Primeiro, o atleta protagonista: espetacular vitória de Julian Alaphilippe! O ciclista da Deceuninck – Quick-Step aproveitou muito bem a subida final ao seu estilo para vencer logo a primeira etapa da Grand Boucle e ao ritmo da sua camisola de campeão do mundo. Fantástica manobra do francês que volta a vencer uma etapa em casa e é o primeiro campeão do mundo, desde Bernard Hinault, a entrar a vencer no Tour.
Em relação à etapa em si, o início deste Tour de France, começou em Brest e teve direito a quase 200 kms (com término em Landerneau), sendo que a primeira grande fuga desta Grande Volta foi composta por 6 ciclistas: RODRÍGUEZ Cristián (Team TotalEnergies), VAN POPPEL Danny (Intermarché – Wanty – Gobert Matériaux), BONNAMOUR Franck (B&B Hotels p/b KTM), SCHELLING Ide (BORA – hansgrohe), PEREZ Anthony (Cofidis, Solutions Crédits) e SWIFT Connor (Team Arkéa Samsic). Foram apanhados a cerca de 67 quilómetros para o fim, não sem antes Ide Schelling confirmar que será o primeiro líder da camisola da montanha. O holandês também venceu o sprint intermédio, que contou com Caleb Ewan (Lotto Soudal) e Peter Sagan (Bora-hansgrohe) a ganharem pontos importantes para uma luta que se prevê intensa pela camisola verde dos pontos.
Agora, sim, vamos à pessoa protagonista deste dia: com menos de 50 kms para o fim, aconteceu um dos momentos do dia e provavelmente um dos momentos deste Tour. Uma pessoa, talvez para ter um momento televisivo exclusivo ou para uma simples foto, decidiu que queria fazer parte do espetáculo e atravessou um cartaz quando o pelotão estava a passar…Tony Martin (Team Jumbo-Visma) não se conseguiu desviar, foi logo ao chão e o resto resultou numa queda coletiva com dezenas e dezenas de ciclistas. Os adeptos costumam ser o melhor do ciclismo, mas também podem ser o pior do mesmo se não tiverem a noção da responsabilidade que devem ter e do respeito que precisam de demonstrar pelos atletas.
Os ciclistas que não tinham sido diretamente afetados pela queda conseguiram disputar a etapa, mas, quase a chegarem à subida final, mais uma queda para acrescentar a este dia já pesado por estas infelicidades. “Alheio” a isso, Julian Alaphilippe atacou nos últimos quilómetros e mais ninguém o apanhou. Uma vitória digna de um campeão (do mundo)! Michael Matthews (Team BikeExchange), em segundo, e Primož Roglič (Team Jumbo-Visma), em terceiro, também conseguiram chegar aos segundos de bonificação e terminaram no pódio da etapa. Alaphilippe será o primeiro camisola amarela e tem ainda em sua posse a camisola verde.
Nota para alguns dos protagonistas afetados pelas quedas deste dia. O maior destaque vai para Chris Froome (Israel Start-Up Nation), o vencedor de 4 Tours, que ficou bastante mal depois da segunda queda e, em princípio, comprometeu aqui qualquer tipo de aspiração que ainda pudesse ter para a geral, visto que não houve nenhuma neutralização do tempo e este campeão acabou por chegar bastante atrasado. Mas outros também merecem menção: Jasha Sütterlin (Team DSM), devido à primeira queda, foi o primeiro oficialmente a abandonar a prova, sendo que Richie Porte, Wout Poels, Marc Hirschi, Ion Izagirre, Michael Woods, Tao Geoghegan Hart, Dan Martin, Alejandro Valverde, entre outros, perderam vários minutos importantes e terão de redefinir os seus objetivos ou os objetivos da equipa. Também Miguel Ángel López, Emanuel Buchmann, Guillaume Martin ou Steven Kruijswijk perderam mais de 1 minuto para o grupo dos principais favoritos.
Em relação aos ciclistas portugueses, Rúben Guerreiro (EF Education-Nippo) chegou em 56.º a 2:10 minutos, ao passo que Rui Costa (UAE-Team Emirates) acabou a etapa no lugar 96 a 5:33 minutos do vencedor da etapa.
Foto de Capa: Christophe Petit-Tesson/POOL/EPA/Newscom/MaxPPP