Entrevistas

«Os corredores têm compromissos e todos precisam de receber o seu salário» Paulo Couto, Presidente da APCP

Volvidos nove anos, o ex-ciclista Paulo Couto está de regresso à Presidência da Associação Portuguesa de Ciclistas Profissionais (APCP), sucedendo a Rui Sousa. Em entrevista à Portuguese Cycling Magazine, o recém-eleito representante dos atletas do pelotão nacional fala das dificuldades dos ciclistas durante a pandemia, dos seus principais objetivos para o mandato e das posições que defenderá na CPA.

Portuguese Cycling Magazine (PCM): Parabéns pela eleição. Quase dez anos depois, está de volta à Presidência da APCP. O que o fez voltar a candidatar-se e quais são os principais objetivos para este mandato?

Paulo Couto (PC): Eu fui fundador da Associação Portuguesa de Ciclistas Profissionais em 1995, juntamente com o atual Presidente da Federação, Delmino Pereira, o atual Diretor Desportivo da equipa do Feirense, Joaquim Andrade, o José Dias, que é agora Diretor Desportivo em São João de Ver, e o David Assunção, bem como muitos outros que contribuiram para o nascimento da Associação. O primeiro a assumir o cargo de Presidente foi o Delmino Pereira, que esteve um ano, e, logo na ano seguinte em 1996, eu fui eleito Presidente, mantendo-me durante 15 anos.

Nesses 15 anos, desenvolvi um trabalho em prol dos ciclistas e em prol do ciclismo que foi reconhecido por todos, quer pelos atletas da época, bem como internacionalmente, em que cheguei a ser Vice-Presidente da Associação Internacional de Corredores (CPA) na época do Cedric Vasseur, que é agora o Manager da equipa Cofidis, e cheguei a assumir interinamente por um ano a Presidência. Entretanto, tomei a decisão pessoal de ir para o Brasil em 2011 e deixei a Presidência com o Joaquim Andrade. Em 2018, o Joaquim Andrade assume a equipa profissional do Feirense e há vontade do Rui Sousa, que tinha deixado há um ano de correr, de assumir a Presidência.

Quando eu volto, há pessoas e corredores que me vêm pedir para retomar, porque a atividade da Associação estava muito parada. Havia coisas em que eles não se estavam a sentir apoiados e vieram-me pedir para eu me candidatar de novo. Eu, que até era o Presidente da Assembleia Geral na lista do Rui Sousa, fiquei surpreso. Comecei a desenvolver várias diligências, tanto com o Rui Sousa para saber se queria continuar como com outros corredores que tenham deixado há pouco tempo, porque eu estive todo esse tempo no Brasil e há uma nova geração de ciclistas, e alguns que até nem me conhecem, e marcamos uma primeira reunião, em que todos eles mostraram interesse em que eu voltasse a assumir a Presidência da Associação. Mesmo o Rui Sousa me confidenciou que tinha outros afazeres e outros compromissos também importantes na vida dele e que eu, até pelos anos que estive na associação, podia ser a pessoa para dar continuidade e para retomar a atividade da Associação de Ciclistas. Com isso e com esta crise, vendo as dificuldades que os corredores estão a passar, vendo uma deterioração e um retrocesso em tudo aquilo que eu durante quinze anos conquistei a favor dos corredores, nomeadamente direitos nos salaários mínimos, proteção de seguros, proteção jurídica,… Tudo isso que eu fiz e que começo a estudar e ver que muita coisa regrediu, andou para trás, então, acedi a essa vontade deles para voltar a ficar à frente da Associação.

Paulo Couto (centro) como Presidente da Mesa da Assembleia Geral no mandato de Rui Sousa
Fonte: APCP

PCM: Perante a situação atual com a paragem do Ciclismo, quais são as principais queixas dos ciclistas nesta pandemia? Além da falta de provas, no estrangeiro fala-se bastante dos cortes salariais, em Portugal conseguiu salvagardar-se esse ponto?

PC: Das primeiras medidas que eu tomei foi fazer uma reunião com os corredores. Diligenciei alguns para falar com os colegas das outras equipas para que fizessemos uma primeira reunião com um representante de cada uma das nove equipas profissionais e assim foi. Na primeira reunião veio um representante e, pronto, vou colocar isto em marcha. Tenho de ver como é de estatutos e questões legais, vamos nos organizar e cumprir prazos e fazer tudo direitinho, ver a vontade do Rui Sousa continuar ou não,… O mandato dele já tinha terminado, ele tinha sido eleito a 3 de abril de 2018, portanto, já tinha caducado o mandato dele e eu até, como Presidente da Mesa da Assembleia Geral, tinha de convocar novas eleições.

