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“I’M GONE, I’M DEAD”

“I’M GONE, I’M DEAD”

Acabou o Tour? Não parecem restar muitas dúvidas depois do que vimos hoje entre Saint Gervais e Courchevel, na etapa rainha do Tour. Depois do impactante contrarrelógio de ontem, hoje a surpresa veio pelo lado de Pogacar, o esloveno rebentou durante a última subida do dia e tudo indica que Jonas Vingegaard pode começar a procurar lugar no armário para mais uma camisola amarela. Na luta pela etapa Felix Gall foi o mais forte, saído de um enorme grupo de escapados no dia de hoje.

A campanha de Ciccione pelas bolinhas, e muitas contas para fazer

A formação da fuga não foi tão caótica como em etapas anteriores, até porque as vantagens estão bem mais dilatadas depois do contrarrelógio do dia anterior. Quem desde cedo mostrou que tinha o objetivo de estar na fuga foi o líder da montanha Giulio Ciccione, muito bem acompanhado pela dupla dinamarquesa Mads Pedersen e Mathias Skjelmose, Simon Yates, escudado por Chris Harper e Lawson Craddock, e ainda nomes como Rui Costa, Alaphilippe, Uran, Pinot e Neilson Powless, mas que cedo descolou e entregou qualquer ambição de lutar pelos pontos da montanha. O italiano da Lidl-Trek desde cedo começou a somar pontos para a montanha, tendo passado em primeiro no topo do Col de Saises, chegando a 73 pontos depois da primeira montanha do dia.

O grupo da frente ficou ainda mais encorpado com a chegada de nomes importantes na luta pelo top-10 da geral final com os ataques de Pello Bilbao, David Gaudu e Felix Gall e ainda a marcação entre Jumbo e UAE a fazer sentir-se também na dianteira, Soler e Majka chegaram à frente do lado de Pogacar e Kelderman e Benoot do lado de Vingegaard. Enquanto isso, Ciccione somava mais dez pontos na camisola da montanha ao ser primeiro no Cormet de Roseland e mais à frente mais cinco na subida de Côte de Longefoy. Com esta campanha o homem da Lidl-Trek amealhou uma vantagem de 31 pontos para Vingegaard nesta fase da corrida, mas os 40 pontos atribuídos no topo do Col de la Loze (a subida tem pontos dobrados para a classificação da montanha por ser a Souvenir Henri Desgrange do Tour deste ano) ainda poderiam tirar a camisola da montanha no fim do dia, caso Pogacar ou Vingegaard fossem os primeiros nessa subida.

Com a aproximação da subida final quem assumiu maioritariamente foram os homens da Jayco-Alula, uma vez que Simon Yates tinha no início do dia apontado a vitória de etapa como um objetivo, mas também apoiados por Jack Haig e Ben O’Connor, a darem tudo para manterem vivas as esperanças dos seus líderes de subirem na classificação geral. Na fase dura da subida foi o primeiro a atacar e colheu os frutos, apesar das tentativas de Simon Yates de se chegar à frente, o austriaco confirmou o excelente momento de forma que já tinha evidenciado na Volta à Suíça e levou na mala para casa a etapa e uma subida de dois lugares na geral.

Queda e o apagão de Pogacar

No grupo dos favoritos, o momento de maior notícia foi mesmo uma queda de Tadej Pogacar. O camisola branca caiu na primeira subida do dia, a baixa velocidade num toque entre alguns corredores. Na mesma fase da corrida tivemos outros momentos de tensão, primeiro com a Ineos a ter de rebocar Carlos Rodriguez de volta ao grupo dos favoritos, com o grupo principal, tal como em dias anteriores, a ter em determinados momentos cerca de 20 unidades junto dos favoritos da classificação geral, e até o omnipresente Wout Van Aert esteve “desaparecido em combate” durante alguns quilómetros.

Com o acalmar do ritmo, e com menos preocupações em filtrar os elementos em fuga que em outros dias, foi a Jumbo-Visma a tomar conta das operações por intermédio de Christophe Laporte e Nathan van Hooydonck, mantendo sempre a fuga com rédea curta, dando a entender que queriam manter em aberto a possibilidade de Vingegaard lutar pela vitória da etapa.

Na fase de aproximação ao Col de la Loze surgiu no grupo dos favoritos a novidade, com a Ineos Grenadiers a pegar no grupo para reduzir a vantagem dos homens da frente, mas também com a expectativa de Carlos Rodriguez conseguir voltar ao terceiro lugar da geral, pelos poucos segundos de desvantagem para Adam Yates. Mas a 14 kms do fim o impensável aconteceu, Tadej Pogacar descolou do grupo dos favoritos, contando com Marc Soler a apoiá-lo para tentar minimizar o tempo perdido.

Pouco depois Jonas Vingegaard isolou-sem sem qualquer oposição oferecida por Adam Yates ou Carlos Rodriguez, tendo chegar à frente de corrida numa altura em que a diferença era de mais de dois minutos. Na sua cavalgada subida acima houve ainda tempo para um momento inusitado, o carro da organização não conseguiu passar entre a multidão, bloqueando a estrada ao camisola amarela e a quem o acompanhava.

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