João Almeida está na luta pela vitória no Giro d’Italia, ao mesmo tempo que enverga a camisola branca da juventude. Recordamos que à partida para a 8ª etapa deste Giro, João Almeida deixou uma mensagem aos adeptos portugueses em que declarou que o seu objetivo principal era o pódio final. Cerca de uma semana mais tarde, o português está precisamente no 3º lugar da classificação geral: “Estamos junto dos melhores, e perto da liderança também, por isso estamos no sítio ideal”.
No sábado, os acontecimentos sucederam-se rapidamente após o aumento de ritmo da Bora Hansgrohe e quando a transmissão televisiva conseguiu obter imagens do João Almeida, já ele batalhava para fechar o espaço. O ciclista português explica o que aconteceu nesse momento: “A Bora começou cedo com um passo alto, com a equipa toda na frente, logo depois da fuga se ter dado. Eu estava um bocadinho mais para trás também, não estava exatamente na frente, num momento de abastecimento”. Aí começou a recuperação: “Fui apanhado no meio do pelotão, houve ali um pequeno corte, depois os meus colegas tiveram de me ajudar a fechar o espaço e de seguida fiz a ponte… foi um pouco difícil, mas consegui”. Após a reentrada no grupo, começaram as dificuldades nas descidas, uma situação que não preocupa João Almeida: “Considero-me um bom “descedor”, mas era uma descida muito perigosa e fiz um erro ou dois a seguir o Pozzovivo, devido aos buracos que estavam no chão”. A perda do ponto de referência foi quando “tudo começou a correr mal”.
Na etapa de ontem, a UAE Team Emirates assumiu as rédeas do ritmo do pelotão por momentos e João Almeida clarifica o objetivo dessa ação: “Depois da etapa de sábado, domingo podia ser um dia em que alguém estivesse a passar mal, vi alguns adversários um pouco justos e fui falar com os meus colegas para aumentar o ritmo na frente”. Contudo, o cansaço limitaria também a capacidade desses colegas, que fizeram o que podiam.
Em relação às condições meteorológicas, como bom português, João Almeida prefere o sol e o bom tempo, mas mostra-se preparado para lidar com a chuva que está prevista para esta última semana de Giro: “No final acaba por ser igual para todos, sofre-se mais um bocadinho”. Assim como Richard Carapaz, Almeida admite não ter reconhecido as etapas desta última semana e considera particularmente decisiva a 20ª etapa: “Acho que se chegar bem à etapa de sábado, que acaba no Passo Fedaia, será uma etapa boa para mim”.
Isso significa que veremos João Almeida ao ataque? “No caso de ter boas pernas, gostaria de passar a um modo de ataque”, mas há que também considerar a força dos adversários, que apresentam coletivos fortes. Contudo, o ciclista português mostra total confiança nos seus companheiros: “Eles estão todos em redor de mim, para me ajudarem no que for preciso. A colocação no pelotão é o mais importante, depois na parte final já é cada um por si”.
À partida para o contrarrelógio final, João Almeida é um dos mais fortes candidatos a ganhar tempo à concorrência e considera que poderá ganhar até “30 segundos, que é aquilo que tenho agora de diferença”. Contudo, ele propõe-se a fazer a sua corrida: “Vou tentar chegar ao contrarrelógio com a mais pequena diferença e ganhar o máximo que conseguir”.
“Erros todos fazem e ninguém é perfeito”. Estas são as palavras de João Almeida, quando confrontado com os comentários menos positivos que alguns adeptos espalham nas redes sociais durante a corrida. “Isso pouco interfere comigo”, confessa o atleta português, que deixa também um recado: “O povo português gosta muito de se meter em tudo e dar a sua opinião em relação a tudo, falar de fora é sempre fácil, mas fazer o que os outros fazem muitas vezes não conseguem”. Ainda assim, João prefere valorizar todo o apoio que tem recebido: “Estou muito agradecido pelo vosso apoio e sem dúvida vocês fazem uma grande diferença na minha motivação”.