Amanhã, dia 6 de agosto, arranca mais uma edição da maior prova do ciclismo nacional: a Volta a Portugal em bicicleta. A 86.ª edição d’A Grandíssima terá início na Maia, em plena Área Metropolitana do Porto, e terminará cerca de semana e meia depois, em Lisboa, após 1581 km’s distribuídos por 11 dias de competição.
Para além das tradicionais chegadas a Fafe, Bragança e Viseu, e das exigentes etapas com final na Senhora da Graça e na Torre, a edição deste ano traz alguns regressos a locais que outrora abrilhantaram a corrida, além de novidades interessantes no percurso!
Entre os regressos mais marcantes destaca-se a cidade da Maia, que voltará a acolher o início da Volta a Portugal após 23 anos de ausência, e a Serra de Montejunto, que receberá um final de etapa, repetindo um feito que remonta a 1983. Já entre as novidades da edição de 2025, sobressaem o final inédito no Santuário do Sameiro, uma subida que antes servia apenas para endurecer a corrida antes da chegada à cidade de Braga, e a estreia de Ferreira do Zêzere como local de partida de uma etapa d’A Portuguesa.
Ao longo do dia de hoje, a Portuguese Cycling Magazine apresenta a antevisão completa da corrida, num guia especial dividido em três partes. Nesta primeira parte, fica a par de tudo o que precisas de saber sobre o percurso deste ano!
Prólogo (quarta-feira – 06/08): Maia – Maia (3,4 km’s)

Como já é habitual, a Volta a Portugal começa com o tradicional prólogo, que atribuirá a primeira camisola amarela da 86.ª edição. O traçado, curto mas explosivo, favorece os ciclistas potentes e de constituição mais robusta. Apesar dos apenas 3,4 quilómetros de extensão, os corredores mais leves e menos à vontade no esforço individual poderão sair penalizados logo na jornada inaugural.
1.ª etapa (quinta-feira – 07/08): Viana do Castelo – Braga (Santuário do Sameiro) (162,3 km’s)

A 1.ª etapa em linha d’A Grandíssima ligará Viana do Castelo ao Santuário do Sameiro, na cidade de Braga, num total de 162,3 quilómetros. Ao longo da tirada haverá vários pontos de interesse, como as três metas volantes – em Valença, Ponte da Barca e Vila Verde – e quatro prémios de montanha – localizados em Extremo, Portela do Vade e no Santuário do Sameiro (que será ultrapassado por duas vezes) – que serão decisivos para desvendar o primeiro líder da classificação da montanha.
A subida final ao Sameiro será fundamental para determinar o vencedor da etapa, assim como poderá criar algumas diferenças na luta pela camisola amarela, já que os 6,4 km’s a 6,1% de inclinação média representam um desafio suficientemente exigente para isso.
2.ª etapa (sexta-feira – 08/08): Felgueiras – Fafe (167,9 km’s)

A 2.ª jornada da Volta a Portugal terá início em Felgueiras e terminará em Fafe, local de grande tradição na história da prova. Ao longo dos 167,9 quilómetros, o pelotão enfrentará um percurso algo sinuoso, com três metas volantes – em Marco de Canaveses, Paredes e Lousada – e uma contagem de montanha de 4.ª categoria, situada em Baltar, antes da primeira passagem pela linha de meta.
Os últimos 40 quilómetros serão marcados pela subida até à Casa do Penedo (1,6 km’s a 7,3% de pendente média), um esforço particularmente singular por ser realizado sobre terra batida. Este setor, com cerca de 4 quilómetros, integra anualmente o percurso do Rally de Portugal. Contudo, após a descida, os ciclistas ainda terão de enfrentar uma contagem de montanha de 4.ª categoria, em Golães, antes de cruzarem novamente, e desta vez em definitivo, a linha de meta instalada em ligeira subida.
3.ª etapa (sábado – 09/08): Boticas – Bragança (185,2 km’s)