Então, fizemos essa Assembleia Geral e o que ficou determinado era, primeiro, pedir uma reunião com o Presidente da Federação para nos dar conta da situação da retoma das corridas. E eu, internamente, fiz um inquérito para saber da situação profissional dos atletas, dos quais 70% me respondeu que teve quebra de rendimentos. Tivemos também uma boa quantidade de respostas – nós temos 98 corredores profissionais e cerca de 75% responderam a esse inquérito. Portanto, são dados muito fiáveis de que muitos tiveram essa quebra de rendimentos e estão a passar por dificuldades. Porque uns receberam só metade do salário, mas outros até nem isso e estão mesmo com vários meses em atraso.

PCM: Pois. Certamente que parte da retoma passará também por haver Volta ou não. O Paulo, como já disse, esteve ligado ao Delmino na criação da Associação, mas também chegaram a correr juntos e com o Joaquim Gomes.

PC: Sim, corri com o Delmino nos três anos que estive no Boavista, 90, 91 e 92, e com o Joaquim Gomes em 91 e 92.

PCM: E também lançaram há poucos dias o Manifesto conjunto da FPC e da APCP. Quais são as perspetivas para a Volta a Portugal? Tem havido muitos rumores, o que é que o Paulo acha que vai acontecer, vai haver Volta?

PC: Tenho fé que sim. Tenho fé e tenho que ter esperança que sim. Todos estamos com essa vontade de que haja Volta, mas tudo está dependente da resposta do governo.

Falando do manifesto, quando pedimos a reunião com o Delmino Pereira, que foi marcada para o feriado dia 10 à tarde, ele explicou-nos todo o processo do plano de segurança apresentado ao governo, todas as medidas que vão ser de ter tomadas, nomeadamente, o comportamento dos corredores, das equipas, do público, dos jornalistas, nas chegadas, nas partidas, nos hotéis,… é uma coisa exaustiva. E, nesse dia, ele mostrou-se um pouco preocupado com as declarações que o Secretário de Estado tinha feito nessa manhã na inauguração de uma ciclovia em Torres Vedras, em que afirmou que o Prémio Joaquim Agostinho, que é uma semana antes da Volta a Portugal, iria servir de teste para a Volta a Portugal.

Ora, como sabemos, não se pode preparar uma Volta a Portugal numa semana. Porque a marcação de hóteis, de percursos, de policiamento,… não é numa semana. Tudo isto tem que ficar resolvido atempadamente e tem que ser esta semana que o governo tem de tomar essa decisão, porque as pessoas têm outras burocracias, como convites às equipas ou a questão dos hóteis, portanto, não pode ser numa semana que se faz isto para arrancar com uma Volta a Portugal.

Ele mostrou-se um bocado preocupado com essas afirmações e surgiu a ideia de, pela força da opinião pública e de corredores, equipas, de todos os agentes da modalidade estarem preocupados com o arranque das corridas, fazer um comunicado em forma de manifesto, exatamente porque os corredores têm essa força, têm as redes sociais, têm bastantes seguidores, eles são os heróis da estrada, eles é que são a atração, as pessoas vão às corridas para os ver, não é para ver os carros nem os diretores. E esse movimento que se criou, as partilhas que se fizeram na internet, isso foi bastante importante para alertar a sociedade que o ciclismo como desporto, igual como o futebol, também precisa de voltar, porque são 98 corredores e são mais as famílias de todas as pessoas que estão diretamente ligadas aos desporto.

Tudo isto tem importância económica, é uma profissão e tem que se lhe dar atenção. E, tem que, por parte do governo, se pensar que o ciclismo não é todo o ano que se pratica, tem aqueles meses de paragem. E é a Volta a Portugal e as outras porvas, o ciclismo não é só a Volta a Portugal, o ciclismo começa em fevereiro e termina em outubro. E os corredores têm salários, têm contratos, têm famílias, muitos estão a começar a sua vida familiar com compromissos importantes, prestação do carro, da casa,… e todos precisam de receber o seu salário. Foi nesse sentido que fizemos o manifesto.

