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“Todos os sprinters acabam por sonhar em alcançar a vitória neste palco icónico [Champs Élysées]” – Entrevista com Arne Marit

Escrito por Melissa Silva

Arne Marit é um sprinter belga que representa a equipa Intermarché – Wanty. Arne emergiu como um dos bons nomes no pelotão internacional desde que embarcou na aventura do ciclismo profissional. É conhecido como um ciclista de perseverança, dedicação e paixão pelo ciclismo. A capacidade física de Arne é complementada com o conhecimento que tem vindo a adquirir sobre os sprints, adicionando um toque emocionante ao seu estilo de corrida. Como ciclista belga, acaba por carregar o legado de um país que é sinónimo de excelência no ciclismo. O que distingue Arne Marit não é apenas o seu potencial promissor, mas também a sequência de resultados impressionantes na última temporada. Nesta entrevista exclusiva, exploramos o trajeto de Arne Marit no ciclismo profissional, falamos sobre as influências que o moldaram, os desafios que já superou e quais os seus objetivos para esta época.

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Arne Marit durante um training camp.
Photo: Cycling Media Agency

PCM: Arne, tens alguma corrida preferida? Alguma corrida ou evento específico que estás particularmente expectante para disputar?

AM: Pessoalmente, estou expectante por todas as corridas que acabem num sprint em grande grupo, já que este será o principal objetivo da temporada. Quanto mais sprints fazemos, mais confortáveis ficamos uns com os outros e mais preparados para o comboio. Como sprinter, queres sprintar o máximo possível, então é ótimo que a equipa me tenha elaborado um programa de treino focado essencialmente nos sprints.

PCM: Vencer nos Champs Élysées, no Tour de France, é um sonho teu, certo? Podes partilhar mais sobre isso?

AM: Vencer nos Champs Élysées, no Tour de France, é um sonho antigo meu. Para os sprinters, é o grande objetivo de carreira, e acredito que todos os sprinters acabam por sonhar em alcançar a vitória neste palco icónico.

PCM: A tua vitória mais importante até agora foi o Grand Prix du Morbihan em 2021. O que significou essa vitória para ti?

AM: Vencer o Grand Prix du Morbihan em 2021 marcou um ponto de viragem importante na minha carreira. Não me garantiu apenas uma vitória significativa, mas acabou por marcar o início da minha carreira no World Tour, enquanto corria pela Sport Vlaanderen – Baloise. Esta vitória marcou o início de um novo capítulo e deu-me a confiança necessária para competir ao mais alto nível. Tem um lugar especial no meu coração como um marco importante na minha carreira profissional no ciclismo.

N.D.R.: Em Morbihan, na Bretanha (França), há uma corrida anual de ciclismo conhecida como Grand Prix du Morbihan. Há uma longa história de corridas emocionantes e intensamente disputadas entre ciclistas profissionais neste evento. Para os amantes do ciclismo é um corrida imperdível, pois proporciona um palco para os talentos em ascensão se mostrarem, bem como nomes mais conhecidos exibirem as suas credenciais.

PCM: A família parece desempenhar um papel crucial na tua vida e carreira. Como é que a família e amigos te apoiam neste trajeto do ciclismo, e de que maneiras eles contribuem para o teu sucesso como ciclista?

AM: A minha família é o meu maior e mais importante apoio, eles estão sempre lá para mim em todos os aspectos da minha vida, incluindo o ciclismo. Ter o apoio constante e confiança nas minhas capacidades foram fundamentais para o meu sucesso desportivo. Acabo a dever-lhes muito pela estabilidade e força que trazem à minha vida. O apoio não é apenas emocional, mas, também, na prática, são os meus pilares.

PCM: Mencionaste o Giro d’Italia de 2023 como a corrida por etapas da tua vida, especialmente a etapa em que conquistaste o 4º lugar. O que tornou essa experiência especial para ti e como contribuiu para o teu crescimento como ciclista?

AM: O Giro d’Italia de 2023 foi uma experiência memorável para mim, e a etapa onde terminei em quarto lugar tem um significado especial. A natureza desafiante da corrida, especialmente porque foi a minha primeira Grande Volta, combinada com a satisfação de alcançar um bom resultado, tornou a experiência memorável. Foi uma etapa onde senti que estava conectado à dinâmica de corrida, e a experiência em geral ajudou-me a crescer como ciclista. Acabou por proporcionar um boost de confiança e foi possível demonstrar as minhas capacidades numa corrida por etapas tão exigente.

Arne Marit durante o Giro d’Italia de 2023.
Foto: Cycling Media Agency

N.D.R.: O Giro de Itália, com três semanas de ciclismo intenso e em terrenos difíceis, é uma verdadeira exposição para os melhores ciclistas do desporto. A desejada camisola rosa, que representa o líder geral, adiciona muita emoção a cada etapa. Além do espetáculo físico, o Giro d’Italia conquista os corações dos italianos e dos amantes de ciclismo com uma mistura única de riqueza cultural e grande competitividade. O evento mantém a sua reputação como uma das melhores competições do ciclismo de estrada, tecendo uma história de triunfos, desafios e paisagens deslumbrantes.

PCM: Considerando o último Giro, podes-me contar mais sobre os objetivos para as Grandes Voltas deste ano e como planeias abordar essas corridas?

AM: Este ano, planeio fazer a Vuelta a España em vez do Giro d’Italia. Estou realmente expectante por isso. Uma Grande Volta é sempre algo memorável. Três semanas de sofrimento para chegar ao final, em Madrid, é algo que aguardo com entusiasmo, acabas sempre a testar o teu corpo e colocá-lo sob muito stress, o que a longo prazo ajuda a que me torne um ciclista melhor. No ano passado, aprendi muito no Giro d’Italia, e isso também me ajudou a sentir que sou um ciclista melhor, algo possível de comprovar pelo grande desempenho nas últimas corridas da temporada que fiz!

PCM: Quais são as tuas expectativas, a nível geral, para esta temporada? Há algum objetivo pessoal que tenhas estabelecido para ti mesmo, seja em termos de desempenho, conquistas ou melhorias?

AM: Primeiro e acima de tudo, quero ter uma temporada consistente. Como temos alguns novos elementos na equipa para o meu comboio, precisamos primeiro de nos centrar em ter o comboio a funcionar. Quando a tarefa for bem sucedida podemos começar a procurar resultados positivos. O objetivo é conseguir entrar no grupo de melhores sprinters do World Tour, o que não será fácil, mas certamente é possível, ainda mais tendo connosco um bom lançador como Boy Van Poppel. Vencer no World Tour não é fácil, mas é certamente algo que procuramos fazer. Vamos começar por tentar vencer corridas de um dia no nível 1.1. Depois disso, podemos, então, concentrarmo-nos nos sprints do World Tour antes de encerrar a temporada com a Vuelta a España.

Arne Marit e a sua habitual boa disposição.
Foto: Cycling Media Agency

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