De 26 de fevereiro a 1 de março, Berlim recebeu a edição de 2020 dos Mundiais de Pista. Nem a ameaça do corona vírus fez parar a festa e a capital alemã recebeu um festival de ciclismo espetáculo com uma portuguesa entre as estrelas do torneio.
Maria Martins faz história
Pela primeira vez, há uma portuguesa medalhada em Mundiais de Elite. Sem surpresas, o feito coube a Maria Martins, a estrela em ascensão do ciclismo nacional, que confirmou todo o seu potencial com uma exibição de gala nestes Mundiais.
No scratch, a portuguesa não se deixou surpreender durante os vários quilómetros da prova e conseguiu entrar no sprint final bem colocada, tendo depois a velocidade de ponta para terminar com um belo terceiro posto e conquistar a medalha de bronze.
Nova performance de qualidade foi apresentada no omnium. Destacou-se especialmente no scratch e na eliminação e concluiu na geral com um quarto posto, a somente oito pontos do podium.
Além destes resultados impressionantes, a sua exibição garante também uma vaga para os Jogos Olímpicos onde, como se viu, pode estar na luta por nos dar mais alegrias.
O triplete de Emma Hinze
A correr em casa, a germânica foi a estrela maior dos Mundiais de Berlim, vencendo nas três provas em que participou, somando assim três medalhas de ouro.
A velocista de 22 anos conquistou as suas primeiras individuais em Mundiais (tinha já um bronze por equipas) e logo com desempenhos autoritários que lhe valeram o ouro no Keirin e no Sprint. Coletivamente, foi peça chave para a Alemanha ascender ao topo também no Sprint por equipas.
Ganna e Dygert na senda dos recordes
Na Perseguição Individual, caíram ambos os recordes mundiais, com Ganna e Dygert a levarem para casa não só as medalhas de ouro como novos melhores tempos, batendo os recordes que já lhes pertenciam.
Entre os homens, o italiano bateu o recorde do mundo nas qualificações e na final derrotou Ashton Lambie sem margem para dúvidas. Em menos de dois anos, o americano primeiro e Ganna depois, pulverizaram um recorde que tem agora quase 9 segundos a menos que o tempo de Bobridge que vigorou por mais de seis anos.
Já Dygert melhorou o seu próprio recorde em mais de três segundos. Primeiro melhorou-o nas qualificações e seguiu para a final para enfrentar Brennauer, que também havia feito um tempo melhor que o anterior máximo mundial, e voltou a arrasar, conquistando a camisola arco-íris e voltando a mostrar-se imponente.
O declínio britânico
Totais dominadores nos últimos dois ciclos olímpicos, os britânicos não têm, desta feita, grandes motivos para sorrir a poucos meses de Tóquio 2020.
No final do evento, os ciclistas britânicos somaram apenas quatro medalhas e um conjunto de exibições bem aquém do esperado, com especial nota para a perseguição por equipas masculina. Aquela que foi em tempos a disciplina rainha para os pistards britânicos revelou-se agora um pesadelo, com um mero sétimo posto na qualificação e ficando de fora na primeira ronda, com dois tempos bem distantes dos novos recordes do mundo que a Dinamarca estabeleceu na mesma prova.
O brilhantismo ficou reservado para Elinor Barker, que deu ao Reino Unido o único ouro de Berlim com uma corrida por pontos perfeita em que deu duas voltas ao grupo principal e terminou com 5º pontos, mais 16 que Valente, que terminou com a prata.
Oliveiras ficam em casa
Se Maria Martins nos encheu de orgulho e alegria, da participação masculina não se pode dizer o mesmo. Depois de anos de bons resultados que nos fizeram sonhar, os gémeos Oliveira nem sequer terão a possibilidade de competir em Tóquio.
Entre várias lesões e um sistema de qualificação aberrante, os bons resultados que foram aparecendo não foram suficientes para garantir um lugar nas Olimpíadas, pelo que tudo estava dependente das exibições em Berlim.
Mas, no grande palco, os portugueses não lidaram bem com a pressão. Ivo Oliveira foi somente oitavo na perseguição individual em que em tempos foi dos melhores e Iuri Leitão até somou um positio nono no scratch, mas em onjunto não foram além do 14º em madison e João Matias fechou 17º em omnium.