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PCM Entrevista Nicolás Tivani: “Já assinei com o Louletano e está tudo fechado para que possa viajar para Portugal!”

Em entrevista exclusiva à Portuguese Cycling Magazine, Nicolás Tivani confirma que irá correr ao serviço do Louletano na próxima temporada, naquela que é uma das principais transferências do pelotão nacional. A sua relação com o ex-colega de equipa João Almeida e o período de estágio na UAE Team Emirates também foram tópicos abordados na conversa com o ciclista argentino.

Nota: Logo abaixo da versão portuguesa (traduzida), está disponível a versão original, em castelhano, da entrevista a Nicolás Tivani.

Visto que a maioria dos adeptos do ciclismo nacional não o conhece a fundo, deixámos que Nicolás Tivani, de 25 anos, se apresentasse: “Sou um corredor de média montanha, não sou um trepador nato. Gosto das etapas onde a montanha não é tão longa e em que possa chegar ao sprint num grupo reduzido”.

O sonho de ser ciclista vem desde cedo, como nos confidenciou, “desde os 13/14 anos decidi ser ciclista, ainda era muito pequeno, mas já gostava de ciclismo”. Depois de uma passagem pelo Centro Mundial de Ciclismo viajou para Itália, onde representou por duas temporadas a Uniero–Trevigiani (equipa com base italiana, mas de licença búlgara), pela mão do diretor desportivo e amigo Mirko Rossato, a quem Tivani pediu uma oportunidade para continuar a correr na Europa. “Foram bons anos [em Itália], sem números fenomenais, mas com vitórias importantes como a Ruota d’Oro. Queria fazer top-10 nos mundiais de Bergen (em 2017), o percurso favorecia-me e estava em grande forma, mas acabei em 11º e não fiquei totalmente satisfeito”.

A sua primeira vitória em solo europeu foi na Ruota d’Oro, uma corrida do calendário italiano para ciclistas do escalão Sub-23.
Foto: Arquivo Unieuro-Trevigiani

Foi no seu primeiro ano na estrutura da equipa ítalo-búlgara, em 2017, que Nicolás Tivani se cruzou com João Almeida, eram colegas de equipa naquele que era o primeiro ano de profissional para ambos. Tivani recorda que “estive a correr todo o ano com ele [João], e notava-se logo que tinha boa ‘pinta’ e que ia ser um bom ciclista, até conseguiu uma vitória na Ucrânia nesse ano”, reconhecendo ao ciclista português a “simplicidade e o carisma”. A amizade entre ambos segue nos dias de hoje “através de um grupo do WhatsApp onde continuamos todos os antigos ciclistas da Unieuro”. O argentino admite a felicidade pelo ex-colega de equipa, “é muito bom vê-lo continuar a crescer e fico contente por ver um amigo meu a cumprir um sonho”, e entre risos acrescenta que se considera um privilegiado por “poder dizer que fui companheiro de equipa dele”.

“Estive a correr todo o ano com ele [João Almeida], notava-se logo que tinha boa ‘pinta’ e que ia ser bom ciclista. Até conseguiu uma vitória na Ucrânia nesse ano.”

Nicolás Tivani sobre João Almeida, em entrevista exclusiva à Portuguese Cycling Magazine
João Almeida, à esquerda, e Nicolás Tivani, à esquerda ao fundo, foram colegas de equipa em 2017.
Foto cedida pelo entrevistado

O argentino estreou-se a correr em Portugal nessa mesma temporada, estando presente na Volta a Portugal, curiosamente sem a presença de João Almeida, o único português da equipa e que viajava na altura para os campeonatos europeus, em Herning, Dinamarca. Novamente entre risos, Nicolás recorda-se de “coisas más na Volta a Portugal, apesar de ser uma corrida linda, com muito calor e terreno bastante duro”, porém admite, com alguma pena, “que cheguei num mau momento, já que a equipa tinha o convite da organização mas só à última hora confirmaram a participação e fui um bocado fora de forma, mas acabei por terminar a prova”.

A Unieuro-Trevigiani foi convidada para a Volta a Portugal e Tivani foi um dos escolhidos para a prova rainha do ciclismo nacional.
Foto: Arquivo Unieuro-Trevigiani

Fruto dos bons resultados do ano de 2017 e da primeira metade do ano de 2018, Nicolás é chamado a formar parte da equipa UAE Team Emirates através do programa da estagiários da UCI, isto depois de Mirko, o seu diretor desportivo, “se propôr a tratar da minha passagem para uma equipa Profissional Continental [2º escalão do ciclismo mundial]”, que infelizmente para o argentino não se concretizou. Como estagiário na Emirates, conta-nos que “andava sempre com o Filippo Ganna (atual campeão do mundo de contra-relógio) e com o Oliviero Troia”, mas não esquece outro ciclista português com quem os seus caminhos se cruzaram: “o Rui [Costa] era uma das pessoas que mais unia o grupo, um ciclista com muita experiência e de quem não posso esconder a minha admiração, principalmente porque me tratou sempre como se fosse um elemento da equipa a tempo inteiro, mesmo estando apenas a estagiar na equipa”. Apesar da experiência ter sido benéfica, Tivani não consegue encontrar futuro no ciclismo europeu.

