Chegou o novo ano! E como manda a tradição, o primeiro dia do ano no ciclocrosse é dia de homenagem a um dos que muitos consideram o melhor crosser de todos os tempos, Sven Nys. O Canibal de Baal abre as portas da sua “casa”, na vila flamenga de Baal, para acolher os melhores crossers da atualidade, no Grande Prémio Sven Nys, que este ano está incluído no calendário do Troféu X2O.
A corrida realiza-se na área pertencente ao Centro de Ciclismo Sven Nys, no terreno acidentado do Balenberg.
É por isso um circuito bastante difícil, com várias subidas curtas, mas inclinadas, duas subidas com uma extensão considerável, descidas técnicas (uma das quais com algumas lombas que permitem aos ciclistas mostrar as suas habilidades com a bicicleta), e curvas que exigem dos ciclistas técnica apurada. Caso as previsões meteorológicas se revelassem acertadas, tudo se tornaria ainda mais complicado, com o percurso repleto de lama e a obrigar os ciclistas a correr em várias zonas. É, portanto, um traçado completo e duro, que se adequa àqueles crossers mais técnicos e explosivos.
Sem a presença de Mathieu Van der Poel e Wout Van Aert, o grande favorito era, obviamente, Tom Pidcock (INEOS Grenadiers). Além disso, o atual campeão do mundo já terminou por três vezes no pódio do GP Sven Nys, e este é um circuito que se adapta perfeitamente às suas características. Por outro lado, Lars van der Haar (Baloise Trek Lions) também gosta deste tipo de dureza, além de que partia com uma desvantagem de 4 segundos para Eli Iserbyt (Pauwels Sauzen-Bingoal) na classificação geral do Troféu X2O, e teria como objetivo o assalto à liderança. Iserbyt e o seu colega de equipa Michael Vanthourenhout (Pauwels Sauzen-Bingoal) também estaria certamente na contenda, o primeiro para solidificar a sua vantagem no primeiro lugar da geral do Troféu, e o segundo porque teria aqui uma boa oportunidade de alcançar o pódio, Não esquecer que os homens da Baloise Trek Lions corriam em casa (Sven Nys é o chefe da equipa), e um elemento da equipa quereria, por razões óbvias, mostrar-se: Thibau Nys, o filho de Sven.
Na ausência de Van der Poel e Van Aert, um novo trio viria a dominar a corrida de hoje, com Pidcock, Iserbyt e Vanthourenhout a destacarem-se do resto do pelotão logo nos primeiros metros, e a rodarem isolados durante a primeira volta. Mas Pidcock queria hoje conquistar uma vitória autoritária, e logo na segunda volta despachou os seus companheiros de liderança, umas das longas subidas do percurso. A vantagem do britânico para os seus antagonistas nunca superou a dezena e meia de segundos, devido a alguns erros durante as voltas seguintes. Na luta pela quarta posição, e já longe da frente da corrida, Van der Haar ganhava vantagem em relação a Quinten Hermans, que hoje se estreava na sua nova equipa Alpecin-Deceuninck, e Jens Adams (Chocovit Cycling Team). No entanto, quando tudo parecia encaminhado para a terceira vitória na temporada para Pidcock, um golpe de teatro na última volta mudou completamente o curso da corrida: na longa descida técnica do percurso, serrilhada com pequenas lombas, o campeão do mundo perdeu o controlo da bicicleta num dos saltos, e só aterrou do outro lado da vedação, junto ao público.
Os segundos preciosos que demorou a montar na bicicleta foram o suficiente para o duo da Pauwels Sauzen-Bingoal o ultrapassar e assumir a liderança da corrida. Esta queda deixou mazelas em Pidcock, que não conseguiu acompanhar o ritmo de Vanthourenhout, e, principalmente, de Iserbyt, que pedalou com alguns metros de vantagem até à meta, garantindo a sua primeira vitória desde outubro (1:00:35 hora). O seu colega, e campeão europeu, Vanthourenhout viria a fechar na segunda posição, a 11 segundos, e Pidcock, visivelmente debilitado pela queda, ainda conseguiu fechar no pódio, mas já com 1:02 minutos de desvantagem para o vencedor.
Na classificação geral do Troféu X2O, que tem a particularidade de ser contabilizada por tempo, e não por pontos, como a Taça do Mundo e o Superprestige, Iserbyt (3:06:28 horas) aumentou a sua vantagem para Van der Haar (+ 1:27 minutos) e Vanthourenhout (+ 1:48 minutos).
A próxima semana será novamente recheada de ciclocrosse, e novamente com o regresso do Big 3. Na próxima terça-feira, dia 3, corre-se a etapa do Troféu X2O de Herentals; quinta-feira (05/01) é dia da prova do Troféu X2O de Koksijde; sábado (07/01) corre-se o Superprestige de Gullegem e finalmente, dia 8, domingo, é dia da prova da Taça do Mundo de Zonhoven.
A equipa da Portuguese Cycling Magazine deseja ainda a todos os seus seguidores e leitores um ótimo ano de 2023 recheado de boas pedaladas.
Foto: Troféu X2O