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Entrevista Tiago Antunes: “Não quero ser apenas o melhor português“

Começou o ano de 2021 com o pé direito, acumulando resultados bastante interessantes nas provas do calendário português que se realizaram no último mês. Terminou em 10º lugar na Prova de Abertura, esteve muito próximo da vitória na Clássica das Aldeias do Xisto, onde apenas foi batido por Jóni Brandão e terminou no quarto posto da Clássica da Arrábida, prova internacional UCI onde foi o melhor corredor português. A propósito do resultado alcançado no passado domingo, Tiago é claro: “não quero ser apenas o melhor português“. Admite ainda que “os resultados estão a aparecer e isso ajuda a aumentar a motivação para o futuro”. E o futuro mais próximo é mesmo a Volta ao Algarve, prova que tem início já amanhã, dia 5 de Maio, mas o calendário de objectivos do bombarrelense passa também pelo Troféu Joaquim Agostinho, “a corrida da terra e onde gostava de triunfar”, e pela estreia na Volta a Portugal onde conta estar na ajuda ao colega Joaquim Silva.

Tiago no pódio da Clássica Aldeias do Xisto.
Foto: Twitter da equipa Tavfer-Measindot-Mortágua

A propósito da ‘Algarvia’, Antunes reconhece que a mudança da corrida no calendário (de finais de Fevereiro para início de Maio) “permite ao pelotão nacional ter mais quilómetros em treino e em competição”, podendo alterar a perspectiva dos atletas das equipas portuguesas em relação ao que podem fazer na única competição lusa inserida na ProSeries, o escalão logo abaixo das provas World Tour. “Para além disso, o pelotão que se vai apresentar no Algarve parece ser um pouco mais acessível no que respeita à classificação geral”, atira Antunes, que considera um “muito bom resultado se terminar entre os dez ou quinze primeiros [da CG]”.

No que toca ao percurso, Tiago Antunes não tem dúvidas de que “subidas curtas e explosivas como o Malhão se adequam mais” às suas características. A sua estratégia passará por “passar na Fóia com os melhores”, no dia do contra-relógio o seu foco será “limitar as perdas” e na quinta e última etapa, com a dupla passagem pelo Alto do Malhão, “tentar fazer a diferença e ganhar algum tempo”.

A Tavfer-Measindot-Mortágua parte para o Algarve com objectivos em várias frentes, admite Antunes. “O Leangel [Linarez] e o Iúri [Leitão] vão discutir as etapas ao sprint” e para a classificação geral a equipa tem também Joaquim Silva, para além do próprio Tiago Antunes. Para decidir a liderança será determinante a etapa com chegada à Fóia, já que “esse dia vai permitir perceber quem estará em melhores condições para lutar pela geral, eu [Tiago Antunes] ou o Joaquim [Silva]”.

Luta ao sprint com Rémy Mertz na Clássica da Arrábida.
Foto: Twitter de Tiago Antunes

Analisando a lista provisória de participantes, Tiago não tem dúvidas em apontar dois favoritos à classificação geral: Lennard Kamna (BORA-hangrohe) e Rui Costa (UAE Team Emirates). “Se vier para discutir a corrida, [Lennard] Kamna será o principal favorito pela excelente capacidade contra o relógio que tem”, admite Tiago Antunes, acrescentando que “não podemos esquecer a grande forma que o Rui [Costa] apresentou há poucos dias no Tour de Romandie”. Noutro nível de favoritismo aponta ainda a dupla da W52 FC Porto, Jóni Brandão e Amaro Antunes, avisando para os descuidos que por vezes acontecem em relação “aos ciclistas sempre combativos das formações profissionais continentais espanholas”.

Recorde-se que as primeiras pedaladas de Tiago foram em Portugal, na equipa da sua região, a União Desportiva do Oeste, de há uns anos para cá com a chancela da Sicasal. Foram esses anos e também as temporadas que fez no estrangeiro, principalmente na SEG Racing Academy, que o colocaram no radar dos adeptos de ciclismo nacional e internacional. Um percurso que ainda não saiu dos horizontes de Tiago Antunes que aposta forte na presente temporada para se lançar novamente para a esfera internacional do ciclismo, de onde sente que não devia ter saído.

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