A campeã do mundo está nomeada para melhor atleta feminina do ano 2021 para os prémios Laureus. Foi nessa qualidade que deu uma entrevista na primeira semana de Março, onde o tema da retirada do ciclismo profissional no final da presente época foi predominante, mas não faltaram também as questões relacionadas com a evolução do ciclismo feminino e sobre o que esperar para este último ano como profissional.
Prémios no ciclismo feminino
A questão dos prémios monetários, que marcou as últimas semanas na discussão entre os fãs nas redes sociais, foi algo que a atual dupla campeã mundial não quis dar muita importância. “Normalmente não vejo esses números” e preferiu realçar as coisas boas que estavam a acontecer no desenvolvimento do ciclismo feminino e valorizar outros pontos como o crescimento do calendário e, no caso particular da Omloop Het Nieuwsblad, o facto “da corrida desta vez ter transmissão televisiva”. Anna partiu mesmo em defesa dos organizadores, “devemos destacar os pontos que queremos evoluir, mas com respeito pelos organizadores e as pessoas que tentam fazer o seu melhor”.
“Não basta apontar o dedo aos organizadores que os prémios não são justos. Temos de perceber todos os problemas que eles estão sujeitos na hora de organizar uma corrida”
A retirada e o futuro como diretora desportiva
A neerlandesa que começou o ano em grande com a vitória na prova belga referida anteriormente apontou que os jogos olímpicos de Toquio são o objetivo primordial, e que a responsabilidade de defender o título conquistado no Rio é algo “realmente especial e excitante, espero estar no topo da minha forma e ter uma boa corrida”.
O ano de 2021 marcará a saída de Anna Van der Breggen do ciclismo profissional, abraçando o papel de diretora na sua atual equipa, a SD Worx, algo “que me deixa muito feliz por poder continuar ligado ao ciclismo feminino, porque neste momento estão a acontecer coisas muito interessantes”. Mas a decisão de abandonar parece estar bem firmada e um passo atrás “não é impossível, mas é muito improvável”, até porque não só o factor desportivo está na equação, mas também o desejo de constituir família neste momento.
“O ciclismo feminino está em tremenda evolução, fico feliz de poder continuar a fazer parte deste mundo”
Uma retrospetiva da carreira
Convidada a reviver os melhores momentos da sua carreira o duplo título mundial do ano passado “foi algo muito especial”, mas nem sempre as corridas maiores são as que sabem melhor, cada corrida tem a sua própria história e todas têm pontos importantes. Por exemplo vencer os campeonatos nacionais do Países Baixos foi muito marcante “porque não estava nada à espera de discutir a corrida”. A neerlandesa tem um dos palmarés mais impressionantes do ciclismo feminino onde se destacam o recorde de vitórias da Fleche Wallone, com um total de seis triunfos, dois títulos do Giro, duas Liège-Bastogne-Liège, dois títulos mundias de fundo, um de contrarrelógio, duas Voltas à Califórnia e um título olímpico.
Refletindo sobre o seu papel como “embaixadora” do ciclismo feminino é algo que cresce com a evolução da carreira, “quando começas só pensas em ser ciclista”, apenas com o passar dos anos e com a experiência se percebem as diferenças “mas o ciclismo feminino e masculino são diferentes, não adianta dizer que vamos dar tudo igual às mulheres como têm os homens, porque de certeza que isso não vai funcionar”, mas a evolução está a acontecer “e há cada vez mais pessoas a trabalhar nisso”.
A Portuguese Cycling Magazine agradece o convite à Laureus World Sports Awards Limited para estar presente no evento online de entrevista a Anna Van der Breggen e a disponibilização da transcrição de todas as perguntas.