A 3.ª tirada d’A Portuguesa será a mais longa desta edição, ligando a vila de Boticas à cidade raiana de Bragança, num percurso de 185,2 quilómetros. Menos de 20 quilómetros após o tiro de partida, o pelotão enfrentará uma contagem de montanha de 3.ª categoria, em Alturas do Barroso, que poderá ser decisiva para a definição da fuga.
Após a passagem pela meta volante em Chaves, a etapa intensificar-se-á, com três prémios de montanha em menos de duas horas de corrida: primeiro, a subida à Serra do Brunheiro (9,7 km’s a 4,5%), seguida por Rebordelo (4,8 km’s a 5%) e, por fim, a ascensão à Serra da Nogueira (8,1 km’s a 6,6%), a primeira contagem de montanha de 1.ª categoria da Volta a Portugal de 2025. No entanto, os últimos 50 quilómetros serão mais suaves, favorecendo um final ao sprint num grupo reduzido ou um ataque já nos momentos finais da etapa.
4.ª etapa (domingo – 10/08): Bragança – Mondim de Basto (Senhora da Graça) (182,9 km’s)

No primeiro domingo da 86.ª edição da Volta a Portugal, o pelotão enfrentará uma das etapas rainha da prova. A 4.ª jornada terá início em Bragança – cidade onde terminou a tirada anterior – e culminará no emblemático Santuário da Senhora da Graça, no alto do Monte Farinha, ao cabo de quase 183 quilómetros de percurso. Com exceção da meta volante instalada em Macedo de Cavaleiros, os 100 quilómetros iniciais funcionarão apenas como um aperitivo para a difícil fase final da etapa.
O primeiro teste à resistência dos ciclistas será o Alto do Pópulo (8,4 km’s a 4,3%), que deverá eliminar os sprinters do pelotão. Seguem-se as subidas de Leirós (6,2 km’s a 4,2%) e da exigente Serra do Alvão – uma contagem de 1.ª categoria com 10,3 km’s a 6,8% de inclinação média – que poderá ser aproveitada estrategicamente pelas segundas linhas das equipas que lutam pela vitória final d’A Grandíssima. No entanto, a principal dificuldade do dia surgirá logo após o sprint intermédio em Mondim de Basto: os 8,4 quilómetros a 7,2% de pendente média até ao Santuário da Senhora da Graça serão decisivos para provocar as primeiras grandes diferenças de tempo e poderão, eventualmente, ditar uma mudança na liderança da classificação geral.
5.ª etapa (segunda-feira – 11/08): Lamego – Viseu (155,5 km’s)

Depois de uma das etapas rainha da edição de 2025 e antes do dia de descanso, os ciclistas encaram a 5.ª tirada da Volta a Portugal, que ligará a histórica cidade de Lamego a Viseu, num percurso de 155,5 quilómetros. O terreno será favorável a altas velocidades até à meta volante no Peso da Régua, mas a partir daí a etapa torna-se um pouco mais desafiante, com a subida até Bigorne – um troço de quase 30 quilómetros, mas com uma pendente média de apenas 3%. Após o prémio de montanha de 2.ª categoria, a corrida entra no concelho de Castro Daire, onde se encontra a contagem de 4.ª categoria.
Já depois da passagem na Ponte Pedrinha, o pelotão abandona a EN2 e segue pela EN228, iniciando a subida até à Carranqueira. Ultrapassada esta pequena dificuldade orográfica, os atletas atravessam várias freguesias do concelho de São Pedro do Sul até chegarem à meta volante instalada na cidade termal. O terreno volta a inclinar até Ribafeita (8,3 km’s a 3,3%), mas é expectável que um pelotão ainda numeroso chegue compacto à cidade de Viseu. Após uma primeira passagem pela linha de meta na Avenida da Europa, o circuito final promete uma chegada ao sprint, onde o posicionamento à saída do túnel de Viriato será determinante para descortinar o vencedor da etapa.
6.ª etapa (quarta-feira – 13/08): Águeda – Guarda (175,2 km’s)

Volvido o dia de descanso, a 6.ª etapa d’A Portuguesa assinala o regresso à estrada com aquela que será a jornada com maior desnível acumulado desta edição, levando o pelotão de Águeda até à Guarda, ao longo de 175,2 quilómetros. A subida ao Moinho do Pisco (contagem de 2.ª categoria) será o local ideal para a formação da fuga, que poderá assumir um papel decisivo nesta tirada. Num terreno “rompe pernas”, os atletas passarão em três metas volantes – em Mortágua, Oliveira do Hospital e Gouveia – antes da fase decisiva, composta por quatro prémios de montanha.
Os últimos 40 quilómetros serão marcados pelas ascensões a Prados (6,1 km a 6,2%) e a Videmonte (3,7 km a 7,4%), pontos cruciais para o aumento significativo do ritmo no pelotão, antes da subida à Guarda de 6,4 km’s a 4,4% de pendente média. Efetuada a descida, a dianteira da corrida iniciará a escalada final à cidade mais alta de Portugal: 3,1 km’s a 6,2% de inclinação, um local que, nos dois últimos anos, foi o palco preferido do já retirado Luís Ángel Maté.
7.ª etapa (quinta-feira – 14/08): Sabugal – Covilhã (179,3 km’s)