Equipa da UAE Team Emirates preparada para o GP de Fourmies, em 2018, com Tivani ao lado dos seus companheiros, onde se destaca Rui Costa.
Foto: Florian & Susanne Schaaf

Depois de dois anos recheados de bons resultados na Europa, dá-se o regresso à Argentina e à sua cidade natal, com vários triunfos, entre eles o mais importante, a 6ª etapa da Vuelta a San Juan, a corrida mais internacional da Argentina e onde participam muitas equipas do WorldTour. “Ao princípio pensava que era um passo atrás, já que vinha de ser estagiário numa equipa WorldTour [UAE Team Emirates] e o facto de não conseguir assinar por nenhuma equipa europeia foi duro”, no entanto reconhece que “na Argentina sempre contaram comigo e consegui essa vitória na Vuelta a San Juan e muitas mais vitórias nesse ano em que volto a casa”. A receita para o sucesso no retorno a casa não é segredo: “nunca baixei os braços, fui fazendo as coisas bem e preparei sempre ao máximo a Vuelta a San Juan, a corrida que podia abrir as portas ao ciclismo europeu outra vez”.

A vitória no autódromo El Villicúm, ao sexto dia da Vuelta a San Juan de 2019, foi provavelmente o maior triunfo do ciclista argentino.
Foto: Ilario Biondi

E depois de um ano de 2020 bastante atípico, já que os objetivos de Tivani passavam por, “se tivesse sido um ano normal, preparar bem os Campeonatos Nacionais Argentinos, a Vuelta al Uruguay e a nova competição que iria haver em San Luís”, o regresso ao ciclismo europeu já só está mesmo preso por dias. O ano de 2021 trará Nicolás de volta ao continente europeu, o argentino confirmou que irá correr no nosso país no próximo ano, na equipa do Louletano. “Posso confirmar que irei correr [pelo Louletano], que já assinei e está tudo fechado para que possa viajar para Portugal”, refere o ciclista argentino que está “feliz porque chegou a oportunidade de voltar ao ciclismo europeu, em Portugal, uma boa oportunidade que não quero desperdiçar”. Para o atleta albiceleste a preparação da temporada de 2021 já começou e os objetivos são claros e ambiciosos: “estou em contacto permanente com o diretor desportivo [Jorge Piedade] e já estamos a estudar o calendário português com o objetivo de poder ganhar algumas corridas em Portugal”.

Para o futuro, Nicolás Tivani só tem uma coisa em mente. “Fazer o maior número de corridas possível, para mostrar o meu valor e porque no dia-a-dia se pode ir aprendendo muitas coisas novas” são as palavras finais do mais recente ‘imigrante’ do pelotão nacional.

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En entrevista exclusiva a Portuguese Cycling Magazine, Nicolás Tivani confirma que correrá por el Louletano la próxima temporada, en lo que es uno de los principales fichajes del pelotón portugués. Su relación con el ex-compañero João Almeida y su pasaje de pruebas en el UAE Team Emirates también fueron temas tratados en la conversación con el ciclista argentino.

Como la mayoría de los aficionados del ciclismo portugués no le conocen en profundidad, dejamos que Nicolás Tivani se presente: “Soy corredor de media montaña, no soy un escalador nato. Me gustan las etapas donde la montaña no es tan larga y donde puedo llegar al sprint en un grupo reducido”.

El sueño de ser ciclista viene desde muy pequeño, como nos dijo, “desde que tenía 13/14 decidí ser ciclista, todavía era muy pequeño, pero ya me gustaba el ciclismo”. Tras un paso por el Centro Mundial de Ciclismo, viajó a Italia, donde representó a Uniero – Trevigiani (equipo con base italiana, pero con licencia búlgara) durante dos temporadas, de la mano del director deportivo y amigo Mirko Rossato, a quien Tivani le pidió una oportunidad para seguir su andadura en Europa. “Fue un buen año [en Italia], sin números fenomenales, pero con victorias importantes como Ruota d’Oro. Quería llegar al top10 en los campeonatos del mundo de Bergen (en 2017), el recorrido me favorecía y estaba en muy buena forma, pero terminé 11º y no estaba totalmente satisfecho”.

