Victor Lafay foi o vencedor surpresa da segunda etapa da Volta a França. Na chegada a San Sebastian, e a colmatar mais uma etapa dura de 209 quilómetros, que incluía o já famoso Jaizkibel nos últimos 20 quilómetros do dia, o francês da Cofidis foi o primeiro a cruzar a meta após um ataque à passagem da bandeira vermelha dos últimos 1000 metros. Num misto de inteligência, força e desatenção da Jumbo-Visma, que queria conduzir Wout Van Aert à vitória, Lafay conquistou assim a sua primeira etapa no Tour, e a primeira em 15 anos para a sua equipa, já depois de ter estado em evidência no dia de ontem. Van Aert acabaria por ser segundo classificado e Tadej Pogačar (UAE Team Emirates) foi terceiro.
Com início na capital do País Basco, Vitoria-Gasteiz, a segunda etapa da Volta a França voltava a causar dores de cabeça ao pelotão, com cinco contagens de montanha categorizadas distribuídas por 210 quilómetros, a última das quais o já famoso Jaizkibel, subida mítica da Clássica de San Sebastian, situada a cerca de 20 quilómetros da meta.
Previa-se que a luta pela formação da fuga fosse um dos atrativos da parte inicial da etapa, uma vez que grande parte do pelotão estava já com alguns minutos de atraso em relação ao líder Adam Yates (UAE Team Emirates). No entanto, após uma primeira tentativa controlada pela Jumbo-Visma, três ciclistas receberam carta verde para se distanciarem: o líder da classificação da montanha Neilson Powless (EF Education-EasyPost), Rémi Cavagna (Soudal Quick-Step) e Edvald Boasson Hagen (TotalEnergies).
Powless à caça da montanha
A diferença da fuga para o pelotão oscilou sempre entre quatro e cinco minutos em grande parte da etapa, muito pela iniciativa da UAE Team Emirates, equipa dos líderes da geral (Yates) e da juventude (Pogačar). Situação proveitosa para Powless, que na frente ia, a cada subida, acumulando pontos importantes para solidificar a sua vantagem na liderança da classificação do melhor trepador. Na Côte d’Alkiza (4,1 km a 6,1%), a cerca de 70 quilómetros da meta, o ritmo imposto na fuga foi excessivo para Cavagna, que disse adeus aos seus colegas de aventura, reduzindo o grupo a um duo. Por esta altura, a vantagem do grupo da dianteira tinha diminuído significativamente, mas o pelotão não deu continuidade à sua intenção, talvez devido ao perigo das estradas salpicadas pela chuva que os corredores encontraram nesta fase da etapa, e o cronómetro voltou a aumentar. Na subida seguinte, Côte de Gurutze (2,6 km a 6,1%), foi a vez de Boasson Hagen abdicar da fuga, deixando Powless isolado.
O mano a mano mais aguardado em Jaizkibel
Na chegada de Jaizkibel (8,1 km a 5,4%), o pelotão impôs um ritmo forte, na luta pelas colocações, e a vantagem do norte-americano baixou consideravelmente, gorando qualquer réstia de esperança que pudesse ter na vitória de etapa. A seguir o passo da Jumbo-Visma inicialmente, mas principalmente da equipa dos Emirados, o pelotão foi perdendo unidades subida acima, absorveu Powless, e preparou-se para um sprint pelos segundos de bonificação que o aguardavam no topo da montanha. Em mais um duelo entre Pogačar e Vingegaard, foi o esloveno a levar a melhor no esforço para dobrar em primeiro o alto do Jaizkibel, dando continuidade ao ataque já na fase de descida, uma vez que o duo tinha já cavado um foço de centenas de metros em relação ao resto do grupo. No entanto, Vingegaard recusou colaborar, e o duo foi alcançado pouco depois.
Um final inesperado
Pello Bilbao (Bahrain-Victorious) tentou a sua sorte já na parte plana que conduzia os ciclistas à reta da meta, mas a Jumbo-Visma parecia não dar hipóteses a surpresas de última hora. Ainda anulou ataques de Tom Pidcock (INEOS Grenadiers) e Mattias Skjelmose (Lidl-Trek), e quando já tudo se preparava para o sprint, à passagem pelo pano do último quilómetro, Lafay lançou uma forte investida que o conduziu à vitória na etapa. Um frustrado Van Aert tentaria de tudo para bater o francês sobre a linha de meta, mas acabou mesmo por finalizar na segunda posição. Pogačar ainda foi terceiro, arrecadando mais segundos de bonificação.
Quanto ao contingente português, Ruben Guerreiro (Movistar) cruzou a meta na 35ª posição, a 2:25 minutos; Rui Costa (Intermarché-Circus-Wanty) foi 59º, a 6:26 minutos e Nelson Oliveira (Movistar) fechou o dia no 89º lugar, a 11:42 minutos.
Nas contas da geral, Adam Yates segue na liderança, agora com 6 segundos de vantagem sobre o seu colega, e chefe de fila, Pogačar e sobre o seu irmão Simon Yates (Team Jayco AlUla). Com a vitória de etapa, Lafay passou também a liderar a classificação dos pontos; a camisola das bolinhas manteve-se no corpo de Powless; e a juventude continua entregue a Pogačar.