Orgulho do trabalho feito até aqui e na equipa, foram os pontos fulcrais de Remco Evenepoel na conversa com os jornalistas durante o primeiro dia de descanso durante esta Vuelta a Espanha. Com a camisola vermelha de pano de fundo, Remco Evenepoel não deixou nada por responder, numa conferência que se centrou essencialmente na sua evolução e da equipa no caminho para lutar por uma grande volta.
Analisando o que ficou para trás o blega estava satisfeito com a vantagem conseguida “Sabíamos que as etapas 8 e 9 eram boas para poder ganhar tempo aos adversários, e tentamos. Claro que não planeamos ter esta vantagem, não dá para planear uma coisa dessas e estou com uma boa vantagem. É muito melhor assim do que 2 ou 3 minutos atrás.” E quanto à sua forma de correr nas primeiras etapas, sem colaboração dos adversários destacou que pediu colaboração a Enric Mas na etapa do Pico Jano, mas o espanhol não ajudou “A equipa disse-me apenas para me manter calmo, mesmo que ele não fosse colaborar, fazer o meu trabalho. Nas próximas etapas haverá equipas já a pensar em vencer etapas e nos outros lugares da geral e talvez possa ser possível seguir apenas os adversários.”
O corredor destacou ainda que esta era, no papel, a semana mais dura da Vuelta “A semana que terminou foi muito dura, todos os dias tinham mais de 2000m metros de desnível, inclusive um dia de mais de 4000m, mas a equipa esteve muito bem, muito forte, manteve tudo controlado e tudo o que fizemos durante esta semana tentaremos repetir durante as duas semanas que faltam.” e destacou também as condições climatéricas “o tempo no norte da Espanha foi muito estranho. Tivemos chuva e frio, mas também muito calor e humidade noutras etapas.” e concluiu “O descanso é muito bem-vindo”
Abordando a segunda semana o destaque foi para o contrarrelógio e para a etapa rainha da prova, em Sierra Nevada. Quanto ao crono, quando comparado com o que venceu na Volta ao Algarve no início do ano apenas é semelhante na distância, mas diferente no traçado “Aqui é completamente plano, eu conheço o percurso muito bem.” e aponta o dia de amanhã como um bom dia para ter a sua primeira vitória numa grande volta “Ainda tenho o objetivo de vencer uma etapa e acho que amanhã pode ser uma boa oportunidade“. Já sobre a etapa de Sierra Nevada Remco mostrou que não há muitos segredos para o pelotão “Todas as equipas conhecem esta etapa muito bem, toda a gente passa pela Sierra Nevada.” e não se inibiu de fazer a sua análise do percurso “A parte inicial é plana até Granada, depois temos a subida de Monachil que é mais ou menos como as que tivemos nesta primeira semana. A subida final tem duas partes, a de Hazallanas é mais dura com as rampas inclinadas e depois até a Sierra Nevada que não é tão dura.”
A questão da preparação para esta Vuelta também foi tema de conversa, com o homem da Quickstep a mostrar-se muito feliz de ver os frutos do trabalho, e aproveitou para rogar algumas pragas ao seu treinador “Subir uma parede como ontem é algo que tens de te habituar, fazer a subida com a roda da frente “a bater-te no nariz” é uma coisa muito específica. A área aqui do Sul de Espanha tem muitas subidas deste género, e não foram subidas nas quais gostei muito de treinar, até fiquei a odiar um pouco mais o meu treinador”, mas mostrou-se muito feliz pela evolução. Quanto à altitude também ressalvou o trabalho feito, novamente na zona de Sierra Nevada “Estivemos a estagiar nessa zona em Julho e início de Agosto, dormi por volta 2300m de altitude nos dois hotéis que estive, preparei-me o melhor possível para a altitude”
Tentando descartar a pressão, Remco não assumiu a sua candidatura a ganhar a Vuelta, ressalvando que é ainda a sua primeira Grande Volta, descartando o Giro do ano passado que não terminou, e que ainda prefere ir dia-a-dia, mas “descoseu-se” quando disse que espera admirar a camisola vermelha em sua casa. Sobre vestir a camisola de líder o belga mostrou-se um pouco babado com a situação “Sinto-me muito orgulhoso de entrar no autocarro com a camisola.” e também disse que a equipa planeou tudo ao milímetro para a possibilidade de ele poder ser líder da corrida, ou de outra classificação, “Nós na equipa falamos sobre isso antes da corrida começar, nós sabíamos que era algo que podia acontecer. Temos o nosso plano para que tudo corra o melhor possível, e não perder tempo por coisas que não interessam. As conferências de imprensa, os pódios, o antidoping, tentamos fazer tudo o mais rapidamente possível para poder chegar ao hotel e descansar. Até agora a equipa está perfeita nesse trabalho.”
A fechar os louros ficaram para os colegas, tendo mesmo batizado a Quickstep como “The New Wolfpack”, uma equipa que mostra que também pode discutir etapas de montanha e provas por etapas. “Eu vou usar o tempo que for necessário para falar de todos os meus colegas de equipa. Para quem viu o que eles fizeram nos últimos dias, nas duas últimas etapas de montanha, nós mostramos a nossa força. É um novo “Wolfpack”, somos mais conhecidos pelo que fazemos nas clássicas, mas estamos a mostrar o que também sabemos fazer em provas por etapas. Na minha opinião o corredor mais experiente é Dries Devenyns, ele sabe todos os passos durante uma etapa, e o Pieter [Serry] também foi importante nisso antes do abandono, mas em posicionamentos, entrar bem no final o Julian [Alaphilippe] é espetacular. Ontem ele trouxe-me em excelentes condições para o final, só tive de seguir a roda dele e sabia que ia tudo correr bem, é como estar sentado no sofá. Ver alguém fazer o que ele faz, com a camisola de campeão mundial, é muito especial. Mas a equipa sabe que todos são especiais para mim, na estrada e fora da estrada. E se virmos os números somos sempre dos que colocam mais corredores nas subidas finais. Se continuarmos assim a equipa vai mostrar a força que tem para as subidas e as provas por etapas.”
No Comment