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Wollongong 2022: Entrevista com a seleção portuguesa de juniores

Corre-se esta madrugada a prova de Juniores do campeonato do mundo (23h30 – 2h30) em Wollongong, na Austrália, a primeira prova em linha destes campeonatos do mundo. A corrida terá 135 km, num percurso de oito voltas, com a subida do Mt. Pleasant (1.1km a 8,6%) a ser o ponto nevrálgico do circuito.

Perfil da prova de Juniores.
Fonte: Wollongong 2022

A seleção portuguesa parte para esta corrida com um contingente forte, sendo o culminar de uma geração que se afirmou neste dois anos como uma das mais fortes da formação de talentos nacionais, e com uma presença cada vez mais constante em palcos internacionais. E foi com os cinco integrantes da equipa nacional que tivemos a oportunidade de conversar antes da corrida de hoje (amanhã em horário australiano).

António Morgado é a “estrela da companhia”, um dos corredores em maior destaque no panorama de juniores a nível mundial neste momento, com quase 50 vitórias nestes dois anos a correr no escalão. Apontado pelos especialistas como um dos maiores favoritos às medalhas, a par de nomes como Jan Christen, Emil Herzog, Mathieu Kockelmann, Vlad van Mechelen e Jørgen Nordhagen. O corredor nacional, que foi 6º nos Mundiais de estrada do ano passado, não assume o favoritismo ressalvando que “este percurso não é o ideal para mim” e reparte os louros e a luta pela corrida com os restantes companheiros de seleção “temos uma equipa forte, temos o Gonçalo e o Daniel que se encontram numa excelente forma, o Tiago e o José também estão ótimos, o meu trabalho vai ser ajudar no que for preciso a equipa portuguesa a chegar o mais longe possível”, mas deixou uma promessa para quem decidir apostar numa madrugada sintonizada com a Austrália “Uma coisa prometemos, vamos dar show”.

Gonçalo Tavares, tal como Morgado, já está de malas “aviadas” para a Hagens Bermans Axeon e fará aqui a despedida do escalão de júnior. Numa seleção que tem preparado com especial cuidado o ataque a este mundial, a participação no Giro Della Lunigiana, onde terminou em nono, na antecâmara destes mundiais mereceu particular destaque “sem dúvida que estas provas que temos feito pela seleção têm tido um papel preponderante na nossa preparação para estes mundiais” e reforça o bom grupo que Portugal traz para estes mundiais “Acho que temos um grupo muito forte e mesmo aqueles que só estiveram nesta última corrida se integraram muito bem“.

As peculiaridades de correr na Austrália têm marcado a história destes mundiais e foi algo que também quisemos saber dos nossos juniores. O famoso jet lag tem feito algumas vítimas, por exemplo o espanhol Ivan Romeo, e Tiago Nunes falou também dos problemas causados pela diferença horária do outro lado do mundo, “falando por mim a adaptação foi bastante rápida, senti mais efeitos no primeiro dia, sentia muito desgaste físico mas foi a única complicação que tive. Felizmente, agora está tudo tranquilo”. Já as famosas aves também não deixaram os miúdos portugueses passar intactos, com Daniel Lima a partilhar a caricata situação “Por acaso tivemos um episódio com o Morgado, em que uma gaivota foi contra o capacete dele, mais ou menos como aquele vídeo do Mollema, mas ele ficou bem, não foi nada demais.”

O outro elemento desta equipa é o alentejano José Bicho que tem uma das histórias mais inspiradoras desta modalidade. O corredor passou um momento complicado depois de uma queda na primeira prova da temporada “tive uma lesão muito grave no início da época, nessa altura estava muito confiante e estava com o bom pressentimento sobre a época, estava bastante bem preparado, após o acidente achei que aquilo tinha sido um ponto final na minha carreira como ciclista, achava que não iria recuperar, e mesmo que recuperasse eu já não ia voltar a confiar mais na bicicleta. Mas todos esses medos e inseguranças passaram logo após os primeiros treinos que fiz na rua, vi que estava ainda com mais vontade de voltar a correr.”

Recuperado do problema que o afetou estar no Mundial é sem dúvida uma vitória “eu nunca pensei chegar aonde cheguei agora, mas lutei bastante e nunca desisti. E foi isso que me trouxe até aqui, aos mundiais. Até agora foi a minha melhor conquista, vou lutar para ter outras mais.”

A seleção portuguesa de júniores vai para a estrada às 23h30 horas. Desejamos-lhes toda a sorte!

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