbyt, que, entretanto, tinham ultrapassado Kuypers primeiro, e depois Vanthourenhout, na segunda metade da corrida. A vantagem dos dois “monstros” caía para os 15 segundos.

Mas o guião já estava escrito, e não poderia ser de outra forma. Os fãs não “perdoariam”. Seria na derradeira volta da corrida que o dois rivais de sempre iriam discutir entre si o título mundial, a tão ambicionada camisola do arco-íris. Van Aert assumiu a liderança na zona mais técnica da floresta, tentando colocar Van der Poel sob pressão, mas o neerlandês não vacilou e passou ele para o comando logo de seguida. Antes das traves, local onde Van Aert sentira mais dificuldades durante toda a corrida, foi a vez do belga passar a ditar o ritmo e foi assim que abordaram a escadaria e a reta final. Após a entrada na reta, Van der Poel lançou o sprint de surpresa, e impulsionado pelos gritos ensurdecedores da multidão, não olhou mais para trás até ao risco de meta. Van Aert ainda tentou com todas as forças alcançar o rival, mas já nada havia a fazer. Depois de 1:07:20 h repletas de emoção, êxtase, e do melhor ciclocrosse do mundo, Van der Poel levantava os braços para vestir a quinta camisola de campeão do mundo. Van Aert caiu de pé, num honroso 2º lugar. A terceira posição foi discutida ao sprint entre Iserbyt e Van der Haar, mas desta feita a medalha caiu para o lado belga, com Iserbyt a cruzar a meta a 12 segundos.