Depois disso, há esta necessidade que todos temos e acreditamos. Até penso que nem só a Volta a Portugal, penso que tem que se fazer outras provas e temos condições de fazer outras provas. Se houver iniciativa, se houver união, se houver esse esforço, pode-se fazer mais provas em outubro ou até novembro. Às vezes, na primeira semana de dezembro não está muito diferente do que está em março ou abril, chuva e frio, e os corredores correm igual. A gente vê corridas como a Clássica da Primavera e, às vezes, o tempo não está muito diferente do que está em novembro. Por isso, também podemos ter provas nesse período e atrasar outras provas que não se fizeram e mandá-las para esses meses. Exatamente para que as equipas tenham algum retorno, possam competir e os corredores possam chegar ao fim do mês e receber o seu salário. Se não, ainda fica mais difícil. E fica mais difícil a perspectiva para o próximo ano. Se não houver Volta a Portugal, ficam muitas dúvidas para o próximo ano.

PCM: E a própria questão das datas também coloca em causa provas como o GP JN, que este ano mudou as datas para ser no seguimento da Volta a Portugal e que também é bastante importante em termos de visibilidade para as marcas que patrocinam o ciclismo.

PC: Sim, a previsão é de sete dias o Prémio ‘Jornal de Notícias’ e três dias o ‘Jornal o Jogo’. Agora, sabemos que há dificuldades, há muita coisa que foi anulada. Sabemos da preocupação que há e da necessidade do número de casos diminuir. Acho que vai estar tudo muito dependente disso, mas quero acreditar que, pelo comportamento que todos nós tivemos como país e como sociedade, isto vá reabrindo e que se possa retomar a atividade sem novos casos.

A Assembleia Geral que elegeu Paulo Couto como Presidente da APCP
Fonte: APCP

PCM: Mudando um pouco de tema, falemos da CPA. Primeiro que tudo, na sua lista tem ciclistas de todas as equipas continentais, mas nenhum que esteja numa equipa Pro Continental ou World Tour. No último mandato, pelo menos, estava o Joaquim Silva, na altura na Caja Rural quando foi eleito. E também, nas últimas eleições para a CPA, houve alguma confusão com as votações devido a algumas associações votarem em bloco e por os ciclistas que podiam votar por si mesmos terem de o fazer presencialmente no local de realização dos Campeonatos do Mundo. Como tem visto esta situação e o que defende a APCP, enquanto membro da CPA, quanto a estas questões?

PC: Estatutariamente, o regulamento da APCP obriga apenas a que na constituição da Direção, à exceção do Presidente, todos os outros membros sejam representantes das equipas profissionais a correr em Portugal. Depois, os outros orgãos podem ser à escolha. Efetivamente, fez uma boa pergunda, porque é que não tem nenhum corredor desses 12 portugueses a correr por equipas estrangeiras na nossa lista? Não está, porque, por muitas vezes, eles já fazem parte por inerência das associações dos países onde estão as suas equipas filiadas.

No entanto, todos eles foram convocados para a Assembleia Geral e lá apareceram o Ricardo Vilela, o José Gonçalves e Ivo Oliveira, foram os três dos corredores que estão no estrangeiro que apareceram. Falei com outros também, que me agradeceram e estavam até contentes por que houvesse de novo atividade na Associação. Eles sabem bem, alguns que já correm há mais tempo, do nosso trabalho e sabem o valor e o trabalho das associações. Mas, efetivamente, poderia ter colocado, mas teria que ver os estatutos.

Entretanto, tem também outra questão que é a das femininas. Nós também temos as femininas e elas já fizeram parte da associação, já tiveram assento nas nossas reuniões e na nossa direção e também contactei algumas corredoras. Há uma nova geração que ainda fica naquela do ‘o que é aquilo’ e do ‘para que é que aquilo serve’, mas com o tempo e agora voltando a dar-lhes informação, a explicar-lhes os temas que se debatem e a mostrar-lhes o importante que é eles participarem e terem um órgão que participa em reuniões não só aqui com a Federação, como lá fora com a UCI, aos poucos e poucos vão se apercebendo da importância e durante alguns anos isso ficou um bocado adormecido.

