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A Portuguese Cycling Magazine apresenta um novo formato para a sua nova rubrica: PCMInsider. Este formato consiste numa reportagem em colaboração com uma equipa de ciclismo onde damos a conhecer vários aspetos da equipa, desde a sua história e projeto à equipa propriamente dita, passando por calendários e equipa técnica.
A primeira equipa escolhida para este novo formato foi a equipa do Team Farto – BTC, equipa feminina espanhola que recentemente subiu ao escalão Continental UCI, o segundo escalão na hierarquia do ciclismo feminino, e que irá contar com a presença de três ciclistas portuguesas nas suas fileiras: a campeã nacional de estrada em título, Melissa Maia, a ‘coach’ Diana Pedrosa e a enfermeira-ciclista Liliana Jesus.
Esta reportagem irá dividir-se em três artigos. Nesta primeira parte apresentaremos a história da equipa, o projeto e as atletas, com destaque para as ciclistas lusas.
História
A equipa viu a luz do dia em 2012 pela mão do fundador, e atual presidente, Abel Farto. Inicialmente formou-se através de um grupo de amigos que saiam para fazer BTT e, pouco a pouco, foi crescendo com equipas nas categorias de base, até que em 2018 foi possível criar uma equipa feminina. Brais Dacal, atual diretor geral da equipa, chega à estrutura no final desse ano com o intuito de criar a equipa masculina Elite-Sub23, no entanto foi o ciclismo feminino que mais o motivou e passou a estar mais envolvido nessa vertente do projeto, onde soube desde logo que o principal objetivo era subir ao escalão Continental UCI. “Respeitamos os passos e crescemos de forma sustentada e humilde; espero poder consagrar o projeto por muitos anos”, Brais acrescenta. E 2021 vai ser o ano de estreia da Team Farto-BTC no escalão Continental UCI.
O Projeto
A equipa do Team Farto – BTC (“Be The Change”) é um projeto com uma filosofia diferente do habitual e que pretende ser uma mudança positiva dentro do desporto feminino e da própria sociedade. E o que é “Be The Change”? Brais Dacal explica a ideia: “queremos ser parte ativa da mudança que queremos ver; abandonar antigos papéis de género, acabar com a discriminação contra as mulheres ou limitar a pressão que as atletas profissionais enfrentam em muitos aspetos. A ideia é que, na nossa equipa, além de conseguirmos ter condições profissionais, seja dada prioridade à saúde física e mental das ciclistas, haja um ambiente saudável em todas as áreas de trabalho e onde colocamos um grande ênfase na educação da sociedade em relação à mulher”. Existem já algumas equipas que partilham desta filosofia e que estão a conseguir uma igualdade cada vez mais real. O objetivo da Team Farto – BTC é chegar a essa igualdade, mas de uma forma ainda mais ampla. Não existe só uma equipa de alto nível, procuram também trabalhar os jovens, as carreiras e os eventos e tentam educar e mudar estigmas. Uma visão holística do ciclismo feminino.
Além das Bicicletas Farto e da BTC, a formação galega conta com vários patrocinadores. Entre eles estão as as instituições públicas locais – Xunta de Galicia e Deputación de Pontevedra –, apoios de grande importância para a equipa. Como fornecedores técnicos a equipa conta com o apoio da Verge e da Abus. Para além destes existe um conjunto de pequenas e médias empresas que apoiam a equipa financeiramente e que permitem o bom funcionamento da equipa ao longo do ano. No entanto, Brais Dacal não esconde que “queremos encontrar um patrocinador forte que nos consiga dar mais solidez”, mas afirma que “felizmente temos os recursos para estarmos na estrada todo o ano”. A equipa do Team Farto – BTC para este ano de 2021 é composta por 13 ciclistas: 10 ciclistas espanholas e 3 ciclistas portuguesas. O efetivo para 2021 conta com Anna Pujol, Carla Fernandez, Diana Pedrosa, Enara López, Garazi Korta, Inés Castaño, Liliana Jesus, Melissa Maia, Pilar Jiménez, Sabela Rey, Sandra Moral, Sara Bonillo e Teresa Ripoll.
Brais Dacal falou-nos também do processo de contratação das ciclistas portuguesas para a equipa. “A Diana já estava na equipa quando eu cheguei e em 2019 demonstrou que merecia continuar no projeto”. Em 2020 chegaram a Melissa e a Liliana; Dacal confessa que “ela [Diana] e o seu companheiro Leo, que é o mecânico da equipa, falaram-me de ciclistas portuguesas” e acrescenta que lhes pediu “mais informações sobre algumas das ciclistas, onde se destacaram a Liliana e a Melissa que acabaram por se juntar ao nosso projeto”. Apesar do processo, o director geral confirma que “as três [Diana, Liliana e Melissa] mostraram que merecem ter uma oportunidade a este nível!”.
Calendário e expectativas das lusas
A época para a equipa deveria começar com a Vuelta CV, no dia 7 de fevereiro, no entanto a prova acabou por ser cancelada – tal como muitas outras acabarão por ser. Brais Dacal conta-nos que “neste momento a situação é crítica, como todos sabemos e sendo otimista não voltamos a ver corridas até abril”. Em 2020 foi possível correr de maneira segura e controlada, apesar do cenário pandémico que nos assola e, para 2021, Dacal espera que “seja possível voltar a fazer como o ano passado, com a vantagem de termos mais meses para distribuir o calendário”.
As expectativas para as ciclistas portuguesas são grandes. Conforme as seguintes declarações do diretor geral da equipa. Pedimos que dedicasse um parágrafo a cada uma delas, os quais se encontram transcritos abaixo:
“A Melissa está preparada, tanto fisicamente como mentalmente, para participar nas grandes corridas do calendário, onde se incluem as provas do WorldTour. No entanto, precisa de ganhar experiência neste tipo de pelotões e aprender a dinâmica deste tipo de corridas. Ainda tem muito bons anos pela frente e assim que se acostumar a estes ritmos e pelotões vai-se destacar, estou convencido disso. É uma ciclista muito disciplinada e bastante motivada, integra-se bem no grupo e é um grande valor para nós”.
“A Diana estará connosco pelo terceiro ano e a competir a um nível alto e 2021 deverá ser o ano da sua afirmação. É uma ciclista muito trabalhadora, disciplinada e que confia no que lhe dizes, algo que é muito importante para uma atleta deste nível. Espero que este ano possa dar o passo em frente, tornar-se uma corredora sólida, que se consiga mostrar e ajudar as companheiras de equipa”.
“A Liliana tem um sprint incrível. Desde a primeira vez que lhe pedi para sprintar num treino que vi que a sua capacidade de aceleração era muito boa. Agora só temos de garantir que ela consegue passar os momentos duros das corridas para chegar à linha de meta no pelotão e tirar proveito desse sprint. Espero que tenha um bom ano”.
Este foi o primeiro artigo do PCMInsider dedicado à equipa galega. O segundo artigo será uma entrevista a Brais Dacal, diretor geral do Team Farto – BTC, onde se irão abordar temas como a sua carreira a pedalar e agora como diretor geral. Não percam o próximo artigo da nova rubrica PCMInsider que irá sair no nosso site dia 10 de fevereiro!