Fue en su primer año en la estructura del equipo ítalo-búlgaro, en 2017, que Nicolás Tivani se cruzó con João Almeida, fueron compañeros en el que fue el primer año de profesionales para ambos. Tivani recuerda que “estuve todo el año corriendo con él [João], y estaba claro que era tenía buena ‘pinta’ y que iba a ser un buen ciclista, incluso logró ganar en Ucrania ese año”, reconoce al ciclista portugués “sencillez y carisma”. La amistad entre ellos continúa hasta los días de hoy “a través de un grupo de WhatsApp donde seguimos a todos los ex-ciclistas de Unieuro”. El argentino admite alegría por su excompañero, “es muy bueno verlo seguir creciendo y estoy feliz de ver a un amigo mío cumplir un sueño”, y entre risas agrega que se considera un privilegiado por “poder decir que yo era su compañero de equipo”.

El argentino debutó corriendo en Portugal esa misma temporada, estando presente en la Volta a Portugal, curiosamente sin la presencia de João Almeida, único integrante portugués del equipo que viajaba en ese momento para los campeonatos de Europa, en Herning, Dinamarca. De nuevo entre risas, Nicolás recuerda “cosas malas en la Volta a Portugal, a pesar de ser una carrera bonita, con mucho calor y terreno muy duro”, pero admite, con lástima, “que llegué en un mal momento, el equipo tenía la invitación de la organización pero solo en el último momento han cofirmado la participación y yo estaba un poco fuera de forma, pero termine la carrera”.

Fruto de los buenos resultados del año 2017 y del primer semestre del año 2018, Nicolás há sido invitado a formar parte del equipo UAE Team Emirates a través del programa de stagiaires de UCI, esto después de que Mirko, su director deportivo, “se propuso cuidar de mi pasaje a un equipo Continental Profesional [2º nivel del ciclismo mundial] ”, que lamentablemente para el argentino no se materializó. Como becario en Emirates, nos cuenta que “siempre andaba con Filippo Ganna (actual campeón del mundo de contrarreloj) y Oliviero Troia”, pero no se olvida de otro ciclista portugués con el que se cruzó en su camino: “Rui [Costa] fue una de las personas que más unieron al grupo, un ciclista con mucha experiencia y del que no puedo ocultar mi admiración, principalmente porque siempre me trató como si fuera un integrante del equipo a tiempo completo, a pesar de que solo estaba haciendo pruebas en el equipo”. Aunque la experiencia fue buena, Tivani no pudo encontrar un futuro en el ciclismo europeo.

Después de dos años llenos de buenos resultados en Europa, regresa a Argentina y a su ciudad natal, con varios triunfos, entre ellos el más importante, la 6ª etapa de la Vuelta a San Juan, la carrera más internacional de Argentina y donde participan muchos equipos del WorldTour. “Al principio pensé que era un paso hacia atrás, ya que venía de estar de pruebas en un equipo WorldTour [UAE Team Emirates] y no poder fichar por ningún equipo europeo ha sido duro”, sin embargo reconoce que “en Argentina siempre contaron conmigo, logré esa victoria en la Vuelta a San Juan y muchas más en ese año cuando vuelvo a casa”. La receta del éxito en el regreso a casa no es ningún secreto: “Nunca bajé los brazos, hice las cosas bien y siempre preparé al máximo la Vuelta a San Juan, la carrera que podría abrir de nuevo las puertas al ciclismo europeo”.

Trás un año 2020 muy atípico, los objetivos de Tivani pasaban por, “si hubiera sido un año normal, me iba a preparar bien para el Campeonato Nacional de Argentina, la Vuelta al Uruguay y la nueva competencia que se llevaría a cabo en San Luís”, ya que el regreso al ciclismo europeo está estancado solo por días. El año 2021 traerá a Nicolás de regreso al continente europeo, el argentino confirmó que correrá en nuestro país el próximo año, en el equipo del Louletano. “Puedo confirmar que correré [por el Louletano], que ya firmé y que todo está cerrado para que pueda viajar a Portugal”, dice el ciclista argentino que está “contento porque ha llegado la oportunidad de volver al ciclismo europeo, en Portugal, una buena oportunidad que no quiero desperdiciar”. Para el atleta albiceleste, la preparación para la temporada 2021 ya ha empezado y los objetivos son claros y ambiciosos: “Estoy en contacto constante con el director deportivo [Jorge Piedade] y ya estamos estudiando el calendario portugués con el objetivo de poder ganar algunas carreras en Portugal”.

Para el futuro, Nicolás Tivani solo tiene una cosa en mente. “Hacer tantas carreras como sea posible, para demostrar mi valía y porque en el día a día se pueden aprender muchas cosas nuevas” son las últimas palabras del más reciente “inmigrante” del pelotón nacional.

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