E assim se passou a primeira semana do Giro d’Italia, aborrecido para uns, expectável para outros, mas com o seu brilho típico e as ruas de Itália cheias de aficionados do ciclismo.
Na primeira etapa, um contrarrelógio de 19,6 quilómetros, Remco Evenepoel (Soudal-Quick-Step) voou e bateu todos os seus opositores, incluindo Fillipo Ganna (Ineos Grenadiers), o principal favorito à partida. Evenepoel passava assim a ser o primeiro detentor da Magia Rosa na 106ª edição do Giro d’Italia. João Almeida (UAE Team Emirates) surpreendeu, voltando a deliciar os fãs com os seus tão reconhecidos contrarrelógios, alcançando o 3º lugar, tanto na etapa como na geral. Já Primož Roglič (Jumbo-Visma) ficou aquém, perdendo 43 segundos na luta pela Maglia Rosa.
As 2ª e 3ª etapas foram arrebatadas por Jonathan Milan (Bahrain-Victorious) e Michael Matthews (Team Jayco AlUla) e foram consideravelmente mais calmas naquilo que é a luta pela Maglia Rosa. Ao final da 3ª etapa, na classificação geral individual, Evenepoel mantinha a liderança, seguido pelo português João Almeida, a 32 segundos, e Primož Roglič a 44 segundos.
E assim chegava a 4ª etapa, e com ela um novo detentor da Maglia Rosa, Andreas Leknessund (Team DSM). O grande vencedor do dia foi Aurélien Paret-Peintre, com uma vitória ímpar na chegada a Lago Laceno. Já os favoritos chegaram com o mesmo tempo entre si.
A 5ª etapa veio no seu caos inglório, sendo um dia marcado pelas quedas e pela tão esperada vitória de Kaden Groves (Alpecin-Deceuninck). Em concreto, a queda deu-se a menos de 7 quilómetros do fim, na parte da frente do pelotão, e desestabilizou os corredores. Sem tempo para recuperar, outra queda, desta vez a menos de 3 quilómetros para a meta. Remco Evenepoel foi ao chão pela segunda vez, desta feita afetando grande parte do pelotão, incluído alguns dos grandes favoritos na corrida pela geral. No entanto, os ciclistas envolvidos tiveram a proteção do tempo.
Tripla em Grandes Voltas! Mads Pedersen (Trek – Segafredo), à 6ª etapa, alcançou o seu objetivo: vencer pelo menos uma etapa em cada uma das Grandes Voltas. Pedersen foi o mais forte na Nápoles, numa etapa marcada pela enorme luta que deu a fuga do dia e uma foto de partir o coração, que demostra claramente a entrega e dedicação dos ciclistas que tanto lutaram por uma vitória da fuga.
Na 6ª etapa a fuga não vingou, mas na 7ª etapa Davide Bais (EOLO-Kometa Cycling Team) não deu hipóteses aos restantes, subindo ao lugar mais alto pódio após 218 quilómetros entre Capua e Gran Sasso d’Italia. Os favoritos à geral chegaram no mesmo grupo, sem grandes mudanças na luta da Maglia Rosa.
Para delícia dos fãs, a etapa 8 veio quebrar a monotonia daquilo que era a luta pela geral. Andreas Leknessund tentou escapar do pelotão, obrigando o grupo dos favoritos a mexer na corrida. Rapidamente, um grupo com nomes como Leknessund e Evenepoel chegou a ter vantagem sobre o pelotão. Logo de seguida, formou-se a fuga, que incluía o vencedor desta etapa, Ben Healy (EF Education-EasyPost).
Para além do solo espetacular do irlandês, também houve ação entre os favoritos! Lennard Kämna (BORA-hansgrohe) fez a delícia dos espectadores, ao abrir caminho para um ataque, seguido de perto por Primož Roglič e Leknessund. Para surpresa de muitos (ou não), Evenepoel não conseguiu responder, perdendo posição em relação ao seu maior rival, Primož Roglič. João Almeida conseguiu recuperar a posição, mas não o suficiente para acompanhar o primeiro grupo, chegando à linha de meta acompanhado por Evenepoel. Com esta movimentação, Roglič, Geraint Thomas e Tao Geoghegan Hart (INEOS Grenadiers) conseguiram ganhar 14 segundos aos restantes favoritos à Maglia Rosa. Já Leknessund mostrou a força derivada da Maglia Rosa, mantendo o seu primeiro lugar.
A semana terminou com um contrarrelógio, com o mesmo desfecho da 1ª etapa. Remco Evenepoel foi o vencedor da etapa, passando a envergar, novamente, a Maglia Rosa. Remco Evenepoel pode ter conseguido a vitória na etapa, mas a INEOS Grenadiers foi, sem dúvida, a grande vencedora do dia, com Geraint Thomas e Tao Geoghegan Hart a conquistarem o 2º e 3º lugares na etapa, respetivamente. Primož Roglič minimizou perdas, ficando apenas a 16 segundos de Remco Envenepoel, enquanto que João Almeida finalizou o dia na 9ª posição, ficando a 35 segundos do atual Maglia Rosa.
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