Mas, tenho também essa intenção, até porque a Vice-Presidente da CPA é feminina, é uma ex-ciclista italiana, que foi campeã do mundo e representa a CPA Women e, aliás, eu contribui para o nascimento da CPA Women para dar voz também às femininas. Agora, quanto aos ciclistas estrangeiros, todos eles são informados, todos eles são convocados e eles sabem sempre que o que precisarem podem contar, questões do fundo de solidariedade, de segurança, de relatórias de prova…

Em relação à CPA, a nossa Associação representa os corredores profissionais em Portugal, podendo eles ser estrangeiros ou não, e só temos equipas continentais e, neste momento, a proposta que está em cima da mesa é que haja o voto direto para o Presidente da CPA e que esse voto seja feito pelos ciclistas do World Tour e das Continentais Profissionais, logo, nós ficariamos fora. Portanto, eu vou rejeitar essa proposta do voto direto.

Mais, eu tenho experiência disto, porque, como já lhe disse, foram quinze anos, os corredores é que andam na estrada, eu também já andei durante dez anos, e sei muitas vezes qual é o foco dos corredores. E o foco dos corredores é o preparar-se da melhor forma para as corridas, é treinar, descansar, alimentar-se. E, muitas das vezes, estas questões só são visíveis quando efetivamente surgem problemas e as pessoas das associações nacionais estão mais inteiradas e têm mais disponibilidade para negociar e saber quem são as pessoas mais preparadas para dar essa resposta.

Por exemplo, na ultima eleição era o britânico, David Millar, que tinha acabado de deixar de correr, e o Gianni Bugno. Os italianos, neste momento, assumiram a CPA com uma estrura muito válida e, por isso, é que se têm mantido estes anos e a guerra é grande e há pessoas com muito apetite para esses cargos. Mas, eles têm a estrutura e é preciso uma estrutura de secretariado muito forte, é todos os dias proposta de um e proposta do outro.

E repare, nós, Associação Portuguesa, e isso é importante referir, já temos um historial na CPA, apesar de sermos um pouco periféricos e só termos equipas continentais, porque até dado momento essa foi a minha luta para nós termos voz dentro da CPA. Para eles, o nosso ciclismo é um bocado pirata. Um ciclismo que só tem equipas continentais para os italianos, que andavam todos no World Tour e depois tinham duas ou três equipas Continentais Profissionais,… Estar numa reunião internacional a dar tempo de antena às equipas continentais que para eles era um ciclismo de terceira categora, a minha luta foi muito grande.

O certo é que temos esse historial, conquistamos esse espaço por direito e, agora, você vê os americanos a chegar, os checos, os russos, os nigerianos – até foi uma surpresa, diz que há uma associação lá a surgir. Dia 28 deste mês, vai haver uma Assembleia Geral por videoconferência e vamos falar desses temas e da admissão de novos integrantes, mas continuam como pilares Portugal, Espanha, Bélgia, França, Itália e Suíça. Veremos, mas a nossa posição é como lhe digo: a nossa posição vai ser contra, porque com essa proposta os nossos corredores não vão poder votar na eleição do Presidente e isso não posso aceitar.

PCM: Acredito que seja difícil gerir essa diferença. Entre o pelotão World Tour e o pelotão continental há um abismo e a CPA acaba por ter de os representar a todos.

PC: É e veja que o foco da CPA sempre foi do World Tour, dos corredores profissionais. O foco das reuniões na comissão de estrada da UCI é sempre o calendário internacional dessas grandes provas, o calendário histórico. Mas, nós em Portugal temos um ciclismo muito particular, nem somos um ciclismo que esteja a começar nem um ciclismo desorganizado. Somos um ciclismo com tradição, organizado, com uma Federação que é a mais antiga do país e a popularidade do ciclismo em Portugal tem uma comparação em muitos poucos países.

De forma que temos um estatuto e os nossos corredores profissionais que vão à Volta a Portugal e às outras provas – e nós temos um calendário próprio, coisa que há países com equipas Pro Continentais que não têm – em que temos que ter um regulamento próprio para os nossos e diferente daquilo que é imposto pela UCI, porque o regulamento que é imposto pela UCI às equipas continentais é muito vago e é com um objetivo de fomento ao aparecimento de novos corredores, quase como se fosse como para os nossos juniores sub23. 

