Ao contrário de todo o dia de ontem, os primeiros quilómetros da etapa 9 do Giro foram percorridos a alto ritmo, isto porque a batalha pela fuga foi intensa entre diversas equipas. Os ataques e contra-ataques foram-se sucedendo, e a anarquia no pelotão foi tal que até o camisola rosa, Andreas Leknessund (Team DSM) tentou imiscuir-se no grupo da escapada. Os alarmes soaram nas equipas que lutam pela geral, de tal forma que, momentaneamente, um grupo com nomes como Leknessund e Evenepoel chegou a ter uma dezena de segundos de vantagem sobre o pelotão.
Já com a situação mais tranquila, um quarteto composto por Ben Healy (EF Education-EasyPost), Carlos Verona (Movistar), Valentin Paret-Peintre (AG2R Citroën) e Derek Gee (Israel-Premier Tech) conquistou uma ligeira vantagem. Atrás, os ataques continuavam a suceder, com a formação de um grupo intermédio que incluía Samuele Battistella (Astana Qazaqstan), François Bidard (Cofidis), Alessandro Tonelli (Green Project-Bardiani CSF-Faizanè), Alessandro Iacchi (Team Corratec-Selle Italia), Filippo Zana (Jayco-AlUla) e Mattia Bais (EOLO-Kometa). Oscar Riesebeek (Alpecin-Deceuninck) rodava isolado atrás do grupo intermédio, mas conseguiria a junção à frente da corrida pouco depois dos seis à sua frente também o terem feito. A fuga do dia estava assim encontrada.
A distância entre o pelotão e o grupo da dianteira foi aumentando paulatinamente nos quilómetros seguintes, até porque o percurso não apresentava dificuldades relevantes na sua fração intermediária. Com a aproximação dos últimos 55 quilómetros da etapa, e das três duras subidas que se iriam apresentar ainda pela frente dos corredores, a vantagem dos 13 elementos da frente cifrava-se em cerca de 5 minutos.
Na primeira ascensão do I Cappuccini (2,8 km a 7,9% de inclinação), Healy não foi de demoras, e rebentou por completo com o grupo onde estava inserido. Rapidamente conseguiu 1 minuto de vantagem sobre quem mais diretamente o perseguia, Verona, Gee, Barguil, Zana e Bais, no entanto não ficaria por aqui. No pelotão, ninguém ousou atacar, mas o ritmo tinha aumentado substancialmente, imposto sobretudo pela INEOS Grenadiers e pela Jumbo-Visma. O cenário manteve-se o mesmo na subida seguinte, Monte delle Cesane (7,8 km a 6,5% de inclinação), com exceção da vantagem de Healy sobre o primeiro grupo perseguidor, que ia aumentando.
Com uma última passagem tranquila por I Cappuccini, Healy rolou imperialmente em direção à meta, finalizando a etapa ao fim de 4:44:24 h. A 1:49 minutos, e ao sprint, Gee (2º) bateu Zana (3º) e os restantes antagonistas para assegurar um lugar no pódio. Já no pelotão, assistimos, pela primeira vez nesta Volta a Itália, ao frente-a-frente entre os principais favoritos. Foi Lennard Kämna (BORA-hansgrohe) a abrir as hostilidades, levando na sua roda Primož Roglič (Jumbo-Visma) e Leknessund. Evenepoel não conseguiu responder prontamente e cedeu alguns metros, na companhia de João Almeida (UAE Team Emirates) e Geraint Thomas (INEOS Grenadiers). Perto do topo, Roglič já se tinha livrado de todos, mas era seguido de perto por Thomas e Geoghegan Hart (INEOS Grenadiers), que, entretanto, tinham já deixado Evenepoel. Na meta, o balanço final entre Roglič, Thomas e Geoghegan Hart e os restantes adversários foi de 14 segundos.
Na classificação geral, Leknessund mantém-se na liderança, agora com apenas 8 segundos de vantagem sobre Evenepoel, e 38 segundos sobre Roglič, que ascendeu à terceira posição. Almeida segue no quarto lugar, a 40 segundos da liderança.