A 7.ª jornada da 86.ª edição da Volta a Portugal terá início na cidade do Sabugal e levará os ciclistas ao ponto mais alto do território nacional: a Torre, no coração da Serra da Estrela. O percurso até à Covilhã não apresenta grandes dificuldades, com apenas com duas metas volantes – em Penamacor e Belmonte – e um prémio de montanha em Sarzedo (5 km’s a 4,9%) que servirá para aquecer os motores antes da subida final.
Ultrapassado o sprint intermédio nas portas da Serra da Estrela, já em leve ascensão, começa a única montanha de categoria especial d’A Grandíssima: uma subida de 23 km’s a uma média de 6,3%. Ainda assim, esta vertente da Torre inclui uma curta zona de alívio com cerca de 2 quilómetros, que suaviza a dureza de uma subida cuja inclinação ultrapassa os 7% na maioria do traçado. Após esta tirada, é expectável que a classificação geral sofra uma nova e significativa alteração, já que se trata de uma montanha que exige mais de uma hora para ser concluída. Habitualmente, as diferenças entre os dez melhores classificados na etapa costumam ultrapassar o minuto e meio.
8.ª etapa (sexta-feira – 15/08): Ferreira do Zêzere – Santarém (178,2 km’s)

Em pleno feriado, o 8.º dia d’A Grandíssima ruma a sul com uma tirada de 178,2 quilómetros entre Ferreira do Zêzere – que se estreia como local de partida na Volta a Portugal – e Santarém. O terreno até à capital do Ribatejo não apresenta grandes dificuldades, sendo apenas pontuado por dois prémios de montanha de 4.ª categoria – em Abrantes e na primeira passagem por Santarém – e três metas volantes: em Constância, Alpiarça e no Cartaxo, terra natal do tetracampeão da prova, Marco Chagas. A fase decisiva da etapa reserva aos ciclistas uma ligeira inclinação de cerca de mil metros, com pendente média em torno dos 6%, favorecendo os sprinters versáteis ou os punchers do pelotão.
9.ª etapa (sábado – 16/08): Alcobaça – Montejunto (174,4 km’s)

Na última jornada em linha da Volta a Portugal de 2025, o pelotão partirá de Alcobaça rumo ao ponto mais alto da região do Oeste, o Alto de Montejunto, após 174,4 quilómetros marcados por passagens em terras simbólicas para o ciclismo português. No que concerne ao perfil da etapa, não se anteveem grandes dificuldades até ao início da subida final.
O traçado é pautado por três metas volantes em localidades profundamente enraizadas na história e no presente do desporto velocipédico nacional: primeiro, a passagem pelas Caldas da Rainha, terra natal de dois dos maiores nomes da atualidade, António Morgado e João Almeida; depois, a incursão em Torres Vedras, berço do eterno Joaquim Agostinho e de outros corredores ilustres; e, por fim, o Bombarral, outro nome familiar ao pelotão nacional. A ascensão ao Alto de Montejunto coincide com um prémio de montanha de 1.ª categoria, com 5 km’s de extensão e uma exigente pendente média de 8,3%, perfil ideal para trepadores explosivos, menos talhado para os chamados escaladores “a diesel”. Esta será a última oportunidade para movimentações decisivas na classificação geral antes da derradeira luta contra o cronómetro, em Lisboa.
10.ª etapa (domingo – 17/08): Lisboa – Lisboa (16,7 km’s)

A 10.ª e última etapa da 86.ª Volta a Portugal em bicicleta será disputada em formato de contrarrelógio individual, com partida e chegada à emblemática Praça do Império, em Lisboa. Os derradeiros 16,7 quilómetros, inteiramente planos, prometem favorecer os principais especialistas do pelotão. Na luta pela classificação geral, caso as diferenças entre os mais bem colocados sejam reduzidas, o esforço individual na capital poderá ser crucial para revelar o campeão de 2025, tal como já aconteceu em edições passadas.
Mais logo, não percam a segunda parte do nosso guia que será dedicado à análise das equipas estrangeiras!