Essa sempre foi a minha luta, para que a UCI pelo menos escutasse as nossas propostas e entendessem. Agora, já entendem, com a Volta ao Algarve e os espanhois vêm cá mais vezes. Mas, aqui há uns 20 anos, era mais difícil. Recordo-me que quando trouxe aqui o Francesco Moser foi a primeira vez que ele veio a Portugal. O Cedric Vasseur veio assistir à Volta a Portugal, o Moser veio aqui a uma gala de prémios que orgaizamos na Póvoa de Varzim.

Portanto, nós temos um ciclismo próprio e temos de ter regras próprias, condizentes com o estatuto de um trabalhador profissional como qualquer outra profissão. E, aliás, até deviasmos ter, como lutamos por isso há alguns anos, o estatuto de profissão de desgaste rápido. Portanto, os corredores profissionais em Portugal têm um estatuto que noutros países não têm e são considerados e olhados com a mesma finalidade.

Infelizmente, nós não temos equipas World Tour nem Continental Profissional, porque sabemos das dificuldades económicas, mas não quer dizer que os nossos corredores não desenvolvam ao longo de todo o ano uma atividade profissional e dependente que lhes permita ter os mesmos direitos e regalias que têm outros trabalhadores. E é por isso que temos de lutar para o nosso ciclismo, mesmo sabendo que estamos num escalão que para a UCI é quase considerado como de miúdos e encarado como ‘deixa-os só andar aí à vontade para ver se eles dão ciclistas’, mas nós temos de ter outra posição e olhar para o nosso ciclismo profissional de outra forma.

José Mendes e Márcio Barbosa são dois dos ciclistas nos novos órgãos sociais da APCP
Fonte: José Baptista/Portuguese Cycling Magazine

PCM: A última pergunta, que já abordou um pouco, é sobre o ciclismo feminino. Nos últimos anos, tem-se desenvolvido no país, ainda não temos muitas ciclistas profissionais, mas já temos duas em equipas UCI. O que tem a APCP desenvolvido e pretende desenvolver neste campo para assegurar também os direitos das atletas femininas?

PC: Elas estão nesses países e vou agora inteirar-me nessas reuniões próximas quanto a essas duas profissionais quais são os direitos, se têm algum contrato profissional e em que moldes e como é que está regulamentado o ciclismo feminino nesses países e ajudar se elas tiverem algum problema com a equipa ou precisarem de algo, porque é esse apoio que podemos dar: esclarecer, informar e, muitas vezes, encaminhar para a pessoa certa o problema.

No caso das ciclistas femininas em Portugal, ainda não me debrucei, tenho que estudar outros dossiers outros processos,… Elas não têm estatuto profissional, são amadoras, e, portanto, têm o seguro da federação e toca a andar para a estrada. Agora, depois, tem que se ver. Se me aperceber que é desejo delas, se há um calendário com um vasto número de provas, se as equipas são organizadas, se elas já recebem alguma retribuição, se elas chegarem ao momento de quererem regulamentar isso e tornar isso mais formal e ter um contrato, era muito bom estudarmos sobre isso e ver aquilo em que possa ajudar para que às ciclistas – assim como aos ciclistas – valha a pena andar aqui uns anos e terem uma proteção contra algumas falhas nos salários, nos cumprimentos do contrato e que elas se possam fazer valer e para que haja um pouco de fiscalização. 

Em tudo isso tem que haver um pouco de fiscalização e acho que a Associação não serve só para andar com uma pistola atrás das equipas a exigir, a punir ou a reclamar ou reivindicar, a Associação serve também para que as pessoas saibam que somos um parceiro, estamos aqui para colaborar, mas que estamos vigilantes com as situações que possam existir. Estamos aqui para colaborar na feitura de novos regulamentos, regulamentos mais aperfeiçoados que sejam bons para ambas as partes. 

Portanto, no ciclismo feminino, se houverem várias equipas que se queiram profissionalizar ou que queiram ter uma atividade, contam connosco no que elas precisem deste apoio. Porque era o que acontecia internacionalmente e agora elas já têm estruturas, já têm o calendário. Havia também falhas e trabalhou-se no sentido de elas terem uma voz para falar de problemas que possam surgir nas equipas – e não só nas equipas, problemas das corridas, da segurança, da sinalização, do descanso, dos horários, das etapas de manhã e de tarde que por vezes ocorrem.

Isto não é só no relacionamento das equipas e em tudo isso nós estamos cá para apoiar e para informar os corredores e as corredoras que assim o pretenderem. 

Foto de Capa: APCP



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