Terminou hoje o período que muitos consideram ser o mais entusiasmante da temporada velocipédica internacional. As clássicas da Primavera preencheram grande parte do calendário nos últimos dois meses, que alberga neste intervalo nada mais nada menos que quatro (dos cinco) monumentos: Milão- Sanremo, Volta à Flandres, Paris-Roubaix e a Liège-Bastogne-Liège. É esta última que tem a honra de encerrar a primeira parte da temporada, ou não fosse ela a rainha das clássicas, o mais antigo dos Monumentos… e aos mais velhos, devemos respeito e admiração.
La Doyenne registou hoje a sua 110ª edição, e concluiu também o tríptico das Ardenas, que abriu no passado domingo com a vitória de Tom Pidcock (INEOS Grenadiers) na Amstel Gold Race e prosseguiu com a conquista do Mur de Huy por parte de Stephen Williams (Israel-Premier Tech), na Flèche Wallonne. Os dois britânicos estiveram também presentes à partida para os 254,5 quilómetros da Liège-Bastogne-Liège, teriam de conviver com a sombra daquele que recebia o foco de todos os holofotes: Tadej Pogačar (UAE Team Emirates). Com a ausência de vencedor das últimas duas edições, Remco Evenepoel (Soudal Quick-Step) ou de Primož Roglič (BORA – hansgrohe), o nome do esloveno surgia como principal favorito ao dia de hoje, mas, no entanto, tinha de contar também com a presença de alguns adversários de peso, como o campeão do mundo, Mathieu van der Poel (Alpecin – Deceuninck), Mattias Skjelmose (Lidl – Trek) ou Santiago Buitrago (Bahrain – Victorious), para além dos dois britânicos já referidos.
O dia começou gélido em Liège, mas foi aquecendo na mesma medida em que a corrida também fazia subir o mercúrio no termómetro da animação. As primeiras mexidas aconteceram logo ao quilómetro dez, com um grupo de nove ciclistas a assumir a o papel da habitual fuga do dia. Atrás era a equipa de Pogačar que controlava o ritmo no pelotão, sem nunca soltar a rédea sobre a dianteira, que se manteve relativamente curta, nunca superando os cinco minutos.
Tranquilidade era a palavra mais adequada para definir a situação de corrida durante mais de metade dos 254 quilómetros, e poderia ter continuado a ser por mais uns minutos, não fosse uma queda interromper e alterar o rumo das coisas. À passagem da marca dos 100 quilómetros para o final, curiosamente na aproximação ao início da porção mais sinuosa do trajeto, uma queda numerosa cortou o pelotão, deixando Pogačar isolado no primeiro grupo na companhia da sua equipa. Atrás, ficaram retidos os seus maiores antagonistas, que viam o cronómetro aumentar perigosamente.
Com o pelotão a ser guiado a ritmo de cruzeiro pela UAE Team Emirates, e o desespero a bater à porta dos “cortados”, Pidcock e Mauri Vansevenant (Soudal Quick-Step) tentaram fazer a ponte para a frente da corrida, que por esta altura já pertencia ao pelotão, que, no entretanto, foi absorvendo paulatinamente a fuga do dia. A dupla composta por Pidcock e Vansevenant viria a conseguir concretizar o seu intento, num esforço que viria a revelar-se inglório, no entanto, já que atrás, o grupo de onde tinham saltado também lhes seguiu os passos. Assim, foi em pelotão compacto que a corrida seguiu em direção aos seus momentos decisivos.
Ao cabo de 6:13:48 horas, Pogačar confirmava com autoridade mais uma vitória na La Doyenne, com 1:39 minutos de vantagem sobre Bardet, e 2:02 minutos sobre Van der Poel, que venceu o sprint de um grande grupo pelo terceiro lugar.
Quanto a João Almeida (UAE Team Emirates), viria a terminar o dia na 29ª posição, a 3:52 minutos do seu colega de equipa.