Segue o nosso podcast diário de acompanhamento do Tour de France
A mais importante competição do calendário internacional está prestes a começar e, como tal, a Portuguese Cycling Magazine não poderia deixar de fazer uma antevisão, depois da versão em podcast, aos 21 dias em que os melhores ciclistas do mundo irão percorrer as estradas francesas (e, este ano, dinamarquesas) em busca da icónica camisola amarela.
Depois de um Giro d’Italia desapontante, espera-se que o Tour compense com muito espetáculo e, olhando para o percurso, não vai faltar terreno para isso. O traçado desta edição é pouco amigo dos velocistas, que, depois da 4ª etapa, não terão muito mais oportunidades para disputar vitórias. Os sprints intermédios desempenharão, assim, um papel ainda mais importante na luta pela camisola verde, pelo que a sua colocação antes das principais montanhas das etapas mais duras antecipa inícios de corrida supersónicos.
Quanto à montanha, o percurso é bastante interessante, apesar de faltar uma etapa rainha à moda antiga, onde o endurance dos atletas tivesse um papel mais importante. Dito isto, a ter de eleger uma etapa rainha, diria que a etapa 11 bate a etapa 12 no photo finish, com a combinação de três subidas emblemáticas – Télégraphe, Galibier e Granon – e um futuro clássico – Lacets de Montvernier. Apesar de tudo, a etapa que gera mais expetativas é a do empedrado, especialmente depois das performances de Tadej Pogačar na última temporada de clássicas. De notar também a presença de um contrarrelógio com mais de 40 quilómetros de extensão – o mais longo desde 2012 -, que aparece no penúltimo dia de competição e, esperamos nós, seja decisivo na definição do vencedor final.
Mais importante do que o percurso das etapas são os corredores que as disputam. Nesta edição da Grande Boucle, há três corredores que se destacam claramente, pelo menos no que diz respeito à luta pela vitória final. São eles Pogačar, bicampeão do Tour e considerado por muitos o melhor ciclista do mundo, e o duo da Jumbo – Visma, Primož Roglič e Jonas Vingegaard. O jovem esloveno já bateu ambos os rivais individualmente, mas a multiplicidade de opções táticas de que Roglič e Vingegaard irão dispor, assim como a força do coletivo holandês, fazem-nos antecipar um dos maiores duelos dos últimos anos.
No entanto, a luta pela maillot jaune não se resume a este trio. Corredores como Daniel Martínez, Ben O’Connor, Aleksandr Vlasov ou Enric Mas já provaram ter capacidade para se intrometer nestas contas e, se as circunstâncias lhes forem favoráveis, terão uma palavra importante a dizer quanto ao vencedor final.
QUERES FICAR A PAR DE TUDO SOBRE O TOUR DE FRANCE? SUBSCREVE A NOSSA NEWSLETTER DIÁRIA
Relativamente às classificações secundárias, a menos aberta será a classificação da juventude, onde a vitória deverá sorrir a Pogačar. Na classificação dos pontos, Wout van Aert parte com algum favoritismo, mas as suas ambições podem ser condicionadas para estar ao serviço dos líderes da equipa. Por outro lado, e uma vez que os sprints intermédios das etapas de montanha se encontram quase sempre antes das dificuldades, velocistas puros como Fabio Jakobsen, Jasper Philipsen ou Caleb Ewan podem sair beneficiados face a corredores como van Aert, Peter Sagan, Michael Matthews ou até Mads Pedersen. Por sua vez, a camisola da montanha é, como sempre, a maior incógnita: Pogačar venceu em 2020 e 2021 e, com a quantidade de chegadas em alto desta edição, volta a ser um candidato, mas nomes como Romain Bardet, Thibaut Pinot, Nairo Quintana ou Geoffrey Bouchard – que, em estreia no Tour, pode completar a tripla de camisolas de montanha em grandes voltas – poderão ter a camisola das bolinhas como objetivo e estragar os planos ao esloveno.
Para fechar, restam apenas duas notas: primeiro, a luta pela primeira camisola amarela, no prólogo de Copenhaga, onde Wout van Aert, Stefan Küng, Mathieu Van Der Poel, Stefan Bissegger e Filippo Ganna são os maiores candidatos. Ainda assim, os homens da casa estarão certamente galvanizados pelo apoio do público, pelo que não se pode descartar uma surpresa de alguém como Jonas Vingegaard, Mikkel Bjerg, Magnus Cort, Mads Pedersen ou Kasper Asgreen. Finalmente, alguns corredores que ainda não foram referidos, mas que vamos manter debaixo de olho durante as três semanas de competição: Danny van Poppel – parte como sprinter da BORA, que decidiu deixar Sam Bennett em casa -, Hugo Hofstetter – apesar de Quintana ser a melhor opção da Arkéa na luta por uma etapa, o francês tem feito uma época notável e pode surpreender -, Tim Wellens – a Lotto Soudal está em risco de despromoção, o que faz com que o belga e o seu companheiro Ewan partam com grandes responsabilidades para o Tour -, Rúben Guerreiro – o cowboy de Pegões está em excelente forma e vai em busca de uma vitória de etapa, que seria a primeira de um ciclista português desde 2013 – e a equipa da Bahrain – Victorious – depois de no último ano Matej Mohorič ter mandado calar os críticos na sequência de uma rusga à equipa, veremos como Jack Haig e companhia irão responder este ano.
No Comment