António Morgado assinou hoje, do outro lado do mundo, um dos capítulos mais gloriosos do ciclismo nacional, conquistando a quarta medalha da história de Portugal nos campeonatos do mundo de estrada. Depois de ter “obrigado” os portugueses a um serão mais prolongado, o vice-campeão do mundo de juniores falou-nos sobre a corrida.
Num misto de orgulho pelo resultado obtido e frustração por ter visto o ouro fugir-lhe entre os dedos, Morgado confessou que trabalhou todo o ano de olhos postos neste mundial. “Agora que já tive tempo de descontrair estou muito feliz com o resultado. Foi uma boa época, teria sido perfeito se tivesse ganho hoje, mas foi uma boa época.”
Depois de perder taco-a-taco no sprint final para o alemão Emil Herzog, o português olhou para o desenlace da corrida: “O sprint final era mais complicado. O Herzog estava muito forte e o sprint era ligeiramente a descer e eu prefiro sprints com ligeira inclinação, não me favorecia.”
Tendo assumido uma estratégia super-ofensiva, muito elogiada pelos adeptos que assistiram à corrida, foi assim que explicou a corrida vista desde dentro: “Eu logo na primeira, segunda volta vi que estava forte, e achei que outros dos favoritos não estavam tão bem e que queriam uma corrida mais lenta. Tentei endurecer desde cedo, fiz o meu trabalho, mas quando cheguei ao fim houve alguém mais forte.” e sublinhou também as questões climatéricas: “Eu adoro correr com chuva, frio, gosto dessas condições e felizmente foi algo que também esteve do meu lado”.
Depois de uma época onde foi um dos melhores do mundo, o “segredo” do sucesso divide-se entre a paixão e o trabalho duro “Dediquei a minha vida ao ciclismo, gosto do que faço, adoro andar de bicicleta. Acho que por agora tem sido essa a chave do sucesso”
Na próxima temporada, na sua estreia no escalão de sub-23, as cores serão as da Hagens Bermans Axeon, mas só para o ano é que o atual campeão nacional de estrada e contrarrelógio se pretende preocupar com isso “Espero estar preparado, mas vamos ver, só para o ano é que obterei essas respostas. Vou continuar a trabalhar e ver como é que corre”
Com todos estes êxitos, as comparações com João Almeida, ambos das Caldas, são inevitáveis. Mas Morgado descarta comparações e só guarda os melhores elogios para o vizinho: “o nível do João Almeida está ao alcance de poucos, é um nível completamente acima. Se algum dia conseguir chegar sequer perto dele será um orgulho”.
A seleção portuguesa de juniores deixa a Austrália no dia de sábado, esperando-se uma grande recepção ao mais recente medalhado português em Mundiais.