Chris Froome venceu quatro vezes a Volta a França, duas vezes a Volta a Espanha e uma vez a Volta a Itália, entre muitas outras conquistas, mas aos 37 anos já está afastado dos seus melhores tempos. Ainda assim, depois da grave queda em 2019 e, mais recentemente, de ter abandonado o Criterium du Dauphiné devido a doença, a lenda britânica conseguiu recuperar a tempo do seu 10.º Tour e demonstrar que ainda possui uma incrível capacidade de recuperação. Numa entrevista concedida aos media, Froome contou-nos, pelas suas palavras, os pormenores acerca desta primeira semana de Tour.
Sobre aquilo que já passou da prova francesa, o próprio refere que “este primeiro período da corrida tem sido duro e senti algumas dificuldades de saúde, mas estou melhor. Em particular, a etapa no empedrado foi difícil, ainda assim está tudo a estabilizar. A corrida tem sido a típica para uma primeira semana de Tour, com muito stress, quedas e luta para chegar à frente.” Quando fala, Froome pensa sobretudo na sua equipa, a Israel-Premier Tech, que viveu um dos momentos mais altos da sua existência aquando da vitória de Simon Clarke na etapa do empedrado (etapa 5, entre Lille e Wallers-Arenberg): “Foi uma experiência incrível seguir a situação toda pelo rádio, sabendo que ele estava a chegar perto da meta e ouvir todo o incentivo que lhe foi dado, para dar tudo, aproveitar esta oportunidade única e conseguir vencer a etapa.”
O ex-vencedor do Tour relata as emoções vividas depois da vitória: “Saber que ele tinha conseguido foi espetacular, principalmente para a Israel-Premier Tech e para aquilo que significa para esta equipa no seu 3.º Tour de France da história. É uma equipa jovem e ter uma vitória em etapa, ainda por cima numa etapa épica, significa muito para toda a equipa e para o projeto. Estamos a correr para consciencializar os outros para determinadas mudanças e estas vitórias também ajudam muito“, referindo-se à campanha ‘Field of Dreams‘ para construir um centro de ciclismo no Ruanda.
Naturalmente, a vitória alcançada logo na primeira semana do Tour impactou positivamente o moral da equipa: “Esse momento levantou-nos a todos. Mostrou quem somos e que queremos lutar pelas etapas e por mais vitórias. O nosso maior objetivo era vencer uma etapa no Tour e o facto de ter sido feito logo na primeira semana tirou-nos imensa pressão”. Mas nem tudo tem sido um mar de rosas para a equipa israelita. À 9.ª etapa, enquanto estava em fuga, Michael Woods sofreu uma queda aparatosa e Froome elogia a resistência tanto dele como dos seus colegas de profissão: “São realmente poucos os desportos onde é possível vermos os desportistas a chegarem à linha da meta cheios de sangue, com feridas abertas e tudo o mais. É mesmo muito difícil”.
A Israel-Premier Tech não foi a única equipa afetada pelas quedas e o antigo campeão do Tour compreende como poucos o “jogo de sorte e azar” que muitas vezes influencia o curso das grandes voltas: “As quedas são sempre uma lotaria e as várias que aconteceram no empedrado foram realmente uma grande infelicidade para todos e nomeadamente para alguns dos homens da geral. É sempre importante verificar quem é que consegue sobreviver a essas situações. Por exemplo, foi uma infelicidade ver o Primož Roglič numa das quedas, nesse dia. Por outro lado, foi possível ver o Jonas Vingegaard subir o patamar e estar à altura dos acontecimentos, como um dos favoritos para vencer esta prova, e acredito que iremos ver muito mais dele. Até porque, provavelmente, se há alguém que poderá dar luta até ao fim ao Tadej Pogačar, esse alguém será ele.”
Apesar dos percalços, Froome faz um balanço positivo da primeira semana do Tour e olha já às oportunidades nas etapas montanhosas seguintes, pois sente-se cada vez melhor: “Vou ver aquilo que a estrada trará e espreitar alguma boa oportunidade que possa existir na corrida. Se as pernas corresponderem bem, certamente tentarei aproveitar da melhor forma. Até agora, as pernas sem dúvida que têm correspondido bem, apesar de inicialmente não me ter sentido muito bem.” Tal como a equipa, Froome está “a correr uma etapa de cada vez e a aproveitar o melhor de cada situação.”
O que pode Chris Froome fazer ainda nesta edição do Tour? Estaremos cá para ver…!
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